O "Prelúdio" e o "Clube do Cinema" no nosso LAH
Do meu próprio "blog" transcrevo, com a devida vénia ao Autor, as postagens de 14 de Fevereiro, 30 de Março e 8 de Abril de 2006 sobre o nascimento do "Prelúdio" e que também referem o "movimento cinematográfico" no nosso LAH:
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I
Começo por afirmar, em dizer escarrapachado na minha própria cara, que me estou a comportar como um candidato foleiro em vésperas de eleições, tendo caído naquilo em que não costumo cair - isto é, fazer promessas - e tendo como certo descumpri-las, invocando "uma modificação das circunstâncias". O facto é que prometi responder ao desafio da postagem anterior a esta "dentro de escassas horas"; o facto é, também, que não vou responder, ou melhor, que vou atrasar a resposta e as "escassas" passarão até a ser "sobejas". O facto é, ainda, que, ao fazer ligeiramente a promessa, me esqueci da interposição dum S.Valentim, o tal santo recém chamado pelo consumo a abençoar feromonas e (quando possível) lençois lavados, ele que até parece ter tido a existência meritória em pleno sec. III - o que também significa que me encontrei só perante tal presbítero e mártir, pisando este ano a novidade. Assim sendo, esqueci-me que havia de facto mais coisas a contar, nos entretantos e com prioridade, do que resultaria, também consequentemente, uma verdadeira conversa adiada para a promessa feita! Vamos pois ao que para hoje estava intencionado.
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Andava eu por terras de Arouca, prospectando o fundo local da Biblioteca, quando encontrei a primeira referência a um assunto que me dizia algo. Tratava-se de um trecho da nota biográfica dedicada a um dos maiores poetas portugueses contemporâneos na pag. 152 do album "Ao Encontro de Aveiro", editado pelo Governo Civil daquele distrito no ano da Graça de 2002 e que, palavras a menos, palavras a mais, dizia o mesmo que - é já coincidência ou armadilha dos fados - viria dias depois encontrar na "net", nos apontamentos biográficos da Editorial Caminho e do Instituto Português da Biblioteca e do Livro (ou do Livro e da Biblioteca). Diziam todos assim:
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"Manuel Alegre nasceu a 12 de Maio de 1936, em Águeda, onde fez a instrução primária. Durante os estudos secundários, no liceu Alexandre Herculano, no Porto, fundou, com José Augusto Seabra, o jornal "Prelúdio"..
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Li aquele borbotar coerente de diversas fontes e disse cá para comigo que alguém se tinha enganado e, como veremos, por duas razões que importaria chamar um dia, para que a história não ficasse algo distorcida e isso sem vantagem para quem quer que fosse. Meteram-se depois as eleições e não ficava bem levantar dúvidas no meio das tantas dúvidas que se puseram. Tinha, por certo, que o Dr. Cavaco não escrevera no "Prelúdio" e isso, então, bastava-me![1] Mas, numa ou em duas das biografias oficiais então divulgadas, lá veio o mesmo e reincidente pormenor. Havia pois que carregar no botão do "rewind", pôr a bobine a rodar ao contrário e contar um bocadinho da história do "Prelúdio", jornal dos alunos do Liceu Alexandre Herculano, do Porto, criado certamente ao abrigo da legislação que então (1953) o punha - pelo menos in nomine - sob a cobertura-cinto-S da designada MP (= "Mocidade Portuguesa") mas que, mesmo assim e mais pela qualidade dos tutores apontados que pela letra da lei, gozou nos seus dois primeirois anos de uma relativa aceitação.
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E urgia não só falar de "O Prelúdio", porque no Porto existiam dois liceus, o "Alexandre Herculano", onde durante muito tempo foram discentes nos dois últimos anos os destinados às "ciências e técnicas", e o "D. Manuel II" (antigo Rodrigues de Freitas), onde se agrupavam os das chamadas "letras", tudo arrumado pelas alíneas da disposição legal que nos etiquetava assim [2]. A "separação das águas" tinha lugar no terceiro ciclo, que nessa altura reunia o 6º e o 7º ano, pelo que pre-científicos e pre-letrados podiam conviver nas mesmas turmas de qualquer dos dois liceus até ao exame do 5º ano, inclusive.
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Na turma A do 4º ano do período lectivo 1950-1951 (e o 4º ano era um ano nem carne nem peixe, mas de cabulice terrível) fomos todos atacados pela "brotoeja da escrita". O José Augusto Seabra, que já não está connosco, era o nº 16 e redigia muito bem, o 17, que era eu, passava pela Biblioteca Municipal do Porto para escrever uma história da Grécia antiga, epigrafada "A Hélade", que nunca ultrapassou as primeiras linhas (apaixonado que fiquei com a história de Frineia), o Magalhães abordava corajosamente a autoria de um "Tratado das Fintas e Driblings", cujo primeiro capítulo pós- introdução (em que o Autor dissertava sobre a questão prévia essencial da obra, que era saber distinguir uma "finta" de um "dribling") tinha, recordo-me, o bem sonante e prometedor nome de "Da Finta à Inglesa". E foi assim que, penso que com uma sugestão do Manuel de Oliveira (não, não é o do cinema), nasceu "O Patascrito".
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Andava eu por terras de Arouca, prospectando o fundo local da Biblioteca, quando encontrei a primeira referência a um assunto que me dizia algo. Tratava-se de um trecho da nota biográfica dedicada a um dos maiores poetas portugueses contemporâneos na pag. 152 do album "Ao Encontro de Aveiro", editado pelo Governo Civil daquele distrito no ano da Graça de 2002 e que, palavras a menos, palavras a mais, dizia o mesmo que - é já coincidência ou armadilha dos fados - viria dias depois encontrar na "net", nos apontamentos biográficos da Editorial Caminho e do Instituto Português da Biblioteca e do Livro (ou do Livro e da Biblioteca). Diziam todos assim:
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"Manuel Alegre nasceu a 12 de Maio de 1936, em Águeda, onde fez a instrução primária. Durante os estudos secundários, no liceu Alexandre Herculano, no Porto, fundou, com José Augusto Seabra, o jornal "Prelúdio"..
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Li aquele borbotar coerente de diversas fontes e disse cá para comigo que alguém se tinha enganado e, como veremos, por duas razões que importaria chamar um dia, para que a história não ficasse algo distorcida e isso sem vantagem para quem quer que fosse. Meteram-se depois as eleições e não ficava bem levantar dúvidas no meio das tantas dúvidas que se puseram. Tinha, por certo, que o Dr. Cavaco não escrevera no "Prelúdio" e isso, então, bastava-me![1] Mas, numa ou em duas das biografias oficiais então divulgadas, lá veio o mesmo e reincidente pormenor. Havia pois que carregar no botão do "rewind", pôr a bobine a rodar ao contrário e contar um bocadinho da história do "Prelúdio", jornal dos alunos do Liceu Alexandre Herculano, do Porto, criado certamente ao abrigo da legislação que então (1953) o punha - pelo menos in nomine - sob a cobertura-cinto-S da designada MP (= "Mocidade Portuguesa") mas que, mesmo assim e mais pela qualidade dos tutores apontados que pela letra da lei, gozou nos seus dois primeirois anos de uma relativa aceitação.
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E urgia não só falar de "O Prelúdio", porque no Porto existiam dois liceus, o "Alexandre Herculano", onde durante muito tempo foram discentes nos dois últimos anos os destinados às "ciências e técnicas", e o "D. Manuel II" (antigo Rodrigues de Freitas), onde se agrupavam os das chamadas "letras", tudo arrumado pelas alíneas da disposição legal que nos etiquetava assim [2]. A "separação das águas" tinha lugar no terceiro ciclo, que nessa altura reunia o 6º e o 7º ano, pelo que pre-científicos e pre-letrados podiam conviver nas mesmas turmas de qualquer dos dois liceus até ao exame do 5º ano, inclusive.
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Na turma A do 4º ano do período lectivo 1950-1951 (e o 4º ano era um ano nem carne nem peixe, mas de cabulice terrível) fomos todos atacados pela "brotoeja da escrita". O José Augusto Seabra, que já não está connosco, era o nº 16 e redigia muito bem, o 17, que era eu, passava pela Biblioteca Municipal do Porto para escrever uma história da Grécia antiga, epigrafada "A Hélade", que nunca ultrapassou as primeiras linhas (apaixonado que fiquei com a história de Frineia), o Magalhães abordava corajosamente a autoria de um "Tratado das Fintas e Driblings", cujo primeiro capítulo pós- introdução (em que o Autor dissertava sobre a questão prévia essencial da obra, que era saber distinguir uma "finta" de um "dribling") tinha, recordo-me, o bem sonante e prometedor nome de "Da Finta à Inglesa". E foi assim que, penso que com uma sugestão do Manuel de Oliveira (não, não é o do cinema), nasceu "O Patascrito".
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O que era "O Patascrito"? Era um caderno de folhas inseridas, de papel costaneira, exemplar único escrito à mão (e daí o nome), chistoso em demasia, onde todos podiam deixar um bocadinho de si (hoje, para isso, há os "blogs"!) e que circulava com a condição de haver um pagamento prévio por cada interessado (já me não recordo se de uma c'roa ou duas [3]) para poder ser lido. E assim vivemos, e assim até fizemos uma "festa das rabanadas" que foi uma espécie não de jogos-florais (que também houve) mas de variedades com pretensiosos interlúdios poético-literários, improvisada numa aula de Português (et pour cause!) em que o Leopoldo fez de macaco e se leram cantigas de escárnio e mal-dizer sortido quer entre nós quer, até, "mui civilizadamente para cima".
O que era "O Patascrito"? Era um caderno de folhas inseridas, de papel costaneira, exemplar único escrito à mão (e daí o nome), chistoso em demasia, onde todos podiam deixar um bocadinho de si (hoje, para isso, há os "blogs"!) e que circulava com a condição de haver um pagamento prévio por cada interessado (já me não recordo se de uma c'roa ou duas [3]) para poder ser lido. E assim vivemos, e assim até fizemos uma "festa das rabanadas" que foi uma espécie não de jogos-florais (que também houve) mas de variedades com pretensiosos interlúdios poético-literários, improvisada numa aula de Português (et pour cause!) em que o Leopoldo fez de macaco e se leram cantigas de escárnio e mal-dizer sortido quer entre nós quer, até, "mui civilizadamente para cima".
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No 5º ano (1951-1952) adoeci e tive de deixar a turma do Liceu passando ao "ensino particular doméstico" [4] para não perder o ano por faltas. Voltaria no 6º (1952-1953), já o meu colega de carteira, o José Seabra, tinha ido para o "D.Manuel". Mas "O Patascrito" lançara semente... e surgiu aí, como desejo de coisa mais séria, a "febre dos jornais". No "Alexandre", no "nosso", dois alunos do 6º ano - o Abrunhosa Vasconcelos e eu próprio, da turma A, a que se juntou o Manuel Carvalho e Cunha, da turma B - esboçaram um projecto e levaram-no ao Reitor, que era o Dr. Sena Esteves. Este acolheu com agrado a proposta, utilizou com a amplitude possível a condicionada abertura permitida pela legislação vigente (que, não obstante, subordinava qualquer publicação escolar à "tutela" de um Centro Escolar da M.P.), nomeou aqueles 3 mânfios "redactores" e entregou o cargo de professor-orientador ao saudoso Dr. Cruz Malpique, um verdadeiro filósofo de obra escrita e que levava fleugmaticamente a sua posição e a responsabilidade do cargo com compreensão, paciência e bonomia. [5,6]
No 5º ano (1951-1952) adoeci e tive de deixar a turma do Liceu passando ao "ensino particular doméstico" [4] para não perder o ano por faltas. Voltaria no 6º (1952-1953), já o meu colega de carteira, o José Seabra, tinha ido para o "D.Manuel". Mas "O Patascrito" lançara semente... e surgiu aí, como desejo de coisa mais séria, a "febre dos jornais". No "Alexandre", no "nosso", dois alunos do 6º ano - o Abrunhosa Vasconcelos e eu próprio, da turma A, a que se juntou o Manuel Carvalho e Cunha, da turma B - esboçaram um projecto e levaram-no ao Reitor, que era o Dr. Sena Esteves. Este acolheu com agrado a proposta, utilizou com a amplitude possível a condicionada abertura permitida pela legislação vigente (que, não obstante, subordinava qualquer publicação escolar à "tutela" de um Centro Escolar da M.P.), nomeou aqueles 3 mânfios "redactores" e entregou o cargo de professor-orientador ao saudoso Dr. Cruz Malpique, um verdadeiro filósofo de obra escrita e que levava fleugmaticamente a sua posição e a responsabilidade do cargo com compreensão, paciência e bonomia. [5,6]
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A prova provada que a "doença" era transmissível foi que o Zé Seabra, chegando ao "D.Manuel II" com o Belmiro Guimarães logo ali "montou" também um jormal:"O Mensageiro", de que era professor orientador o Dr. Óscar Lopes. E é por isso que, logo aqui, há uma primeira correcção a fazer (para uma segunda correcção ver nota [8]) : o José Seabra nunca foi fundador de "O Prelúdio" porque, quando da fundação deste, já não estava connosco. Foi, sim, fundador de "O Mensageiro", jornal dos alunos do Liceu D. Manuel II, onde deixou uma notável marca da qualidade que bem lhe conhecíamos.
A prova provada que a "doença" era transmissível foi que o Zé Seabra, chegando ao "D.Manuel II" com o Belmiro Guimarães logo ali "montou" também um jormal:"O Mensageiro", de que era professor orientador o Dr. Óscar Lopes. E é por isso que, logo aqui, há uma primeira correcção a fazer (para uma segunda correcção ver nota [8]) : o José Seabra nunca foi fundador de "O Prelúdio" porque, quando da fundação deste, já não estava connosco. Foi, sim, fundador de "O Mensageiro", jornal dos alunos do Liceu D. Manuel II, onde deixou uma notável marca da qualidade que bem lhe conhecíamos.
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Com grande surpresa minha, andava eu nestas lucubrações, um "blog" ilustre da nossa praça, o http://www.purprazer.blogger.com.br/ publicou - a 14 de Dezembro de 2005 - a ficha técnica do primeiro "Prelúdio" (não houve "número zero") e fez mais: prometeu que dele iria divulgar mais coisas - e divulgou! Devo essa interessante iniciativa ao AEF, que suponho seja o Àngelo E. Ferreira, um dos bloguistas daquele título. Repetem-se seguidamente os dizeres da ficha técnica, então publicada (a repartição por linhas e o centrado é meu!):
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PRELÚDIO
Ano I, Porto, 31 de Janeiro de 1953, N.º 1, Mensal, Preço 1$00
Gazeta dos Alunos do Liceu de Alexandre Herculano (ao abrigo do Art. 445 do Dec. 36.508) CENTRO ESCOLAR N.º 6 -- ALA DO DOURO LITORAL
Prof. Orientador: Dr. Cruz Malpique
Composto e impresso na: Esc. Tip. da Oficina de S. José
telefone 21 866
Rua Alexandre Herculano, 123 PORTO
Redactores: José Miguel Leal da Silva, Manuel Carvalho e Cunha, Rui Abrunhosa
PRELÚDIO
Ano I, Porto, 31 de Janeiro de 1953, N.º 1, Mensal, Preço 1$00
Gazeta dos Alunos do Liceu de Alexandre Herculano (ao abrigo do Art. 445 do Dec. 36.508) CENTRO ESCOLAR N.º 6 -- ALA DO DOURO LITORAL
Prof. Orientador: Dr. Cruz Malpique
Composto e impresso na: Esc. Tip. da Oficina de S. José
telefone 21 866
Rua Alexandre Herculano, 123 PORTO
Redactores: José Miguel Leal da Silva, Manuel Carvalho e Cunha, Rui Abrunhosa
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E acrescentava AEF: "Esta preciosidade encontrou-a o Eng. Miguel Oliveira, pertença do seu pai. E este jornal vai trazer-nos novidades (antigas) e outras cousas de interesse. Ai se vai. Bom dia. *AEF"
E acrescentava AEF: "Esta preciosidade encontrou-a o Eng. Miguel Oliveira, pertença do seu pai. E este jornal vai trazer-nos novidades (antigas) e outras cousas de interesse. Ai se vai. Bom dia. *AEF"
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Aliás nem demorou muito tempo a passar do prometido ao feito, postando a 20 do mesmo mês de Dezembro, o "en-tête" do "Prelúdio" nº 1 e duas das obras poéticas nesse primeiro número publicadas. Aí vai tudo, incluindo comentários a itálico, tudo com a devida vénia, aos Autores de hoje e de ontem:
Aliás nem demorou muito tempo a passar do prometido ao feito, postando a 20 do mesmo mês de Dezembro, o "en-tête" do "Prelúdio" nº 1 e duas das obras poéticas nesse primeiro número publicadas. Aí vai tudo, incluindo comentários a itálico, tudo com a devida vénia, aos Autores de hoje e de ontem:
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Transcrevo:
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"Esta publicação do Liceu Alexandre Herculano, feitinha pelos alunos de então, é uma preciosidade. Eu, que sou um jovem, portanto insuspeito, posso bem dizer que antigamente havia coisas que já não há. Era bem diferente o ensino. Claro que houve a democratização e o país melhorou muito no acesso à educação, sem dúvida. Mas lá que agora já não se fazem coisas como o PRELÚDIO, lá isso não. Faltam professores como o Dr. Cruz Malpique, faltam exigência, rigor, seriedade. Será que não podemos ter isto com a democratização? Será que não podemos ter rigor e bons professores? Podia ir mais longe, mas fico-me por aqui. Ah, e convém dizer que não estou a dizer que todas as escolas são assim, claro que há muitas e honrosas excepções -- lá se ia o meu futuro político.
Julgo mesmo que foi neste número 1 do PRELÚDIO que o Manuel Alegre terá publicado pela primeira vez, a avaliar pela idade que teria na altura. O seu poema "AS ROSAS DA MOCIDADE" virá já a seguir, e muitos ensinamentos... Até mais.Boa tarde.*AEF
"Esta publicação do Liceu Alexandre Herculano, feitinha pelos alunos de então, é uma preciosidade. Eu, que sou um jovem, portanto insuspeito, posso bem dizer que antigamente havia coisas que já não há. Era bem diferente o ensino. Claro que houve a democratização e o país melhorou muito no acesso à educação, sem dúvida. Mas lá que agora já não se fazem coisas como o PRELÚDIO, lá isso não. Faltam professores como o Dr. Cruz Malpique, faltam exigência, rigor, seriedade. Será que não podemos ter isto com a democratização? Será que não podemos ter rigor e bons professores? Podia ir mais longe, mas fico-me por aqui. Ah, e convém dizer que não estou a dizer que todas as escolas são assim, claro que há muitas e honrosas excepções -- lá se ia o meu futuro político.
Julgo mesmo que foi neste número 1 do PRELÚDIO que o Manuel Alegre terá publicado pela primeira vez, a avaliar pela idade que teria na altura. O seu poema "AS ROSAS DA MOCIDADE" virá já a seguir, e muitos ensinamentos... Até mais.Boa tarde.*AEF
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AS ROSAS DA MOCIDADE
(Coronemus nos rosis ante quam marcessant)
Ao Exmo. Sr. Dr. Cruz Malpique
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Ó rosas em flor da doce Mocidade,
Hoje vicejais, amanhã murchais!
Ai botões de rosa da santa idade,
Em que se vive ainda ao sabor dos pais!.
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Gozemos,amigos,o feliz instante,
Destas rosas belas, a desabrochar!
Num dia futuro, não muito distante,
Vereis as florzinhas, tristes, a murchar...
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Cantemos, cantemos, ao nosso esplendor!
Em taças de oiro, o furto da vida
Bebamos. A nossa alma pede amor,
Deixemo-la andar amando... perdida...
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Andemos, que ela esvoaça depressa!
Ai rosas bonitas, que breves sois!
Chorarmos agora, ai, livrai-nos dessa,
Ó rosas viçosas que murchais depois!
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Amigos, amigos, segui adeante,
Eu paro, que fico... que fico a chorar!
Gozai, que esta hora passa num instante,
É como uma noite de suave luar!
.Vereis, depois, vir noites, noites infindas,
Que não passam nunca, que aborrecem sempre!
Olhai para estas rápidas e lindas,
Estas são assim, olhai... não duram sempre!
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Ai rosas benditas, breves, talvez...
Ai rosas bonitas, que lindas que sois!
Vós brilhais um dia, mas uma só vez,
Vós brilhais um dia e murchais depois!.
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M. Alegre Duarte (5.º ano)
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Terá este sido o primeiro poema publicado por Manuel Alegre?*AEF
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BALADA DA HERA
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A minha casa tem heras,
Tem heras, junto ao portão,
Onde aves fazem ninhos,
No tempo de S. João,
Onde canta um rouxinol
Durante todo o Verão.
Se as folhas das heras caem,
Cai também o meu coração...
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Veio o vento, veio o frio,
Veio o vento, veio o frio,
Veio a chuva e o nevão.
Caem as folhas das heras
Que tenho junto ao portão,
Já não há aves nem ninhos,
Há silêncio e solidão.
Mas, com as flores das heras,
Já não cai meu coração,
Porque, quando elas caírem,
Já ele caíra então.
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Não foi chuva, não foi frio,
Não foi chuva, não foi frio,
Não foi o vento suão,
Não foi neve, nem geada,
Nem a força dum tufão,
Foram uns cabelos loiros,
Que passam junto ao portão,
E, no dia em que os vi,
Perdi meu coração...
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A minha casa tem heras,
A minha casa tem heras,
Tem heras, junto ao portão,
Onde aves fazem ninhos,
No tempo de S. João,
Onde canta um rouxinol
Durante todo o Verão.
Se as folhas das heras caem,
Já não cais meu coração,
Porque tu já nem és meu,
És desses cabelos loiros
Que passam junto ao portão.
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José Miguel Leal da Silva
in PRELÚDIO, Ano I, N.º 1, Liceu Alexandre Herculano, Porto, 1953"
in PRELÚDIO, Ano I, N.º 1, Liceu Alexandre Herculano, Porto, 1953"
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: fim de transcrição.
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Deixou-me verdadeiramente sem fala, este poemeto escrito há 53 anos. Eu, que dos meus escritos nunca guardei nada [7], que do "Prelúdio" não guardei um número sequer, vim encontrar aqui um bocado de mim, transportado no tempo. Foi interessante, logo no dia de hoje. Acrescento apenas que se chamava Célia, que tinha de facto cabelos loiros e olhos muito azuis.
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E fico-me por aqui, algo comovido, como se de um mirante eu pudesse ver os passos todos, bons, maus e assim-assim (estes os piores) que desde aí percorri. Deixarei algumas notas para responder a questões pendentes [8,9,10]. Recordarei que o "Velho Alexandre" [11] está a comemorar o seu Centenário e direi, a fechar, por que razão não vou por lá os meus pés. O argumento pode residir no desconforto de ver por ali, avelhentadas como eu, tantas celebridades; a razão, essa, é uma única, que peço emprestada ao Pavese mas que faço muito minha, agora só neste momento: "Nada é mais insuportável do que o lugar em que se foi feliz."
E fico-me por aqui, algo comovido, como se de um mirante eu pudesse ver os passos todos, bons, maus e assim-assim (estes os piores) que desde aí percorri. Deixarei algumas notas para responder a questões pendentes [8,9,10]. Recordarei que o "Velho Alexandre" [11] está a comemorar o seu Centenário e direi, a fechar, por que razão não vou por lá os meus pés. O argumento pode residir no desconforto de ver por ali, avelhentadas como eu, tantas celebridades; a razão, essa, é uma única, que peço emprestada ao Pavese mas que faço muito minha, agora só neste momento: "Nada é mais insuportável do que o lugar em que se foi feliz."
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Notas:
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[1] O que não significa que, a contrario, escrever no "Prelúdio" fosse para mim critério decisivo de voto.
[2] Seja dito que, como sinal muito prévio de conturbação do regime, nos últimos anos da época destes episódios, começaram a aparecer alíneas de letras no Alexandre Herculano e... mulheres-alunas, o que se diria de todo impensável naquela casa. Ficavam clausuradas nos intervalos, coitaditas, não fosse a presença feminina excitar as hostes que se limitavam então, além muros e além rua, a soltar olhares langorosos para o vizinho "Rainha Santa" (salvo quando também para as profs, que as havia e de que, pelo menos um caso singular, com unanimidade da turma, levaria a que um aluno, numa paródia chamada "Asíada", tivesse mesmo escrito - suma ousadia, tocando a brejeirice - "que outras Vénus temos, mais ou menos bem").
[3] Qualquer dia poucos saberão o que era uma coroa (50 centavos), um cruzado (40 centavos), um tostão (10 centavos), um vintém (dois centavos, que já não conheci), etc. Por razões de peso e de proximidade temporal o conto de reis (1000 escudos) ainda se vai mantendo na memória das gentes para correlação verbal de preços, mas...
[4] Com enorme sacrifício de meus Pais e Tio, que me arranjaram professores (e bons) para todas as disciplinas necessárias.
[5] Seja dito que também não lhe demos muitos problemas... salvo dois incidentes: um artigo sobre (contra) a Lei do Cinema, que nos levou ao corredor da Reitoria e (eu comecei aí a aprender mais algumas coisas!) nos foi proporcionada a honra de receber uma "entrevista expontânea" que estava fora de qualquer previsão, programa e convite, e (b) também uma edição que saiu cheia de gralhas porque a revisão fora apressada "para poder ser distribuída no passeio anual do 5º ano". Mas os santos teriam caído todos do altar, logo à nascença, se tivéssemos avançado com o primeiro nome que tínhamos achado sonante e que era ... "O Avante!" [afinal dizia-se "Avante" no Hino da Restauração, sim ou não?]. Isto foi imediatamente antes de almoço, numa reunião que tivemos a preparar o primeiro encontro com o Reitor, nessa tarde. Eu fiquei a almoçar na Cantina (normalmente ia a casa, a Gaia, e tinha 15 a 20 minutos para almoçar...) e o Abrunhosa foi almoçar a casa, que não era longe dali. Estava eu a comer o macarrão e a dispensar a fruta, quando vi o Abrunhosa que me fazia grandes gestos à porta da cantina. Fui ver que desgraça havia e ele perguntou-me logo: disseste o nome a alguém. Eu disse que não e perguntei porquê. E o Abrunhosa disse eh, pá! se mencionamos o nome, disse-me o meu pai, há logo sarilho. E explicou... Como ninguém queria sarilho e muito menos usurpar o futuro de um título, discutimos logo o que havia de ser. Surgiu o "Prelúdio" não sei bem de quem, mas melómanos tínhamos por ali muitos, pelo que não admira o oportuno e significativo achamento!
[6] Menos sorte teria o "Clube de Cinema", que lançamos no 7º ano (1953-1954) com o apoio do Padre Alexandrino Brochado, que tinha assumido o difícil cargo de ser nosso professor de Moral, substituindo o Padre Domingos Pinho Brandão, que nos acompanhara até ao 6º e fora chamado a iniciar uma importante e desassombrada carreira eclesiástica. Tudo correu muito bem, a malta na 4ª feira, em vez de marchar no saibro do recreio, ia ilustrar-se na extraordinária sala de cinema do liceu (no destacado que se vê à direirta do corpo principal), onde passamos o "Milagre de Milão", o "Polícia e Ladrão" com o Tótó e o Fabrizzi, o "Ladrão de Bicicletas" (cortando lá uma passagem)... mas aí estragou-se tudo. Um zeloso papá escreveu uma carta ao Reitor a dizer que estávamos a pender muito para um certo tipo ideologicamente suspeito de filme italiano, etc. e tal. Acabaram logo os filmes e a "malta" voltou para as marchas de 4ª feira!
[7] Se alguma vez escrevi algo de que verdadeiramente gostasse foi já no Barreiro, muitos anos depois, por volta de 1965-1968, dois poemas que também deixei perderem-se: "Nichols-Herreschoff" e "O teu vestido vermelho". Poderia acrescentar um terceiro, da tal época anterior, a uma outra loira caixeirinha de uma papelaria onde eu ia mais vê-la que comprar sebentas de 20 folhas, que era o pretexto mais barato que eu podia encontrar. Mas esse, "Gouache azul", quem tiver os números seguintes do "Prelúdio" acaba por o descobrir.
[8] Das questões que ficaram abertas, sai uma segunda conclusão (e a resposta parcial a uma pergunta) relativa ao Manuel A. Duarte daquele tempo, que se pode chamar também de "fundador" porque, desde início, ele - que era do ano imediatamente seguinte ao nosso - acompanhou sempre a "operação Prelúdio" com interesse, iniciativa e colaboração. Se estes foram ou não os primeiros versos que publicou, não sei. Mas sei que foram, certamente, dos seus primeiros escritos pois, nesta altura, já tinha um razoável conjunto de poemas, com uma carta-prefácio do Dr. Cruz Malpique. Aliás todos os poemas ali publicados foram seleccionados pelo professor orientador de entre as muitas candidaturas então apresentadas.Colaboração, de facto, não faltava! Malta muito poética e prosadora, aquela!
[9] Um dos nossos erros quanto ao "Prelúdio" foi não deixar uma sucessão completa tipo-equipe, transmitindo a forma como tínhamos conseguido funcionar. Por isso o "Prelúdio" desapareceu algum tempo depois. Mas viria a reaparecer, anos volvidos, pela mão de uma outra equipe muito dinâmica, que deixou nome no liceu e no jornal, tendo à cabeça o José Pacheco Pereira e contando com a colaboração da irmã deste, Beatriz Pacheco Pereira e de Mário Dorminski - que aí também estrearam a sua escrita. Recomendo a leitura das dificuldades que o J.P.P. enfrentou com um reitor diferente do nosso professor-orientador e que relata, de forma saborosa, no seu blog "Abrupto", de 7 de Julho de 2003:
[2] Seja dito que, como sinal muito prévio de conturbação do regime, nos últimos anos da época destes episódios, começaram a aparecer alíneas de letras no Alexandre Herculano e... mulheres-alunas, o que se diria de todo impensável naquela casa. Ficavam clausuradas nos intervalos, coitaditas, não fosse a presença feminina excitar as hostes que se limitavam então, além muros e além rua, a soltar olhares langorosos para o vizinho "Rainha Santa" (salvo quando também para as profs, que as havia e de que, pelo menos um caso singular, com unanimidade da turma, levaria a que um aluno, numa paródia chamada "Asíada", tivesse mesmo escrito - suma ousadia, tocando a brejeirice - "que outras Vénus temos, mais ou menos bem").
[3] Qualquer dia poucos saberão o que era uma coroa (50 centavos), um cruzado (40 centavos), um tostão (10 centavos), um vintém (dois centavos, que já não conheci), etc. Por razões de peso e de proximidade temporal o conto de reis (1000 escudos) ainda se vai mantendo na memória das gentes para correlação verbal de preços, mas...
[4] Com enorme sacrifício de meus Pais e Tio, que me arranjaram professores (e bons) para todas as disciplinas necessárias.
[5] Seja dito que também não lhe demos muitos problemas... salvo dois incidentes: um artigo sobre (contra) a Lei do Cinema, que nos levou ao corredor da Reitoria e (eu comecei aí a aprender mais algumas coisas!) nos foi proporcionada a honra de receber uma "entrevista expontânea" que estava fora de qualquer previsão, programa e convite, e (b) também uma edição que saiu cheia de gralhas porque a revisão fora apressada "para poder ser distribuída no passeio anual do 5º ano". Mas os santos teriam caído todos do altar, logo à nascença, se tivéssemos avançado com o primeiro nome que tínhamos achado sonante e que era ... "O Avante!" [afinal dizia-se "Avante" no Hino da Restauração, sim ou não?]. Isto foi imediatamente antes de almoço, numa reunião que tivemos a preparar o primeiro encontro com o Reitor, nessa tarde. Eu fiquei a almoçar na Cantina (normalmente ia a casa, a Gaia, e tinha 15 a 20 minutos para almoçar...) e o Abrunhosa foi almoçar a casa, que não era longe dali. Estava eu a comer o macarrão e a dispensar a fruta, quando vi o Abrunhosa que me fazia grandes gestos à porta da cantina. Fui ver que desgraça havia e ele perguntou-me logo: disseste o nome a alguém. Eu disse que não e perguntei porquê. E o Abrunhosa disse eh, pá! se mencionamos o nome, disse-me o meu pai, há logo sarilho. E explicou... Como ninguém queria sarilho e muito menos usurpar o futuro de um título, discutimos logo o que havia de ser. Surgiu o "Prelúdio" não sei bem de quem, mas melómanos tínhamos por ali muitos, pelo que não admira o oportuno e significativo achamento!
[6] Menos sorte teria o "Clube de Cinema", que lançamos no 7º ano (1953-1954) com o apoio do Padre Alexandrino Brochado, que tinha assumido o difícil cargo de ser nosso professor de Moral, substituindo o Padre Domingos Pinho Brandão, que nos acompanhara até ao 6º e fora chamado a iniciar uma importante e desassombrada carreira eclesiástica. Tudo correu muito bem, a malta na 4ª feira, em vez de marchar no saibro do recreio, ia ilustrar-se na extraordinária sala de cinema do liceu (no destacado que se vê à direirta do corpo principal), onde passamos o "Milagre de Milão", o "Polícia e Ladrão" com o Tótó e o Fabrizzi, o "Ladrão de Bicicletas" (cortando lá uma passagem)... mas aí estragou-se tudo. Um zeloso papá escreveu uma carta ao Reitor a dizer que estávamos a pender muito para um certo tipo ideologicamente suspeito de filme italiano, etc. e tal. Acabaram logo os filmes e a "malta" voltou para as marchas de 4ª feira!
[7] Se alguma vez escrevi algo de que verdadeiramente gostasse foi já no Barreiro, muitos anos depois, por volta de 1965-1968, dois poemas que também deixei perderem-se: "Nichols-Herreschoff" e "O teu vestido vermelho". Poderia acrescentar um terceiro, da tal época anterior, a uma outra loira caixeirinha de uma papelaria onde eu ia mais vê-la que comprar sebentas de 20 folhas, que era o pretexto mais barato que eu podia encontrar. Mas esse, "Gouache azul", quem tiver os números seguintes do "Prelúdio" acaba por o descobrir.
[8] Das questões que ficaram abertas, sai uma segunda conclusão (e a resposta parcial a uma pergunta) relativa ao Manuel A. Duarte daquele tempo, que se pode chamar também de "fundador" porque, desde início, ele - que era do ano imediatamente seguinte ao nosso - acompanhou sempre a "operação Prelúdio" com interesse, iniciativa e colaboração. Se estes foram ou não os primeiros versos que publicou, não sei. Mas sei que foram, certamente, dos seus primeiros escritos pois, nesta altura, já tinha um razoável conjunto de poemas, com uma carta-prefácio do Dr. Cruz Malpique. Aliás todos os poemas ali publicados foram seleccionados pelo professor orientador de entre as muitas candidaturas então apresentadas.Colaboração, de facto, não faltava! Malta muito poética e prosadora, aquela!
[9] Um dos nossos erros quanto ao "Prelúdio" foi não deixar uma sucessão completa tipo-equipe, transmitindo a forma como tínhamos conseguido funcionar. Por isso o "Prelúdio" desapareceu algum tempo depois. Mas viria a reaparecer, anos volvidos, pela mão de uma outra equipe muito dinâmica, que deixou nome no liceu e no jornal, tendo à cabeça o José Pacheco Pereira e contando com a colaboração da irmã deste, Beatriz Pacheco Pereira e de Mário Dorminski - que aí também estrearam a sua escrita. Recomendo a leitura das dificuldades que o J.P.P. enfrentou com um reitor diferente do nosso professor-orientador e que relata, de forma saborosa, no seu blog "Abrupto", de 7 de Julho de 2003:
[10] Uma questão que fica em aberto: no fim da transcrição do meu poemeto, no "José Miguel" do meu nome, deixaram um link que vinha ligar precisamente aqui, a este blog! Como descobriram? Deixo a pergunta ao AEF.
[11] Agora designado "Escola Secundária "Alexandre Herculano", de cujo portal, com a devida vénia, tirei o alçado geral que inicia estas notas. Aconselho uma visita a esse portal, fotograficamente muito documentado (e com fotografias excelentes), pelo menos para matar saudades. O portal é: http://www.esec-alexandre-herculano.rcts.pt/
posted by LdS @ 23:42 4 comments
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II
Postagem de 2006-03-30
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História breve do reencontro do "Prelúdio"
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Car on n'en change point,je ne le sais que trop ;
Chassez le naturel,il revient au galop.
(Le Glorieux, p.385, in Le Théâtre Choisi du XVIIIe siècle,
tome 1, Librairie Garnier Frères)
Philippe Néricault dit Destouches 1680-1754
A primeira vez que ouvi o "Chassez le naturel, il revient au galop", foi precisamente ao professor-orientador do "nosso jornal", Dr. Cruz Malpique, nas suas aulas de Filosofia. Passaram-se anos e, no fundo, é bom relembrar essa citação (quem se recorda da também força simbólica que a expressão "Splendor in the Grass" de William Wordswoth e o poema em que está presente têm no desenrolar do excelente homónimo filme de Elia Kazan, de 1961, dado entre nós como "Esplendor na relva"? [1]), é bom saber que muito da nossa natureza teimosamente permanece e que, no reencontro com o passado, rebenta vigorosamente o verde das folhas surgidas na estaca que, espetada na terra para servir de guia, se teria pensado estar morta.
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De certo modo, foi o que sucedeu relativamente ao Prelúdio, o jornal dos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto, cujo primeiro número "saiu" a 31 de Janeiro de 1953. E será interessante fazer a cronologia de factos recentes relativos a esse jornal, porque há coincidências tão clamorosas que até parecem não o serem e sucessões de factos que trazem novamente a memória, não num ciciar macio mas em verdadeiros gritos que reclamam o reconhecimento da sua presença e da sua forma de viver revivendo. Como a estaca guia que se julgava morta mas que aspira a ser árvore e acaba mesmo por o ser. O açude não mata a corrente, apenas a retém.
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Em Dezembro do ano passado, na Biblioteca Municipal de Arouca, onde eu procurava coisas bem diferentes, um pormenor de circunstância veio recordar-me o Prelúdio e as condições em que tinha nascido. A noção subjacente de que o Centenário do "nosso Liceu" decorria pode ter influenciado o sentir desse pormenor.
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Regressado ao Barreiro, procurei o Prelúdio na "net" e, joeirando entre uma multidão de informações musicais e filosóficas, fui conduzido a duas referências importantes, que se citam por ordem cronológica: a) o relato do José Pacheco Pereira sobre vicissitudes sofridas quando director do dito, na 2ª série do mesmo, como consta do do blog "Abrupto"[2] de 7 de Julho de 2003; b) a referência de AEF (que eu deduzi ser Ângelo E. Ferreira) no blog "Pantalassa" [3] ao mesmo dito Prelúdio, postada a 14 de Dezembro de 2005 com reprodução do cabeçalho do número 1, a indicação de que aquele achado pertencia ao Pai do Eng. Miguel de Oliveira, um interventor no mesmo blog, e prometendo divulgar mais.
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E mais AEF divulgou! A 20 de Dezembro, cumprindo o prometido, trazia para o referido blog Pantalassa dois poemas retirados desse número 1 - o que me levou a escrever algo sobre a fundação do jornal, como aqui deste blog consta em postagem de 14 de Fevereiro de 2006. Declarava aí eu não ter ficado com nenhuma das minhas prosas de menino e moço, incluindo um número sequer do referido Prelúdio. E não mentia!
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E tudo ficaria por aqui se...
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... se não fossem as tais "casualidades".
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Algures na semana de 13 a 18 de Março, o meu colega "alexandrino" Eduardo David telefonou-me, referindo-me dispor de uma 1ª série completa do Prelúdio, 14 números, cedido pelo também "alexandrino" Delfim Moura. Combinamos para o dia 22 um almoço, no "Napolitano", rua de S.Paulo, Lisboa, para examinarmos "o material". E assim fizemos, trocando também longas impressões e dando e recebendo notícias, boas e más. Constatamos haver já demasiados ausentes-mesmo e muitos outros de paradeiro desconhecido. Coisas da vida! Mas o texto estava ali... e era altura de o reproduzir por forma a permitir o seu mais alargado (re)conhecimento e inclusive o seu trabalho, tendo em conta que o estado dos originais não se compadeceria com um manuseamento prolongado e frequente. Tratei eu disso, em redução a 82% para compatibilizar a página com o formato A4.
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De certo modo, foi o que sucedeu relativamente ao Prelúdio, o jornal dos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto, cujo primeiro número "saiu" a 31 de Janeiro de 1953. E será interessante fazer a cronologia de factos recentes relativos a esse jornal, porque há coincidências tão clamorosas que até parecem não o serem e sucessões de factos que trazem novamente a memória, não num ciciar macio mas em verdadeiros gritos que reclamam o reconhecimento da sua presença e da sua forma de viver revivendo. Como a estaca guia que se julgava morta mas que aspira a ser árvore e acaba mesmo por o ser. O açude não mata a corrente, apenas a retém.
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Em Dezembro do ano passado, na Biblioteca Municipal de Arouca, onde eu procurava coisas bem diferentes, um pormenor de circunstância veio recordar-me o Prelúdio e as condições em que tinha nascido. A noção subjacente de que o Centenário do "nosso Liceu" decorria pode ter influenciado o sentir desse pormenor.
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Regressado ao Barreiro, procurei o Prelúdio na "net" e, joeirando entre uma multidão de informações musicais e filosóficas, fui conduzido a duas referências importantes, que se citam por ordem cronológica: a) o relato do José Pacheco Pereira sobre vicissitudes sofridas quando director do dito, na 2ª série do mesmo, como consta do do blog "Abrupto"[2] de 7 de Julho de 2003; b) a referência de AEF (que eu deduzi ser Ângelo E. Ferreira) no blog "Pantalassa" [3] ao mesmo dito Prelúdio, postada a 14 de Dezembro de 2005 com reprodução do cabeçalho do número 1, a indicação de que aquele achado pertencia ao Pai do Eng. Miguel de Oliveira, um interventor no mesmo blog, e prometendo divulgar mais.
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E mais AEF divulgou! A 20 de Dezembro, cumprindo o prometido, trazia para o referido blog Pantalassa dois poemas retirados desse número 1 - o que me levou a escrever algo sobre a fundação do jornal, como aqui deste blog consta em postagem de 14 de Fevereiro de 2006. Declarava aí eu não ter ficado com nenhuma das minhas prosas de menino e moço, incluindo um número sequer do referido Prelúdio. E não mentia!
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E tudo ficaria por aqui se...
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... se não fossem as tais "casualidades".
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Algures na semana de 13 a 18 de Março, o meu colega "alexandrino" Eduardo David telefonou-me, referindo-me dispor de uma 1ª série completa do Prelúdio, 14 números, cedido pelo também "alexandrino" Delfim Moura. Combinamos para o dia 22 um almoço, no "Napolitano", rua de S.Paulo, Lisboa, para examinarmos "o material". E assim fizemos, trocando também longas impressões e dando e recebendo notícias, boas e más. Constatamos haver já demasiados ausentes-mesmo e muitos outros de paradeiro desconhecido. Coisas da vida! Mas o texto estava ali... e era altura de o reproduzir por forma a permitir o seu mais alargado (re)conhecimento e inclusive o seu trabalho, tendo em conta que o estado dos originais não se compadeceria com um manuseamento prolongado e frequente. Tratei eu disso, em redução a 82% para compatibilizar a página com o formato A4.
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Essa útil "recuperação" permitiu-me, a 24 de Março e como comentário à ultima postagem de anterior série do Pantalassa [3], datada de 21 de Março, estabelecer contacto com AEF, informar da minha blogada de 14 de Fevereiro e referir a informação entretanto obtida. AEF respondeu rapidamente, através do novo Pantalassa, a 24 de Março, com também intervenção (em comentário) do Eng. Miguel de Oliveira, e adopção da ideia de obtermos a 2ª série, i.e. a de que José Pacheco Pereira foi director.
Essa útil "recuperação" permitiu-me, a 24 de Março e como comentário à ultima postagem de anterior série do Pantalassa [3], datada de 21 de Março, estabelecer contacto com AEF, informar da minha blogada de 14 de Fevereiro e referir a informação entretanto obtida. AEF respondeu rapidamente, através do novo Pantalassa, a 24 de Março, com também intervenção (em comentário) do Eng. Miguel de Oliveira, e adopção da ideia de obtermos a 2ª série, i.e. a de que José Pacheco Pereira foi director.
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Traçando a seguinte tabela [4] dos "corpos sociais" da primeira série do Prelúdio, abrindo o dossier finalmente construído e viajando um pouco no tempo e na memória, concluo o seguinte:
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O "episódio macabro" do conflito com a reitor (Dr. Francisco Sena Esteves) e com o que, mais até que a própria reitoria, representava na docência do LAH a situação política então vigente (abreviadamente "a situação") e tinha o Prelúdio e, por tabela, a reitoria debaixo de olho - episódio que mencionei "en passant" na nota 5 da minha postagem de 14 de Fevereiro -, sucedeu logo no nº 2 do jornal, através do artigo de 1ª página "Um menino pequenino fala do Cinema - O que penso da proibição da entrada de menores nas salas de espectáculo" que censurava uma legislação muito recente e que, por muito restritiva, até veio a determinar uma nota oficiosa da presidência do conselho.
Traçando a seguinte tabela [4] dos "corpos sociais" da primeira série do Prelúdio, abrindo o dossier finalmente construído e viajando um pouco no tempo e na memória, concluo o seguinte:
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O "episódio macabro" do conflito com a reitor (Dr. Francisco Sena Esteves) e com o que, mais até que a própria reitoria, representava na docência do LAH a situação política então vigente (abreviadamente "a situação") e tinha o Prelúdio e, por tabela, a reitoria debaixo de olho - episódio que mencionei "en passant" na nota 5 da minha postagem de 14 de Fevereiro -, sucedeu logo no nº 2 do jornal, através do artigo de 1ª página "Um menino pequenino fala do Cinema - O que penso da proibição da entrada de menores nas salas de espectáculo" que censurava uma legislação muito recente e que, por muito restritiva, até veio a determinar uma nota oficiosa da presidência do conselho.
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Era de facto melindroso para o professor orientador (calculo o que lhe terá cabido de chatice... mas a verdade é que não nos fez qualquer censura nem deixou transparecer qualquer azedume) e para o próprio reitor o facto de, num órgão liceal obrigatoriamente tutelado pela Mocidade Portuguesa nos termos da lei, sair um texto que nos jornais diários levaria certamente o lápis azul da censura! Por isso ouvimos um furioso raspanete do próprio reitor (nem o professor-orientador, nem o director de ciclo, nem o chefe do Centro da M.P. estavam presentes), fomos ameaçados de penas disciplinares raiando a expulsão e, liminarmente, do encerramento do jornal e sujeitos, dali em diante, a diversas atitudes que me ensinaram muito, nomeadamente em termos de exercício do poder por uns (eles), e de "registo escondido" por outros (nós).
Era de facto melindroso para o professor orientador (calculo o que lhe terá cabido de chatice... mas a verdade é que não nos fez qualquer censura nem deixou transparecer qualquer azedume) e para o próprio reitor o facto de, num órgão liceal obrigatoriamente tutelado pela Mocidade Portuguesa nos termos da lei, sair um texto que nos jornais diários levaria certamente o lápis azul da censura! Por isso ouvimos um furioso raspanete do próprio reitor (nem o professor-orientador, nem o director de ciclo, nem o chefe do Centro da M.P. estavam presentes), fomos ameaçados de penas disciplinares raiando a expulsão e, liminarmente, do encerramento do jornal e sujeitos, dali em diante, a diversas atitudes que me ensinaram muito, nomeadamente em termos de exercício do poder por uns (eles), e de "registo escondido" por outros (nós).
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Atendendo a que o jornal nunca encerraria no 3º número, pois seria demasiada "bronca" que ultrapassaria os muros do Liceu, mas que poderia sair por mãos de outros (e certamente que os havia), decidimos prosseguir e "limitar avarias". Houve, no entanto, três consequências que são visíveis e que me vieram à memória: a "Entrevista com o Sr. Reitor do Liceu - O Cinema e a Miudagem" que saiu no nº 3, que nunca como entrevista foi feita e nos foi entregue imposta e dactilografada [5], a própria discursata laudatória do aniversário [6] do Presidente do Conselho no jornal nº 5 (era para ter saído no nº 4, basta ver as datas, mas houve "razões técnicas" à Jim Scott que o impediram) e o reforço do grupo de redactores logo no nº 3 (que em nada nos afectou, pois o quarto elemento então acrescido foi sempre um excelente colega, que ao nascimento do Prelúdio dera continuado apoio e em cuja designação há que ver, sob um aparente processo adicional de controle, uma hábil protecção de facto aos três ameaçados redactores [7]).
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Uma outra consequência, com a fleugma, a autoridade e um toque de saber "malpiquiano", pode ser encontrada [8] no excerto da biografia de Kant que o professor-orientador incluiu nas pags. 4 e 5 do "martelado" Prelúdio nº 3 sob a epígrafe: "... Mas o que eu nunca direi é aquilo que não penso" - Uma biografia de Kant".
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Passada a tormenta, o Prelúdio aguentou 10 números na mão do grupo inicial, contentor de "os fundadores". Quando saímos do Liceu, entrou afinal uma direcção bastante forte, mas que não passou do número 14. A nossa má experiência (renovada aliás no 7º ano com o "clube de cinema" e a carta ao Senhor Reitor de um zeloso papá que achava termos uma certa queda para o neo-realismo italiano, queda que eu confesso ainda ter) leva a crer que o Prelúdio, já com uma orientação não inteiramente igual e na medida em que o próprio regime se ia azedando no tempo, possa aí ter morrido de "morte macaca" e quase que apostaria que o artigo sobre a Françoise Sagan e o "Bonjour Tristesse" no número 14 se não a motivou, pelo menos pode ter "ajudado à festa". Seria interessante tirar isso a limpo, com os redactores da época. Fica mais um bocadinho de história e também essa sugestão!.
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Há certamente outras coisas a lembrar e apreciações a fazer. Outros que venham! Graças ao Pantalassa e aos colegas que propiciaram a colecção (o Delfim e o David, como acima referido), temos matéria para mais estudo e mais revisitante memória. Ainda bem!
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.Notas:
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[1]Que eu gostosamente transcrevo no poema original de William Wordsworth, lembrando-o também à minha filha Leonor Miguel que gosta tanto desse filme (e desse poema) como eu:
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"What though the radiance which was once so bright
Be now for ever taken from my sight,
Though nothing can bring back the hour
Of splendour in the grass, of glory in the flower;
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind;
In the primal sympathy
Which having been must ever be;
In the soothing thoughts that spring
Out of human suffering;
In the faith that looks through death,
In years that bring the philosophic mind."
.
[2] http://www.abrupto.blogspot.com/ , um exemplo excepcional de qualidade e verdadeiramente um blog de referência em Portugal. O Autor do mesmo sabe-o e demonstra ostentosamente que o sabe.
[3] Ainda acessível através de http://www.purprazer.blogger.com.br/ . A verdade é que essa série do Pantalassa encerrou entretanto e iniciou-se uma nova série, que pode ser obtida por "link" (porque raio não dizemos "gancho", que é tão expressivo?) a partir deste blog. E dessa série um outro gancho (estão a ver como resulta?!), na área "Paleontologia", leva mesmo lá! Mas para quem queira ir directo, aqui fica o próprio endereço do novo Pantalassa que também tem gancho neste blog: http://www.pantalassa3.blogspot.com..
[1]Que eu gostosamente transcrevo no poema original de William Wordsworth, lembrando-o também à minha filha Leonor Miguel que gosta tanto desse filme (e desse poema) como eu:
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"What though the radiance which was once so bright
Be now for ever taken from my sight,
Though nothing can bring back the hour
Of splendour in the grass, of glory in the flower;
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind;
In the primal sympathy
Which having been must ever be;
In the soothing thoughts that spring
Out of human suffering;
In the faith that looks through death,
In years that bring the philosophic mind."
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[2] http://www.abrupto.blogspot.com/ , um exemplo excepcional de qualidade e verdadeiramente um blog de referência em Portugal. O Autor do mesmo sabe-o e demonstra ostentosamente que o sabe.
[3] Ainda acessível através de http://www.purprazer.blogger.com.br/ . A verdade é que essa série do Pantalassa encerrou entretanto e iniciou-se uma nova série, que pode ser obtida por "link" (porque raio não dizemos "gancho", que é tão expressivo?) a partir deste blog. E dessa série um outro gancho (estão a ver como resulta?!), na área "Paleontologia", leva mesmo lá! Mas para quem queira ir directo, aqui fica o próprio endereço do novo Pantalassa que também tem gancho neste blog: http://www.pantalassa3.blogspot.com..
[4] Notarão que é a primeira tabela que publico neste blog. Sabendo que o blog "não gosta de tabelas" há que as introduzir como imagens. Na postagem seguinte, ainda deste dia, eu explicarei como se faz - até em atenção a outros blogs amigos que lutam para vencer idêntica necessidade. A seu tempo falaremos de mais coisas importantes e cuja solução ainda busco, como por exemplo a gravação ou "backup" funcional de um blog..
[5] Muitos anos depois e com a democracia já rodada, em Portugal, assisti por puro acaso a uma cena idêntica, que ainda hoje me afasta da leitura de um determinado periódico. Certos hábitos perduram....
[6] Aniversário da assunção das primeiras funções governativas, como ministro das Finanças, a 27 de Abril de 1928, véspera aliás do seu aniversário (28 de Abril) - dia em que toma posse e brinda o País com um discurso bastante esclarecedor do seu pensamento: "[...] Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses. [...] No mais, que o país estude, represente, reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar. [...]"..
[7] Poderei explicar mais esta leitura, que até tem consigo algo de bíblico (Jacob / Isaac). E lembrar um outro poema que se perdeu, de título "Ó Sena, põe-te à frente!" que celebrava uma questão das chamadas "guerras pílicas" com o então professor de FQ, o Dr. Luís Gonçalves da Silva, e em que a turma A toda acabou sequestrada na sala do cinema. Por isso, para mim, "engagé" no processo e apreciados os personagens à distância no contexto da época (o que leva aos visíveis e aos invisíveis), esta é uma interpretação contra a corrente, mas surpreendentemente possível - pelo que não a excluo....
[8] Se não foi assim, pelo menos pareceu ser!
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posted by LdS @ 18:30
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III
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Postagem de 2006-04-08
O cinema e o Liceu de Alexandre Herculano (LAH), no Porto
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Quando, nas recordações sobre "O Prelúdio", relembrei eu neste blog a malfadada mas interessante experiência de um "clube de cinema" no LAH, mal eu sabia que já muitos anos antes (1944) - e até referida como um precedente relevante na história do cineclubismo portuense - tinha aí decorrido por iniciativa de Hipólito Duarte Cardoso de Carvalho (1927-2002) uma notável experiência na mesma área cultural. Pois vem tudo isto relatado em
http://http://paginas.fe.up.pt/~carvalho/ccp_fundacao.html
http://paginas.fe.up.pt/~carvalho/ccp_rpardais.html
O cinema e o Liceu de Alexandre Herculano (LAH), no Porto
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Quando, nas recordações sobre "O Prelúdio", relembrei eu neste blog a malfadada mas interessante experiência de um "clube de cinema" no LAH, mal eu sabia que já muitos anos antes (1944) - e até referida como um precedente relevante na história do cineclubismo portuense - tinha aí decorrido por iniciativa de Hipólito Duarte Cardoso de Carvalho (1927-2002) uma notável experiência na mesma área cultural. Pois vem tudo isto relatado em
http://http://paginas.fe.up.pt/~carvalho/ccp_fundacao.html
http://paginas.fe.up.pt/~carvalho/ccp_rpardais.html
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Acabada a transcrição destas 3 postagens, pode avançar-se qualquer coisa graças ao nosso encontro do Porto, no passado dia 25: lembrou o Abrunhosa quem tinha sugerido o nome de "Prelúdio" - já que estávamos "órfãos" de título após a cena atrás descrita e que o Abrunhosa também recordou bem! Pois foi exactamente sugerido pela esposa do Reitor do Liceu, Dr. Francisco Sena Esteves, creio que de nome D. Olímpia [e se a minha memória falhar corrijam-me sff], mãe do nosso colega Fernando (o nº 2 da Turma A já que o número 1 era sempre o número privativo do Delfim Moura, o "Bombas"). Feliz nome, de facto. Foi mesmo!
Acabada a transcrição destas 3 postagens, pode avançar-se qualquer coisa graças ao nosso encontro do Porto, no passado dia 25: lembrou o Abrunhosa quem tinha sugerido o nome de "Prelúdio" - já que estávamos "órfãos" de título após a cena atrás descrita e que o Abrunhosa também recordou bem! Pois foi exactamente sugerido pela esposa do Reitor do Liceu, Dr. Francisco Sena Esteves, creio que de nome D. Olímpia [e se a minha memória falhar corrijam-me sff], mãe do nosso colega Fernando (o nº 2 da Turma A já que o número 1 era sempre o número privativo do Delfim Moura, o "Bombas"). Feliz nome, de facto. Foi mesmo!
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E agora calo-me por um tempo, para não me tornar "chato". Os colegas que escrevam mais! Mas que, quando matéria nova, o façam em "postagem" e não em "comentário". Se o "blog" tem em si um risco de perecimento que ainda não vi totalmente resolvido (nos textos acima vou ter de colocar "à unha", uma a uma, as gravuras porque "não passaram" bem como "não passaram" os espaços e os alinhamentos), o comentário tem-no ainda mais! Aliás no "a abrir" deste blog diz-se como fazer postagens! Só não se colocou, por razões óbvias, a "palavra chave". Mas essa ensina-se!
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Postado por ZéMiguel
1 Comentários:
Caríssimo Zé Miguel
Acabei de ver que escreveste a propósito do cinema, que tiveste uma conversa com o Abrunhosa no encontro de 25/11/06 no «Porto». Estou habituado a ouvir pessoas do sul dizerem que Gaia e Porto são a mesma coisa agora tu, um gaiense de gema, ter essa distracção causou-me admiração. Como sabes aquele hotel onde foi o último encontro está situado no Lugar das Chãs, freguesia da Afurada, concelho de V. N. de Gaia. É verdade que o Dr. Filipe Menezes e outros pára-quedistas como ele confessam que o Porto, por não poder crescer mais, está condenado a tornar-se um dos concelhos mais pequenos e até com menos importância do país e por isso começam a querer anexar Gaia ao Porto, uma vez que Gaia,além de ter sido o 3º concelho nacional em número de eleitors nas últimas eleições, tem ainda todas as condições para continuar a crescer.
Até hoje ainda não encontrei nenhum residente no sul que diga que Gaia é a mesma coisa que o Porto, mas que me diga ao mesmo tempo que o monumento ao Cristo-Rei é em Lisboa.
Enquanto for vivo e não pagar imposto o concelho de Gaia é um e o do Porto é outro.
Faço votos para que este ano a malta comece a escrever aqui para nos honrar com as suas opiniões.
Um abraço do Moreira
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