DA ESSÊNCIA DE LIMONETE AO MIJO DE GATO...
.
.
.
Quanto, no 7º ano, fomos "mudados" para a ala poente, para lá dos Labs e perto do cinema, onde tinha sucedido a tal clausura (hoje "sequestro", com direito a figurar nas páginas dos "diários") que valeu o improvisado poema entretanto perdido "Oh Sena, põe-te à frente!", andava eu procupado em fazer perfumes. Tinham-me trazido de Espanha uma "Química General", de Ignácio Puig, um Alguém se recorda disto?jesuíta que era professor de Química creio que em Portugalete, perto de Bilbao, onde se louvavam os benefícios da destilação por arraste de vapor, para extrair aromas naturais. Vai daí, raciocinei eu, extraio os aromas naturais do limonete, vulgo lúcia-lima, vulgo erva-luísa (e mal sabia eu que em Marrocos se chamava também... luísa), dissolvo-os em alcool, enfio-os num frasco vazio de "Bien-être" (creio que era esse que estava então na moda) e posso oferecer a uma donzela aniversariante uma excelente água de Colónia "made in Vila-Nova" (sem competir com a "4711" que a minha correspondente alemã me tinha mandado e que me deu alguma chatice explicativa nos correios de Gaia!). Pois bem... donzela aniversariante havia, alcool comprou-se na Farmácia Central, destilação sem vaso florentino de recolha também se improvisou com frascos e tubos, limonete existia a rodos no jardim dum amigo, aquecimento... na falta de Bunsen era à vela de pavio grosso: estavam assim combinada a tecnologia com os factores produtivos materiais, donde era de esperar o sucesso.
O primeiro precalço foi com o aquecimento: era mau, mesmo mau. O segundo foi o que saiu dali, um líquido turvo que deixou o alcool turvo e deslavado. Pelo menos cheirava e até empestava... a limonete! O terceiro foi um pequeno desconhecimento das artes de perfumaria: usam-se normalmente estabilizadores e não se deixam misturas impuras abandonadas ao ar, ou lavoisierísticamente falando, ao oxigénio do mesmo! Resultado: quando dois ou três dias passados preventivamente cheirei o franco redondo de bien-être ou lá o que era, com florinhas pintadas, o "meu perfume" tinha deixado de o ser e passara a uma perfeita simulação odorífera do mijo de gato.
Trouxe o frasco para a aula e colocámo-lo num dos ventiladores. Na impossibilidade de oferecer o seu conteúdo a quem quer que fosse, decidimos, num intervalo de almoço, derramar o alcool-mijo-de-gato naquelas ranhuras abertas nas carteiras para se pousarem as canetas e/ou outros instrumentos escreventes. Não sei quem me ajudou nisso, mas colocamos a solução alcoólica nas ranhuras de todas as carteiras e derramamos pudicamente o excedente no chão, num canto pouco visível da sala. E como era quase Verão, com as tílias carregadas de folhas, aquilo evaporou depressa. O cheiro-a-mijo-de-gato esse ficou e surpreendeu a aula subsequente, que já não pode ser ali (foi no anfiteatro do Laboratório, aberto pelo empregado Fonseca, que afirmava não saber o que se tinha passado; nós também afirmávamos o mesmo).
No dia seguinte o ambiente era já suportável, mas o mijo-de-gato, definitivamente, ainda podia ser percebido três ou quatro dias depois!
Moralidade (ou conclusão científica): a oxidação descontrolada do extracto a vapor de folhas de limonete pode indesejavelmente conduzir a um sucedâneo do mijo de gato.
Alguém se recorda disto?
O primeiro precalço foi com o aquecimento: era mau, mesmo mau. O segundo foi o que saiu dali, um líquido turvo que deixou o alcool turvo e deslavado. Pelo menos cheirava e até empestava... a limonete! O terceiro foi um pequeno desconhecimento das artes de perfumaria: usam-se normalmente estabilizadores e não se deixam misturas impuras abandonadas ao ar, ou lavoisierísticamente falando, ao oxigénio do mesmo! Resultado: quando dois ou três dias passados preventivamente cheirei o franco redondo de bien-être ou lá o que era, com florinhas pintadas, o "meu perfume" tinha deixado de o ser e passara a uma perfeita simulação odorífera do mijo de gato.
Trouxe o frasco para a aula e colocámo-lo num dos ventiladores. Na impossibilidade de oferecer o seu conteúdo a quem quer que fosse, decidimos, num intervalo de almoço, derramar o alcool-mijo-de-gato naquelas ranhuras abertas nas carteiras para se pousarem as canetas e/ou outros instrumentos escreventes. Não sei quem me ajudou nisso, mas colocamos a solução alcoólica nas ranhuras de todas as carteiras e derramamos pudicamente o excedente no chão, num canto pouco visível da sala. E como era quase Verão, com as tílias carregadas de folhas, aquilo evaporou depressa. O cheiro-a-mijo-de-gato esse ficou e surpreendeu a aula subsequente, que já não pode ser ali (foi no anfiteatro do Laboratório, aberto pelo empregado Fonseca, que afirmava não saber o que se tinha passado; nós também afirmávamos o mesmo).
No dia seguinte o ambiente era já suportável, mas o mijo-de-gato, definitivamente, ainda podia ser percebido três ou quatro dias depois!
Moralidade (ou conclusão científica): a oxidação descontrolada do extracto a vapor de folhas de limonete pode indesejavelmente conduzir a um sucedâneo do mijo de gato.
Alguém se recorda disto?
ZM
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial