Visita rápida ao LICEV ALEXANDRE HERCULANO, por Rui Abrunhosa
Cedi à tentação! …agora e logo ela pica-me, há anos… Desta vez não resisti. Abriu-se-me uma fenda na gaiola dos deveres profissionais e enfiei o carro para lá.
A entrada é única. Estava fechada no nosso tempo. É a do ponto central da fachada do edifício, com acesso imediato ao “corredor da Reitoria”. Neste, estadia uma simpática e diligente recepcionista, a Senhora D. Regina, dispondo de várias e facilitadoras comodidades de que, entre mais, notei a de uma central telefónica. No meu caso, anunciando-me como antigo e provecto aluno, depois de expor o meu desejo de um rápido relancear de olhos pelas instalações de mais fácil acesso e, também, de uma primeira visita à «Sala Dr. Cruz Malpique», suspendeu a mão que já buscava o telefone, levantou-se, pediu licença, entrou na porta em frente a si, de acesso ao Gabinete da Senhora Presidente do Conselho Directivo – no mesmo espaço onde foi o Gabinete do nosso Reitor, o Dr. Francisco Sena-Esteves, como lembrais, o Papá Chico . A Senhora Presidente, a Dra. Berta de Carvalho, estava em trabalho conjunto com dois Colegas. Poucos segundos depois (segundos, não é gralha, por troca com minutos) manda-me entrar, inteira-se dos meus desejos, interrompe-se no que laborava com os Colegas, a que pede a escusa de alguns minutos, sai comigo, leva-me ao (para mim) Vestiário a D. Aninhas, bate à respectiva porta, que logo se abre, e exclama: esta é a Sala Dr. Cruz Malpique – a nossa Biblioteca – onde, nas estantes, se guarda porção significativa do Espólio Literário e Intelectual do Dr Malpique!!!
Fiquei siderado! Ali! Tão junto de mim, o Dr. Cruz Malpique! O muitíssimo dele. Dos seus silêncios. Das suas ruminadas leituras. Da sua sofreguidão de criticamente conhecer. Do “seu Montaigne” passeado nas cochias da sala de aula, de lapinhos na mão, ou mesmo atrás da orelha, enquanto fazíamos a «chamada escrita».Do seu contar do que sabia. Do culto da perfeição. Da Arte no dizer - ou escrever – simples, transparente, com “risca específica” ( como noutras e muitas circunstâncias gostava de marcar) deixando a dedada bem moldada, com todas as suas impressões digitais, no barro de moldar Homens *a Haver* (diria o Pessoa). Tudo com muitíssimo, finíssimo e superior sentido de humor!
Senti um aperto suave na garganta. Na sala trabalhavam três Senhoras Professoras do Júri Nacional para os exames
Depois a Dra Berta Carvalho convocou uma assistente a Senhora D. Sandra e pediu que me abrissem a piscina. Vejam-na aí ao lado. A funcionar com padrão de segurança e higiene apropriado.
Voltei pelo «recreio» central, onde uma tília já foi trocada por outra e agora há mesas e bancos de pedra na sombra das árvores, passei a pérgula, acedi ao “jardim da reitoria”. Colhi imagens, em função da iluminação de que dispunha, pelas quase 5 da tarde.
Era sexta feira, não quis atrapalhar a ninguém os “preparatórios” do “S.João” e por isso retirei-me.
Não tenho génio para descrever sentimentos, emoções, lembranças. Ouvi a voz ás Pessoas, o bruá dos intervalos, o estilhaçar dos vidros com os jogos do lencinho, a gaguês do QueDias a campainha que ordena o fim do intervalo e liberta, voseadamente, no fim da aula!..
Tudo muito esmeradamente limpo e bem cheiroso. Na «Sala Dr. Cruz Malpique», porém, havia cheiro a môfo, o que notoriamente preocupa quem ali dirige . Extrema simpatia para comigo de todos os que me atenderam, me apoiaram e me prometeram abrir a porta sempre que eu quisesse voltar.
Vou Voltar. O nosso LICEV - vejam na pedra da frontaria! – foi lindo e está muito lindo.
Lá, na frontaria - bela!! - tem, à direita, citação do Alexandre Herculano que por aqui vos deixo.
Por fim: apreciem o “Ex Libris” do Dr. Malpique.
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