MORREU HOJE SARAMAGO
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Saíu o que aqui deixo, com flores de saramago, para Saramago.
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MORREU HOJE SARAMAGO
Tinha o nome da planta bela do magnificente adorno em bordos de água suave, azuladamente cristalina, silenciosa, silenciante, do Rio Tua.
Andei por lá a ensiná-las a meus Netos.
Se bem estou informado, está em risco de extinção. Quiz oferecê-las às suas Memórias Futuras, antes que as selvajarias edê-peidanas (ou edipianas?... coitada da Mãe Natureza... nas patas aduncas do portuguesallho das massas prósoffshores!!!), antes que, dizia, as destruissem naquela paradisíaca paisagem. Passamos uma manhã a fotografá-las.
Também quero de meus Netos, guardem, igualmente para sua Memória Futura, esta outra forma bela de estar com a força da Natureza Humana. O José Saramago.
Tive com ele discussões intermináveis - «in pectus» -... tantas coisas que lhe não pude aceitar!!...
Porém, ab imo pectore vos digo, quantas mais discussões com ele tive, - e nunca saí da minha - tanto mais cresceu a minha funda, fundada, profunda consideração e admiração pelo seu génio criativo, pela sua arte no pôr das coisas, pela imaginação do belo de que foi capaz, no modo seu, da sua originalidade irrepetível, de «Amar o Outro»
Quando falou ao mundo, em Estocolmo, depois de Rei Gustavo lhe depôr em mãos, o Prémio Nobel da Literatura, escutei-lhe uma das mais belas reflexões que até hoje ouvi sobre a dignidade infinita do Ser humano. Em directo, sozinho, num gabinete retirado do bulício das importâncias dos importantes.
Comovi-me...
Aconcheguei-me ao silêncio. Sem me dar conta, peguei distraidamente numa caneta de fina ponta preta e, à medida que ia repensando no que ouvira, fui, sem me dar conta, fazendo um retrato de Saramago, numa folha de papel para notas ,que me apareceu pousada em cima de fotografias de microscopia electrónica,que eu fizera tempos antes e esperavam pela minha leitura.
Saíu o que aqui deixo, com flores de saramago, para Saramago.
Vou ter saudades das discussões que tivemos...José! Como Vês agora, Êle Amou-te. E Ama-te. Infinitamente Muito .
Rui Abrunhosa
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