LAH1954

um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto

domingo, 28 de março de 2010

QUE SE PASSA COM O BICENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE ALEXANDRE HERCULANO?

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Tenho vindo a seguir os passinhos de lã com que o País se vai pantufando quanto às celebrações do bicentenário do nascimento do patrono do nosso Liceu... tão pouco divulgadas se algumas! Hoje, exactamente no dia adequado, o JN, como suplemento "Domingo", dedica-lhe as pags. 33 a 40 do jornal, reunindo contributos de Cláudia Luís, Fernando Basto, Mário Cláudio e Vasco Graça Moura, este como entrevista conduzida por Sérgio Almeida que igualmente recolheu o depoimento de Mário Cláudio. O que fica destas quatro folhas? A notícia, e já não é mau. Uma breve biografia, que também mau não é - e a flagrante afirmação, que já se pressentia, de que Alexandre Herculano está afastado do conhecimento corrente dos jovens de hoje, de forma a que a leitura de algumas das suas obras constitui para estes exercício se não esquecido pelo menos secundarizado. Quem se recorda da leitura de "O Bobo"? Quem se recorda dos textos das "Lendas e Narrativas" inseridos nos hoje escarmentados "Livros Únicos" que, queiram ou não, nos faziam aprender Português? E dos Professores que nos falavam da "História de Portugal", do motivo por que esta ficara polemicamente "encalhada" em Afonso III (e que vinha de antes de Afonso III), da passagem do Autor pela Biblioteca Pública Municipal do Porto, ali a São Lázaro, do seu passado liberal e do seu criterioso perfil de investigador histórico, de organizador e de educador de Príncipe, das "cócegas" causadas pela sua "História das Origens e Estabelecimento da Inquisição em Portugal" e dos pruridos que igualmente acompanharam a posição assumida quanto ao regime do casamento, do seu voluntário exílio de desgostoso com a "coisa política", em Vale de Lobos, próximo a Santarém,onde o iam visitar de comboio e onde, feito lavrador, acabaria por morrer? "Progressista e conservador, católico contra o clero, político jornalista", "inovador " e "revolucionário" redescoberto, lhe chama Cláudia Luís. Será por tudo isso que nos quedamos tão discretos com esta efeméride? Será, em habitual e lusitano contra-senso, por todos os valores que isso representou (e representa)?
ZM

A tempo: Pessoa amiga, não-alexandrina mas que segue atentamente o nosso blogue (o que prova que nem só de alexandrinos é o mundo (e a poesia) feita, veio mais acirrar o meu espírito ao remeter-me para a leitura do mesmo JN, mas de 26 de Março. Logo na "prumeira page", como se diz a poucos mas alguns quilómetros daqui (por onde eu andei a 26 e por isso não li) uma chamada ao interior, à pag. 56: "Ministério ignora bicentenário de Herculano. Iniciativas previstas vão ser organizadas por privados". E na tal 56, mas começando na 55 - que é mesmo onde a Cultura começa - com um "Bicentenário de Alexandre Herculano ignorado", vem a explicação (?) da coisa, confirmando a suspeita acima e dando foros de toda a razão ao judicioso comentário do Rui a esta postagem e que se recomenda a quem lê que seja lido. "Em tempo de crise... não interessa!". Ou da "privatização da memória (como política ou como escapatória?," para mesmo rimar) , no "ao menos isso" em que nos estamos a volver (com muito azedume, a 29 do mesmo Março marçagão)
ZM

1 Comentários:

Blogger Rui Abrunhosa disse...

Tal como Socrates - o Grego - também Herculano atroou os ares com o brado «Não são vocês que me expulsam de Lisboa... Sou Eu que vos condeno a ficar...»
Espírito Científico, Amor à Verdade, Ética, Capacidade de Humildade,rejeição do Bezerro de Ouro!!!...Chissa! - não interessa!... e logo em tempo de crise?!... - Rui Abrunhosa

28 de março de 2010 às 21:37:00 GMT  

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