Um verso de Fernando Pessoa e o mais para que houver paciência para ler, um e-mail [ou e-grama?] do Rui Abrunhosa
A abrir: Acabava eu, nos comentários da postagem anterior, de chamar nomes na generalidade aos que não vinham ao blog nem mandavam notícias, quando me entra silenciosamente na "caixa" o e-grama do Rui Abrunhosa que seguidamente transcrevo. Deixo em aberto algumas respostas, que lhe mandarei por esta via ou outra - já que não quero demorar a transcrição... e ela aí vai à puridade! Junto a foto de um flamingo de Alcochete, como primeira parte de resposta daqui, dizendo-lhe que - pelo menos ontem - ainda não tinham ido até Donana ou locais semelhantes, para as primaveris dansas de acasalamento a que se segue o dito, como na anedota do "É hoje! É hoje!"!
Um abraço meu para o Rui e para a "malta". E aí vai o texto:
Um abraço meu para o Rui e para a "malta". E aí vai o texto:
"José Miguel: Ao iniciar, há dias, e-mail para o Hernâni Maia, com o intuito de lhe agradecer a intermediação no envio para ti do texto *Metodologias do Paleio*, ocorreu-me, de súbito, a exclamação do Fernando Pessoa, por ele deixada não recordo agora onde: A minha Vida é como se me batessem com ela.
Depois de tudo o que vi e vivi, desde que disse, com gratidão, Adeus, ao "Alexandre Herculano", acho que uma tal declaração cabe bem no melhor recôndito da alma de muitos, muitíssimos - muitíssimos muitos - Seres Humanos! Tantos! cada vez mais! Por tal, até me custa, abusivamente, comparar-me com quem tão duramente sofre, mas comigo, é, foi, e, sobretudo, continua a ser, um pouco assim.
Tal explica porquê, às vezes, pareço javardo, mas infirma que eu seja ingrato...Parecerei javardo ao notar-se a demora com que reapareço, porém estou, José Miguel, grato pela ajuda que me deste "postando" por mim, em 18 de Fevereiro, o naco que, via Hernâni Maia, de mim recebeste.
Voltei a estar grato com a tua boa acção do dia 23 do" idem". O trabalho que nos ofereceste para pedagogicamente nos ensinar a contribuir para o Blog, parece-me excelente enquanto *guide line* para portadores - como é o meu caso - de um neurónio só ( esta do Mourinho, embora finamente grossa - outra frase à moda do Américo Tomás - "estive" boa)
Parecerei javardo, dizia, mas porque "a minha vida é como se me batessem com ela", não tenho, em geral, o tempo, a liberdade, e o espaço, de que muitíssimo precisava de ter para desfrutar os pequenos prazeres da saudosa partilha agarotada. Chego sempre a casa, à noite, já obtusamente esfarrapado e, assim, incapaz para dedilhar prosa. Aparecerei, contudo, sempre que me for sendo possível.
Neste comenos (que a informática me sublinha a vermelho, para me dizer que não existe ou, eu - burro! - escrevi com erro, mas que Camilo , o da nossa Avenida, usava com elegância) neste comenos, dizia, aproveito a onda para referir que senti uma formiguinha a formigar-me o ego (ou lá o que é que ela me formigou) quando me vi impresso (?), ou talvez expresso(...) ou, se calhar, mais certamente, e-presso (!) logo que por tua mão postado.
Apesar do artigo definido "A" a mais no título, e das 3 ou 4 gralhas provavelmente introduzidas pelo Hernâni para dar mais densidade ao texto..
Todavia bateu na minha atenção a ilegibilidade das 2 « Chávenas de Café Quase Amargo» do Dr Malpique . Dentro da tal dimensão do discernimento de um neurónio só, fico sem saber a *causa da coisa*. Erro meu (?), artefacto da reformatação que o Hernâni diz que teve de fazer por utilizar Mac Intoch (!) ou insídia na inclusão no Blog (...) Ponho à tua consideração esta minha preplexidão porque tinha em plano introduzir no Blog várias destas finas peças de porcelana do Dr Malpique como também reproduções legíveis do "Preludio."
As razões porque escolhi, para começar , aquelas duas, são as seguintes : a primeira tem a filosófica piada que o Dr Malpique tantas vezes jogou que acabou conhecida primeiro por meio mundo e depois pelo mundo inteiro - pareceu-me agradável «ouvi-la» outra vez. E, sbretudo, admirar o tom profético! Fazem espantar as fortunas que se realizam praticando apenas duas ou três técnicas médicas. A segunda surpreendia um *click* de amizade do Poeta Junqueiro para com Bernardino Machado não sei se antes se depois de este ter sido Presidente da República.. Alem da elegância do Junqueiro, muito bem espelhada no tratamento que o Dr. Malpique lhe dá, motivou-me trazê-lo para o Blog o facto de Bernardino Machado ter sido Pai do nosso primeiro Médico Escolar, no "Alexandre Herculano", o Dr Ângelo Vaz. Alem disto foi para mim também oportunidade de recordar o seu Neto o Prof Júlio Vaz, meu Professor de Bacteriologia na Faculdade de Medicina do Porto e o seu Bisneto, o Prof Júlio Machado Vaz, Psiquiatra Sexólogo, a quem dei aulas de Anatomia naquela mesma Faculdade. "En passant", conto que este brilhantíssimo Aluno me pediu, por meados de Maio de 1966, que lhe fizesse uma simulação do Exame Final que à época era uma Prova Oral de grande liturgia. Durante cerca de hora e meia, subindo de patamar em patamar, até tentar um "esfandeganço" final, a um nível que marcaria a classificação a presumir, fiz com ele um "catch as you can catch" que me deslumbrou! ... o "sacaneta"(respeitosamente) não falhou uma!!!
Para evocar o Médico Escolar Dr. Ângelo Vaz lembro que por Novembro de 1947, tinha eu acabado de entrar no 1º ano do Liceu um mês antes, ele percorreu todas as turmas de caloiros e por tempos de 50 minutos, em todas fez um teste psicológico aos Alunos. De que não mais se ouviu falar... Pois qual não foi o meu espanto quando a meados do ano lectivo em que eu frequentava o 7º ano, visito o Gabinete Médico ( como repórter do Prelúdio ?) e ali vou encontrar o relatório do Dr. Ângelo Vaz (então, já há muito falecido ) descrevendo o meu perfil psicológico e, fantástico!!! nele me reconhecendo!!!
Lembro-me bem da sua figura, da sua delicadeza com toda a gente, respondia-me sempre quando por ele, passando no corredor, eu lhe baixava a cabeça. Era rigoroso no que fazia pelo que posso julgar do perfil psicológico que me apanhou. Muito bem educado. E não era exibicionista...Altri tempi... Se bem estou lembrado atingiu o "limite de idade" por finais de 1947.
Bom. "Back to business": Zé Miguel ... faz lá a tua primeira boa acção da semana averiguando como poderão vir a entrar legíveis reproduções de textos digitalizados. Entretanto, se achares bem, mete-me este paleio no blog bem como os 2 anexos que lhe junto.
Será que tens modo e terás paciência para me mostrares a colónia de Flamingos aí ao lado do teu sítio? Quem sabe pudéssemos fazer um grupo com curiosos pela Natureza? Ou nesta altura do ano já se piraram ?
2 anexos:
52º Aniv Fin LAH - O Dr António Augusto Lopes com o Tigre e o Quim Vasconcelos
The Make Uppers of 52th ´s celebrations 25Nov.2006
The Make Uppers of 52th ´s celebrations 25Nov.2006
E pronto! Missão cumprida! Só não entendo por que razão vem a legenda do último anexo em Inglês. Pedido da Condolezza Arroz? Com estas memórias do Rui ficamos todos mais ricos: escrevam vocês também. Ou mandem-me os escritos que eu "posto" tudo! Agora fica pendente a resposta às questões levantadas... Amanhã, talvez! Ou depois, que a semana é complicada. ZM
Nota de rodapé: Tomei a liberdade de sugerir "e-grama" para o "e-mail" do Rui. Não dizemos nós telegrama, aerograma, fotograma... por que não nos atrevemos a dizer e(de electrónico)-grama? Aliás de acordo com ele, visto que mo 6º período, escreveu - e bem - "e-presso", mesmo com a dúvida dos precursores que o "(?)" aderente deixa antever. Como se deveria dizer "mercancia" para "commodity" (e "mercancia" é um termo genuinamente português, do sec. XVI-XVIII, exactamente usado para designar... "commodity" ou "mercadoria de mercado")? & etc, para tantos outros casos! . Os franciús, que nisto de linguística são uns alhos ao recusarem-se a tomar gratuitamente qualquer pílula, arranjaram já para esta coisa do "e-mail" o vocábulo "courriel", de "courrier electronique". Nós continuamos a dizer "e-mail" e até já li "emeile" - o que logo me fez lembrar um jornal estadunidense que dava notícias do seu correspondente em "Paree"! "Apre, kisso é bué demais!" ZM
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Nota de rodapé: Tomei a liberdade de sugerir "e-grama" para o "e-mail" do Rui. Não dizemos nós telegrama, aerograma, fotograma... por que não nos atrevemos a dizer e(de electrónico)-grama? Aliás de acordo com ele, visto que mo 6º período, escreveu - e bem - "e-presso", mesmo com a dúvida dos precursores que o "(?)" aderente deixa antever. Como se deveria dizer "mercancia" para "commodity" (e "mercancia" é um termo genuinamente português, do sec. XVI-XVIII, exactamente usado para designar... "commodity" ou "mercadoria de mercado")? & etc, para tantos outros casos! . Os franciús, que nisto de linguística são uns alhos ao recusarem-se a tomar gratuitamente qualquer pílula, arranjaram já para esta coisa do "e-mail" o vocábulo "courriel", de "courrier electronique". Nós continuamos a dizer "e-mail" e até já li "emeile" - o que logo me fez lembrar um jornal estadunidense que dava notícias do seu correspondente em "Paree"! "Apre, kisso é bué demais!" ZM
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1 Comentários:
Caro Rui,
Peço-te desculpa se porventura introduzi alguma gralha no teu texto, ave certamente menos elegante do que aquela com que o Zé Miguel abriu a tua segunda contribuição -- o flamingo.
Quanto ao artigo definido "A", declino a sua autoria. Com efeito, aquilo que sob a designação de "assunto" chegou ao meu computador no e-mail (ou e-grama) que me enviaste, isto é, "Metodologias do Paleio" ficou comigo; ao e-mail (ou e-grama) em que reenviei o teu texto ao Zé Miguel dei como assunto "Rui Abrunhosa". Assim, adensando-se o teu texto com as minhas eventuais gralhas, adensa-se igualmente o mistério do título. É que o titulo postado com o teu texto (A Metodologia do Paleio) não foi transmitido nem por mim nem pelo meu inteligente computador (Mac Intosh, no teu dizer).
Quanto às peças de porcelana do Dr. Malpique, tudo quanto recebi de ti seguiu direitinho (ou não) para o Zé Miguel tal qual chegou à minha mão -- tão direitinho que a única peça que o meu computador me revelou já era de legibilidade duvidosa; a outra não consegui lê-la (abri-la). Para melhor legibilidade talvez tenhas de sacanear ("to scan" em língua inglesa) com maior resolução.
Um abraço do
Hernâni
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