Pequenina Evocação do Amadeu da Cunha Lima
no Livro dos Novos Grelados da Faculdade de
Medicina do Porto - Maio de 1958
(clicar à esqª uma vez na imagem, para a ver ampliada)
Lembrais que a 16 de Dezembro de 2006 o Zé Miguel publicou, neste nosso blog, a participação do falecimento do Lima, ocorrida no dia anterior. Digitalizou-a do J:N.
A quando do nosso Almoço a 25 de Novembro, o Moreira deu-nos notícia dele, contando da delicadíssima condição de saúde em que vivia. Hoje apeteceu-me fazer esta pequenina pronúncia de estima e saudade. Para o efeito digitalizei, do “livrinho dos grelados”, de 1958, na Faculdade de Medicina do Porto, os versos com que o nosso Moreira brindou o Grelado Amadeu.
Enfatizo que o Amadeu da Cunha Lima foi meu condiscípulo desde a nossa entrada no Liceu Alexandre Herculano –6 de Outubro de 1947- até à nossa licenciatura, em medicina, em finais de Outubro de 1961. Na época, esta licenciatura levava 7 anos e terminava com a defesa de uma dissertação a que a malta chamava, inapropriadamente, “tese”. Não havia Bolonha. O Lima entrou comigo no Internato Geral do Hospital Geral de Santo António. Ambos ganhamos uma de entre 12 vagas, em concurso público, a que concorreram cerca de 120 médicos, na sua esmagadora maioria licenciados há mais 2 ou mais três anos do que nós. Cruzamo-nos na Guerra de Angola. Vim trazer-lhe a Lisboa um soldado da sua Companhia, o Germano, portador de Leucemia Aguda, de evolução relâmpago, com um baço que lhe chegava ao espaço pélvico. Entreguei-o no Hospital da Estrela, às 7 da manhã, depois de 22 horas de vôo Luanda-Lisboa, num DC 6, sem climatização. Pelas 7 da tarde desse dia o Germano morreu após rotura do baço. Regressado a Luanda contei ao Lima o desfecho do caso. Vi-lhe então os olhos buliçosos marejarem-se-lhe de lágrimas e fixarem-se longe , num muito longe não sei onde.
Voltei a ver-lhe lágrimas, tremendo de suspendidas, quando o vi, há já alguns anos, pela última vez. Na Barbearia Invicta, no Porto, onde, nessa manhã de Sábado, faz por agora anos, .fomos ambos cortar o cabelo e,eu, também a barba.Abraçamo-nos, em silêncio. Perpassou no salão, por entre barbeiros e clientes, o frémito que silencia, por brevíssimo instante, o bruá no cenário. Muitos olhos, pousados reflexivamente nos nossos rostos molhados, se terão entre si indagado: «Porquê ?. Como é bonita a Amizade! …»
Porquê?!... Porque o *Alexandre Herculano* construía a Amizade entre os Homens de Boa Vontade.
A quando do nosso Almoço a 25 de Novembro, o Moreira deu-nos notícia dele, contando da delicadíssima condição de saúde em que vivia. Hoje apeteceu-me fazer esta pequenina pronúncia de estima e saudade. Para o efeito digitalizei, do “livrinho dos grelados”, de 1958, na Faculdade de Medicina do Porto, os versos com que o nosso Moreira brindou o Grelado Amadeu.
Enfatizo que o Amadeu da Cunha Lima foi meu condiscípulo desde a nossa entrada no Liceu Alexandre Herculano –6 de Outubro de 1947- até à nossa licenciatura, em medicina, em finais de Outubro de 1961. Na época, esta licenciatura levava 7 anos e terminava com a defesa de uma dissertação a que a malta chamava, inapropriadamente, “tese”. Não havia Bolonha. O Lima entrou comigo no Internato Geral do Hospital Geral de Santo António. Ambos ganhamos uma de entre 12 vagas, em concurso público, a que concorreram cerca de 120 médicos, na sua esmagadora maioria licenciados há mais 2 ou mais três anos do que nós. Cruzamo-nos na Guerra de Angola. Vim trazer-lhe a Lisboa um soldado da sua Companhia, o Germano, portador de Leucemia Aguda, de evolução relâmpago, com um baço que lhe chegava ao espaço pélvico. Entreguei-o no Hospital da Estrela, às 7 da manhã, depois de 22 horas de vôo Luanda-Lisboa, num DC 6, sem climatização. Pelas 7 da tarde desse dia o Germano morreu após rotura do baço. Regressado a Luanda contei ao Lima o desfecho do caso. Vi-lhe então os olhos buliçosos marejarem-se-lhe de lágrimas e fixarem-se longe , num muito longe não sei onde.
Voltei a ver-lhe lágrimas, tremendo de suspendidas, quando o vi, há já alguns anos, pela última vez. Na Barbearia Invicta, no Porto, onde, nessa manhã de Sábado, faz por agora anos, .fomos ambos cortar o cabelo e,eu, também a barba.Abraçamo-nos, em silêncio. Perpassou no salão, por entre barbeiros e clientes, o frémito que silencia, por brevíssimo instante, o bruá no cenário. Muitos olhos, pousados reflexivamente nos nossos rostos molhados, se terão entre si indagado: «Porquê ?. Como é bonita a Amizade! …»
Porquê?!... Porque o *Alexandre Herculano* construía a Amizade entre os Homens de Boa Vontade.
Rui Abrunhosa
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