LAH1954

um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

ALMOÇO DOS FINALISTAS DE HÁ 53 ANOS DO LICEV ALEXANDRE HERCULANO – 1 - Uma postagem de Rui Abrunhosa

Foi no dia 20 de Outubro. Manhã de sol cristalino e céu azul profundo.

Almoçamos com o Dr. António Augusto Lopes.

Momentos de júbilo, bem estar , alegria, paz, saudade, esperança!...

Porque será?!...

Recebidos, com ternura, pelo Januário, Moreira e Carlos de Sousa que, como habitualmente, se incumbem de organizar estes Encontros.

Vieram muitos, mesmo de longe, alguns com suas Esposas e dois com Netos.

O Dr. António Augusto Lopes apresentou interessantíssimas e muito profundas reflexões. Quer pelos que lá estiveram quer pelos que o não ouviram, vale a pena lê-las. O Moreira digitalizou e distribui – logo antes do Natal – o manuscrito de tão original criação filosófica por um Matemático. E que o seu Autor - como em anos anteriores – teve a gentileza de nos dar . Exactamente!.... DAR . Foi o que estes Homens e Mulheres daqueles tempos sempre fizeram : DAR. Sempre lhes ouvimos dizer “vou DAR uma aula” , “estive a DAR uma aula” … DAVAM e DAVAM-SE. Chove no Coração de Portugal… agora, com alta frequência vendem-se, vendem aulas - baratuchas …- curvo-me respeitoso perante os que enquanto educadores se deram e deram , sem nunca pedir nada em troca, como também me curvo ante os que, enquanto minorias, hoje, também hoje, ainda hoje, têm a coragem de o fazer, mesmo quando, diariamente, lhes escarram na cara!! Coitadito do Portugalito …

Aproveito o ensejo para sugerir ao Dr. António Lopes, a título de singelo cumprimento, que releiamos, a seguir, a

POESIA MATEMÁTICA

De

MILLÔR FERNANDES

Às folhas tantas

Do livro matemático

Um Quociente apaixonou-se,

Um dia,

Doidamente,

Por uma Incógnita.

Olhou-a com o seu olhar inumerável…

E viu-a, do Ápice à Base.

Uma figura Ímpar;

Olhos rombóides, boca trapezóide,

Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua

Uma vida

Paralela à dela.

Até que se encontraram

No infinito.

“Quem és tu?” indagou ele

Com ânsia radical.

“Sou a soma dos quadrados dos catetos.

Mas pode chamar-me de Hipotenusa.”

E de falarem descobriram que eram

- O que, em aritmética, corresponde

A almas irmãs –

Primos-entre-si.

E assim se amaram

Ao quadrado da velocidade da luz

Numa sexta potenciação;

Traçando

Ao sabor do momento

E da paixão

Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas

E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.

E, enfim! resolveram casar-se.

Construíram um lar.

Mais do que um lar,

Uma perpendicular.

Convidaram para padrinhos

O Poliedro e a Bissectriz.

E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro,

Sonhando com uma felicidade

Integral

E diferencial.

E casaram e tiveram uma secante e três cones

Muito engraçadinhos

E foram felizes

Até àquele dia

Em que tudo, afinal,

Vira monotonia.

Foi então que surgiu

O Máximo Divisor Comum

Frequentador de Círculos Concêntricos.

Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,

Uma Grandeza Absoluta,

E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu

Que com ela não formava mais Um Todo,

Uma Unidade. Era o Triângulo,

Tanto chamado amoroso.

Desse problema ela era a fracção

Mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a relatividade

E tudo o que era espúrio passou a ser

Moralidade

Como, aliás, em qualquer

Sociedade.”

Millôr Fernandes

E mais diz o Rui Abrunhosa…

Recolhi de : “«Jornal de Poesia» - Millor”

http://www.revista.agulha.nom.br/millor.html

Rui Abrunhosa

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Nota do transcritor:

Boa malha, Rui! Esta – por muito ordinário que seja o apossamento (o que está na origem da velhíssima expressão do “possuído e mal remunerado”) – vai também para ao meu blogue! Aliás recorda-me uma “poesia química” de um autor francês de SF, cujo nome (e a correcta e não, como agora, duvidosamente relembrada poesia) procuro localizar de há muito… sem a encontrar e que, salvo erro grosseiro, dizia qualquer coisa como isto::

“O jovem C2H2

Enamorou-se da jovem H2

E depois de meses de amor ardente

Nasceu C2H4”

Postado por ZM
.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial