O SEGUNDO CLUBE DE CINEMA NO LAH
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Na interessante publicação que a AAALAH deu à estampa a título do centenário do Liceu [1] - e que, com todo o mérito e algumas imprecisões (ou omissões, como é o caso) reduz a nossa distância relativamente aos exaustivos anuários ou memorabília's de alguns Liceus franceses - fala-se do papel do nosso Liceu como, antes da nossa presença lá, serviu de rampa de lançamento para o Cine Clube do Porto. Certamente - mas já ignorado dos mais novos - que se conhece o papel que os Cine Clubes assumiram num período específico da vida nacional como um dos foruns possíveis para veicular pontos de vista e doutrinas que, por aqui, eram olhados de través, quando não claramente reprimidos por actividade censória.
Mas, nessa publicação. nada encontrei que referisse o "segundo clube de cinema do LAH", esse já do nosso tempo, e que mencionei na Nota 6 à postagem de 1 de Dezembro de 2006 e que,nascido sob inspiração do Padre Alexandrino Brochado quando este veio substituir o Padre Domingos Brandão, chamado a outras funções eclesiásticas (mas ainda não D. Domingos, como viria a ser), aproveitou as excelentes instalações do nosso cinema e que, como ali se disse, depois de uma fugitiva incursão no neo-realismo italiano (vi lá "O Milagre de Milão" como, pasme-se, com a ocultação de uma passagem que, se bem me recordo, envolvia um fugaz imagem duma casa de pêgas, os "Ladrões de Bicicletas"), terminaria rapidamente as suas exibições através de uma manifestação de estranheza provinda, crê-se, que de um zeloso encarregado de educação,ou talvez não, que achou existir ali um sinal de deriva certamente não encontrado quando se passou uma "cowboyada" ou "As Mulherzinhas". Não me recordo até que ponto andei/andamos metidos nisso, mas não foi apenas a nossa turma, pois vários intervieram e a maior parte do mérito - e das facilidades obtidas quanto à disponibilização formal dos filmes - ficou a dever-se à dedicação dum colega doutra turma (ou mesmo doutro ano) que era um fervoroso adepto da arte cinematográfica e até escreveu no "Prelúdio" sobre o assunto [2]. Não me refiro, obviamente, ao texto vagamente crítico sobre a então recém criada "lei do cinema", precisando (rigorosamente) escalões etários de acesso e que apareceu no nº 2 do mencionado "Prelúdio" e que deu lugar a um bom sarilho que um dia aqui se relatará mas que foi habilmente contornado - hoje reconheço-o - pelo Reitor, dando lugar, sobretudo, a uma lição prática e evidente de como então se passavam as coisas e das fúrias que se desencadeavam inesperadamente sobre conteúdos que, aparentemente, nem o motivavam, nem o mereciam. Um dia contar-se-á aqui esse caso, ad usum Delphini - ou seja, daqueles que vivendo hoje num clima de Liberdade não conheceram nem sonharam como eram esses ventos e fúrias, mesmo nas suas manifestações mais primárias. Aprendi mais nesse formativo episódio que nas aulas de Organização Política e Administrativa da Nação que nos eram dadas por um professor algo longínquo e pouco popular em razão da matéria, de que já não recordo o nome, mas que nós designávamos por dois "cognomes" em si mesmos antipódicos: o "Molotoff" ou ("aka", na abreviatura gringuesa) o "Romanoff"[3] [4].
Mas refiro-me, sim, a esse (pelos vistos) "segundo clube de cinema": alguém tem dados sobre esse "ensaio", que os possa trazer aqui? Seria deveras interessante conhecer mais sobre o assunto - que se integrava numa ideia, então partilhada, de aproveitar as oportunidades de valorização dos equipamentos e mentalidades de facto evoluídas que existiam no Liceu e que não se limitavam, certamente, às turmas do que foi o LAH-1954 mas à população escolar (docentes e discentes) que com estas, ao tempo, coabitavam [5].
Mas refiro-me, sim, a esse (pelos vistos) "segundo clube de cinema": alguém tem dados sobre esse "ensaio", que os possa trazer aqui? Seria deveras interessante conhecer mais sobre o assunto - que se integrava numa ideia, então partilhada, de aproveitar as oportunidades de valorização dos equipamentos e mentalidades de facto evoluídas que existiam no Liceu e que não se limitavam, certamente, às turmas do que foi o LAH-1954 mas à população escolar (docentes e discentes) que com estas, ao tempo, coabitavam [5].
ZM
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[1] Publicação e medalha ainda disponíveis. Visitar informação sobre condições no respectivo saite (com apresentação modernizada e atractiva) em http://www.aaalah.pt.
[2] Quando tiver à mão a colecção do "Prelúdio" na sua fase inicial, acrescentarei o nome - pedindo desculpa por o não fazer já, devorada a oportunidade no amontoado de livros e cadernos que inundam a minha casa.
[1] Publicação e medalha ainda disponíveis. Visitar informação sobre condições no respectivo saite (com apresentação modernizada e atractiva) em http://www.aaalah.pt.
[2] Quando tiver à mão a colecção do "Prelúdio" na sua fase inicial, acrescentarei o nome - pedindo desculpa por o não fazer já, devorada a oportunidade no amontoado de livros e cadernos que inundam a minha casa.
[3] Para conhecimento das sucessivas reformas liceais até à "reforma de Carneiro Pacheco" que visava uma "educação integral" sob os auspícios da M.P., vide o artigo de João BARROSO, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa (e que, por tabela, ao referir-se ao "D. Manuel II" nos interessa) "Os Liceus Portugueses: o Caso do Liceu Rodrigues de Freitas", em (se se não conseguir abrir, fazer o copiar/colar deste ebdereço no directório e aceder. Se mesmo assim se não conseguir, então é aconselhável, dando uma volta pela Alemanha, fazer o copiar/colar do endereço
e aceder às actas completas do Colóquio "Rodrigues de Freitas: a Obra e os Contextos" que se realizou no Porto, em 28 e 29 de Outubro de 1996, e onde esta comunicação - com muitas outras também de interesse - se insere).
[4] Também um dia se recordarão as actividades que a M.P. nos destinava nas tardes de 4ª e dos Sábados fazendo-nos "pietiner sur place" no grande recreio saibroso que ainda mantinha algumas árvores de fruto, esparsas e raquíticas, junto ao muro do fundo. Contar-se-ão as peripécias feitas já no 3º ciclo (quando os mais velhos defrontavam a situação mais séria da "Milícia", com fotografias de bivaque tiradas no fotógrafo à la minute do fundo da Avenida Camilo) para contornar tanta chatice marchante com a proposta criação de um fabuloso "Centro Especial de Cinema", cujas actividades úteis deveriam consistir em ocupar essas tardes com interessadas presenças nas "matinées" do Águia D'Ouro ou similar . Não tendo sido aceite tão avançada proposta, esta deu lugar a nova ideia, através da ardilosa criação de um "Centro Especial de Tiro" (justificado pelo uso que poderia ser dado às duas inactivas "Dianas" de pressão de ar que existiam no Liceu), mas cujas actividades se extinguiam após rapidamente descarregarmos pouco mais de dez chumbos per capita (seríamos aí uns seis), deixando todo o resto da tarde livre para, entregues as "armas", sairmos libertos e de corrida para a tempo chegarmos às tais "matinées" culturais nos cinemas mais próximos.
[5] Dentro desse "esquema" visávamos inicialmente duas coisas: o jornal, que começou pelo escriturado "Patascrito" no fim do segundo ciclo (cada leitura, duas cr'oas), quando nos deu para nos sentirmos "escritores" - eu ia à Biblioteca Municipal recolher elementos para uma história da Grécia - da clássica, ainda sem Euros mas já com Sócrates, o outro - que se chamaria "A Hélade" e revia gostosamente o "Manual de Fintas e Driblingues" escrito pelo Magalhães, cujo primeiro capítulo se chamava "A Finta à Inglesa", e não me recordo que tenha passado disso, como aliás "A Hélade" não passou de uma folha almaço, na contemplação muda da beldade diáfana que me fizera entrar pelas portas da Biblioteca Municipal, onde raio estará ela agora nos seus presumíveis 120-120-120 e a sobrecarga duma carrada de netos!) e a "okupação" do laboratório meteorológico, de que desistimos ao verificar que o Fonseca (recordem-se do Fonseca, da Física, no seu bigode branco) já registava e escriturava os principais dados. Depois passamos, com outros, ao Cinema, como acima se refere - não excluindo a laboriosa tarefa de "desenhar" artísticos graptolitos em boa ardósia de Valongo e que, entregues estes ao Abrunhosa (o Abrunhosa das Ciências Naturais, de bigode preto, pirisca à Filinto e careca), ainda por lá devem andar.
e aceder às actas completas do Colóquio "Rodrigues de Freitas: a Obra e os Contextos" que se realizou no Porto, em 28 e 29 de Outubro de 1996, e onde esta comunicação - com muitas outras também de interesse - se insere).
[4] Também um dia se recordarão as actividades que a M.P. nos destinava nas tardes de 4ª e dos Sábados fazendo-nos "pietiner sur place" no grande recreio saibroso que ainda mantinha algumas árvores de fruto, esparsas e raquíticas, junto ao muro do fundo. Contar-se-ão as peripécias feitas já no 3º ciclo (quando os mais velhos defrontavam a situação mais séria da "Milícia", com fotografias de bivaque tiradas no fotógrafo à la minute do fundo da Avenida Camilo) para contornar tanta chatice marchante com a proposta criação de um fabuloso "Centro Especial de Cinema", cujas actividades úteis deveriam consistir em ocupar essas tardes com interessadas presenças nas "matinées" do Águia D'Ouro ou similar . Não tendo sido aceite tão avançada proposta, esta deu lugar a nova ideia, através da ardilosa criação de um "Centro Especial de Tiro" (justificado pelo uso que poderia ser dado às duas inactivas "Dianas" de pressão de ar que existiam no Liceu), mas cujas actividades se extinguiam após rapidamente descarregarmos pouco mais de dez chumbos per capita (seríamos aí uns seis), deixando todo o resto da tarde livre para, entregues as "armas", sairmos libertos e de corrida para a tempo chegarmos às tais "matinées" culturais nos cinemas mais próximos.
[5] Dentro desse "esquema" visávamos inicialmente duas coisas: o jornal, que começou pelo escriturado "Patascrito" no fim do segundo ciclo (cada leitura, duas cr'oas), quando nos deu para nos sentirmos "escritores" - eu ia à Biblioteca Municipal recolher elementos para uma história da Grécia - da clássica, ainda sem Euros mas já com Sócrates, o outro - que se chamaria "A Hélade" e revia gostosamente o "Manual de Fintas e Driblingues" escrito pelo Magalhães, cujo primeiro capítulo se chamava "A Finta à Inglesa", e não me recordo que tenha passado disso, como aliás "A Hélade" não passou de uma folha almaço, na contemplação muda da beldade diáfana que me fizera entrar pelas portas da Biblioteca Municipal, onde raio estará ela agora nos seus presumíveis 120-120-120 e a sobrecarga duma carrada de netos!) e a "okupação" do laboratório meteorológico, de que desistimos ao verificar que o Fonseca (recordem-se do Fonseca, da Física, no seu bigode branco) já registava e escriturava os principais dados. Depois passamos, com outros, ao Cinema, como acima se refere - não excluindo a laboriosa tarefa de "desenhar" artísticos graptolitos em boa ardósia de Valongo e que, entregues estes ao Abrunhosa (o Abrunhosa das Ciências Naturais, de bigode preto, pirisca à Filinto e careca), ainda por lá devem andar.
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