LABIRINTOS DA SAUDADE - 7
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O PEQUENINOS
Foi nosso Professor de Geografia no ano lectivo de 1949-1950.
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Contava-nos com o brilho do contentamento nos olhos, como havia sido Primeiro Sargento no Exército e, estudando à noite, se havia licenciado em Ciências Geográficas de que viria a ser professor no "curso geral dos liceus"
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Devo-lhe várias coisas: uma delas foi a de aprender a fazer relatos, relatórios, monografias. Tinha eu 12 anos. Com ele descobri, então, a fantástica capacidade organizativa e clarificadora da "chaveta"!... no dia em que me apanhei com uma chaveta na mão o Mundo ficou-se-me completamente transparente, lógico, por isso muito simples, e, em consequência, muito fácil de entender...
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Também lhe devo algumas «horrorosas secas»: com profunda emoção lembro que a Bulgária produzia toneladas de rosas para a indústria dos perfumes e, também, produzia, entre mais, milho ! ... de que se descreviam os números exactos em quilos! ....Porra prá Bulgária !...
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Não referia nunca o nome de aluno a quem se dirigisse. A todos e cada um chamava de "Pequenino" . Ficou «O Pequeninos». Cognome - soube depois - de que gostava, quiça se orgulhava.
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Era Pai do nosso coetano Ramiro Valentim, hoje Prof. Catedrático Jubilado de Fisiologia e "Fundador", criador, seu primeiro director e ali seu primeiro professor, do Departamento de Fisiologia da primeira Universidade de Angola.
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Saíam ambos, Pai e Filho, às 6 da madrugada, da Póvoa do Varzim, para estarem nas aulas "do Alexandre Herculano" às 9 horas. Não havia "metro", mas havia comboio, onde viajavam toneladas de Força de Vontade. Homens de barba rija...
Rui Abrunhosa
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