LAH1954

um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto

sábado, 25 de maio de 2019

PEDAGOGO DE RARA ORIGINALIDADE






DR. FILINTO 
ELÍSIO VIEIRA DA COSTA








ORIGINALÍSSIMO PEDAGOGO


Por Trave Mestra - de Mestre - o Bom Humor. Por Pedra Angular o Rigor Científico. Por Bússula, a Análise Crítica. E está feito o retrato do Dr. Filinto... ai!... esqueci um cigarro de tabaco de onça, enrolado à mão, já fartamente usado e, de cansado, esquecido no canto do lábio, com molhada nicotina a marinhar pela mortalha acima, ou abaixo. ..

Então a  Trave : Finíssimo bom humor , dizendo aqui e ali coisas muito fortes, mas sempre em termos da mais elegante fineza e elegância.

Em suas aulas, usava as gargalhadas como arma de arremesso de conhecimento novo ou de normas para mudanças de comportamento.

Ouviam-se cá fora.

Quem está na sala? Perguntava no corredor o passante. O Filinto, respondia o coquiper do passante.

Época de infecções respiratórias, por meados de Fevereiro. Fez agora cerca de 68 anos. O Professor titular da disciplina, o Dr. Balacó , adoecera com uma dessas, de atirar fora os bofes com uma tosse que já não há. Tudo acaba! Até a tosse.

Recentemente entrara em vigor o esquema das "aulas de substituição". Trinta alunos sem aula de Ciências Naturais. A tal tosse já percorrera os corredores em pressurosas difusões dos noticiários de intervalo («lúcido» - Pessoa).

Os pele vermelhas exultavam com um feriadégues. Porém, para substituição, surge o Dr. Filinto que começou por se inteirar das pernas molhadas pela grossa chuva. Chamou o Sr. Abrunhosa e pediu-lhe para buscar molhos de jornais, instruindo a maralha sobre como fazer uma falsa calça seca e quente, com os jornais, dentro da calça molhada.

De seguida, começam perguntas. Bem feitas. Para espevitar sonolentas circunvoluções cerebrais. Instala-se a curiosidade. A propósito e, para relaxar, engata, por associação de ideias, a  história de quando  teve de defrontar um lutador de luta livre, dos do Parque das Camélias.

Descreve o lutador, mas não aprofunda a causa da acontecência. Dr. Filinto era um finguelinhas de metro e sessenta, quando muito, e meia dúzia de quilos...

- «Sim, porque nessa época eu não era como sou hoje, eu tinha um punho como a coxa de uma mulher gorda! Quando tirei o casaco e levantei as mangas da camisa, o lutador da luta livre pirou-se logo pelas frinchas da porta». Gargalhadas.   Muitas e irreprimíveis gargalhadas...

Bom humor. Ganhou logo a turma de 30 bicos com quem nunca tinha trabalhado. 

Contava meu Irmão -  dele foi aluno dois ou três anos -  que quando alguém dizia uma calinada, logo o Dr. Filinto se insurgia: «... vai prá pata que te pôs!...»....gargalhadas, nomeadamente do "posto pela pata". Consequência?, nunca mais na vida o "posto pela pata e tuti quanti" se iriam esquecer do tópico, do conceito, da substância,  dos  significados.

E então porquê certas mulheres têm a coxa como a coxa de uma mulher gorda? E lá vai um magnético descrever, com a ciência do tempo, de arestas um pouco limadas, para não arranhar, a condição que levava uma mulher a ter uma coxa como a coxa de uma mulher gorda. Metia tiróide, um pedaço dos ovários e bastante de pâncreas, com uns "póses" de hipófise e, depois de tudo bem cozinhado,  o surgimento, entre mais, de uma diabetes melitus.

Às gargalhadas pegara ideias fulcrais sobre o metabolismo da mulher que tem uma coxa como a coxa de uma mulher gorda! éramos de quinze ou dezasseis anos... e já nos deixava ficar a saber o porquê das coxas como as coxas duma mulher gorda!


Ahh! esquecia: a coxa como a coxa de uma mulher gorda não vinha no Livro Único, mas a turma levitou, com a saborosa delícia do novo. E já agora, uma notícula:  o livro único trazia o licopódio, com direito a desenho e tudo...

Deve o escriba assinalar que esta foi a única ocasião em que co-habitou em sala de aula com o Dr. Filinto e nunca fora dela. Não pode por isso estender-se muito sobre um histórico do Dr. Filinto. Só de ouvir dizer ou de ter perguntado ... mas, embora assim, passemos ao segundo traço do "retrato do Filinto".

Pedra angular da sua pedagogia, o rigor científico. Mais do que obrigar o aluno a ter(?) conhecimento novo, semeava, cultivava no aluno, postura do rigor na vida e, por consequência, na vivência da ciência, na perscrutação de significados ante o facto novo, (ou velho...). Inculcava o aprender a aprender, o aprender a ler a natureza, o aprender a cogitar, quiçá soluções ou propostas de soluções outras, para um certo já visto e arrecadado. Contava do Galileu e de outras acontecências no mundo da Ciência, demonstrativas das respectivas centragens ou descentragens no rigor científico. Ora aí está: embriões de epistemologia, para mais tarde cada qual desenvolver, ajustadamente, no e ao seu campo de vida. (by the way, ou jágora: a meia dúzia de dias para se escolher quem seja confiável para construir um futuro decente para a Europa e, por arrastamento, para muita gente fora dela, cada bico que bota papel na urna foi a tempo e horas apetrechado com ferramentas da epistemologia para o fazer? é com visitinhas, parvas, corridas, a correr, a beijocar, a olhar pró lado, visitinhas dizia, ou à fabriqueta do gajo do partido ou à banca da Peixeira e à banca da Mulher das peugas e cuécas, com copos e bolinhos de bacalhau, a fingir, e, pelo meio, tudo misturado e bem remexido, com música de Quim Barreiros, que se propõe o que haverá ou haveria de ser desfibrilado para se compreender o que lá está dentro, e, enfim, com conhecimento escolher?... não, não há proposta de material para desfibrilhar, compreender, e depois escolher. Só há grandes interesses de alguns, pequenos interessesinhos da maioria que bota papel e nenhum interesse por parte da grande maioria que não aparece. Não houve escola nem ontem nem hoje...não há papel... dos que andam aos papeis...a Pôva!)

Por fim a bússola na busca do norte. A busca pela análise crítica. 

Anos quarenta, princípios de anos cinquenta. Imperava o Livro Único, que só de muito longe a longe era mudado, em geral para pior. Aí, Filinto, qual cisne - negro - poetando sobre a água tranquila de quem sabe muito calmamente o que faz e ao que vai, convidava um aluno para ler uma qualquer página do ex-ante livro. Pedia depois para repetir a leitura, de vagar, batendo bem as palavras e a pontuação. Ouvido assim o texto, com o espirito suspenso, de quem está mesmo à espera de que salte de repente a perdiz, porque vai saltar, não se tinham dúvidas, convidava então o Dr. Filinto, outro aluno, para uma outra colaboração (claro, os alunos tinham a noção de que estavam colaborando no desenvolver da aula).

A este segundo aluno Filinto pedia fizesse um esforço para "esfiar" o texto, por forma a ficarem separadas ou separados, ideias, temas, aspectos, conceitos, pronuncias, descritivos, significados, mensurações compatibilizações, enfim pedacinho a pedacinho os pedacinhos com que no texto se construía a
peça, suposta pelo autor como válida. Em seguida convidava a turma a levantar o braço para pedir licença  para opinar, sobre os pedacinhos, pedacinho por pedacinho, sobre associações alternativas dos pedacinhos, quiçá não alinhadas com o alinhamento que o autor produzira, para concordar com o autor, ou para retirar e porquê conclusões em alternativa, enfim! Depois de alguma agitação da turma, o Dr. Filinto começava também a meter "bedelho", sei lá, só para tirar uma vírgula ou meter "apesar de", por exemplo, e para começar.

Com mão de Mestre começavam a surdir iluminações e, rapidamente, a nova realidade: o texto no livro único - descobria-se -  era afinal, um desconchavo, um nada, ou, pior, uma gargalhada. E aqui sim! o Dr. Filinto dava meia volta e, em bicos de sabrinas pretas, volteando o capote amarelo e vermelho dava a faena por acabada. Estava feita a análise crítica daquela peça. O aluno entrou às escuras e saiu iluminado. O livro único ?... uma merda, nem em português estava escrito. O aluno tinha feito descobertas até às "últimas consequências". No crepitar da chispa que salta, tinha percebido que para saber Ciências Naturais e, mais difícil ainda, saber delas dizer, ser da «União Nacional», não adiantava puto. Nem para aquilo nem para nada... a não ser para se fazerem chefes de quina, de castelo, e de bandeira, e, oportunamente, amesendar  tacho sem trabalhar... mudando os nomes aos paliá vódia... afinal como agora, né'... ( para não correr o risco de ofender alguém, ponho a coisa em grego antigo) .

Para resumir: Filinto Elísio,  se me permitem parafrasear Eça de Queiroz, (quando conclamava que «não há nada que resista a que lhe passeiem duas gargalhadas à volta»), levava seus alunos a passear duas gargalhadas à volta da "sebenta" que tinha o pomposo nome de "Livro Único". Empapando a aula de bom humor, convidava os seus alunos à analise crítica, a fortalecerem sempre, ao longo da vida, a capacidade de análise crítica, sem perderem nunca o sentido do bom humor, porém não ofensivo, e tudo com extremo rigor científico.

Tudo isto caía no goto dos seus alunos. Ficavam sempre à espera - como depois dos concertos, no caso depois de terminadas as aulas do dia - de  mais e mais um encore.

E assim se compreende essa coisa tão extraordinária que foi  "a Núvem"... 

A Núvem era uma Coisa Forma, ou uma Forma Coisa, globosa, de diametro progressivamente maior , a ponto de acabar por saltar fora do passeio, com risco da própria vida, pois as ruas de António Carneiro e de Barros Lima, á época, tinham transito automovel e a segunda de Electricos também, o 15 e o 15e, nos dois sentidos. A forma globosa era feita de corpos jóvens, com orelhas esticadas, para se poder não perder pitada do que o Dr. Filinto ia dizendo. Sempre a curiosidade pelo novo. Sempre a capacidade  de magnetismo e de sedução. Sempre a alegria de sentir que até na rua ia enriquecendo  jóvens, o jóvem espírito de jóvens . 

A Nuvem começava a formar-se na Avenida Camilo, subia António Carneiro e Barros Lima e dispersava à porta da residência do Dr. Filinto, na porção já plana de Barros Lima, numa moradia convizinha das do Prof. Noémio Curado e do Dr. Luís Afonso, formando as três um conjunto interessante porque muito idênticas umas às outras, até na azulejaria que as revestia. Aínda lá estão e já vinham dos princípios do sec. XX. Num trajecto para 5 ou 7 minutos a nuvem ia-se detendo agora e logo durante muito mais de uma hora.
Que de aculturação !!!

Mais tarde o Dr. Filinto comprou um Morris pequerrucho, então muito popular. Não demorou - táva-se mesmo a ver, né? - que o esbarrasse. Entretanto o Morris acabou com a núvem na rua, mas ficou sempre, na época de exames de Julho, debaixo das frondosas tílias do "recreio do meio".

 Dr. Filinto, originalissimo pedagogo, de provecta idade, sempre de prisca de mortalha e recoberto de jóvens, incansaveis estes na curiosidade e no prazer de o ouvirem.

Que de aculturação !!!...

Rui Abrunhosa
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sábado, 13 de abril de 2019

FUTEBOL E PORRADA NA SALA DE AULA !!!:::







DOCENTE VIOLENTAMENTE AGREDIDO


NA SALA DE AULA

E NA DIRECÇÃO DE TURMA



Ora então é assim e vem no JN - Jornal de Notícias:
















Faz agora cerca de um mês, foi aqui elaborada  a última contribuição para o nosso (so called) "blog"(.
Nem de propósito: ocorre, afinal, o imbrincar-se  do material então de Março com este de Abril e até com o de Fevereiro.

Tudo neles tem um grande eixo comum: o sistema educativo é ou não é falso, oferece ou não oferece sucesso, se está ou não está conseguido o grande desiderato que venho pedindo há décadas. Pedi para meus Filhos, pedi para os meus Netos, pedi para todos os Filhos e Netos deste país, já não vou a tempo de pedir para a minha Bisneta. E que venho pedindo?!...Não mais do que um grade mundo de afectividade, de responsabilidade, de férrea disciplina, de coragem, de  estrita competência, de esterilização absoluta das politiquíces, dos politiqueirôtos, dos grupelhos movidos pelas ansias de poder, do control, do donismo, do narcisismo do servilismo do pequenéco mercantilismo.

Desparasitado das burras loiras que não pagam impostos, mas se espesinham umas às outras no instante em que se afixam pautas com as classificações dos da turma do Filho, não para lhe conhecer a nota, mas para ver primeiro, primeiro... imagine-se!  não inventei, recolhi o facto... a nota dos dele colegas e seus directos "concorrentes"(?), julga a burra loira, com a afiada lâmina de aço do seu desbocado egoismo, com que estrelhaça tudo na frente, para dependurar o menino no cavalete duma falsa importância com  que vai ser toda a vida infeliz, porque por todo o sempre odiado..

Ao contrario, peço Sistema brotado da liberdade absoluta e responsável,  sustentado na força do pilar   da solidariedade, onde o génio de cada qual não é deitado ao balde do lixo, só porque não tem quem fuja aos impostos e roube por ele, para pagar a private fine school  que fabrica notas a martelo para poder meter o mini gajo na university.

Sim, um SISTEMA EDUCATIVO PARA TODOS E PARA CADA UM. Tout court!...

Ningém pode ficar de fora, todos, mas todos, enquanto cada um, tem de ter o Sistema especificamente desenhado para si.

Não, não é a burricada do utópico. Olhem, só e para começar, o que já está a fazer o Alexandre Herculano com a educação integrada de alunos com surdez . Trata-se ela de actividade, considerada pelas grandes autoridades na educação, mundiais,  de exemplar e de referência. Então de que estamos à espera para fazer o resto...

E o resto não é "despejar" numa sala de aula de 20 ou 30 bicos mais 2 ou 3 com deficites acentuados de cognição, por exemplo, ou em cadeira de rodas num edifício com escadas, sem elevador e onde não têm onde ir mijar, atrapalhando a rentabilidade dos 20 ou 30, não dando rigorosamente nada aos infelizinhos 2 ou 3 e deixando uma isolada e abandonada professora estrelhaçada na dignidade profissional  que lhe devia ser e não é outorgada... Isso é burla, está disseminado no Portugal democrático (ai que boa piada!) e só tem por objectivo aldrabar as estatísticas anuais para Bruxelas para afirmar lá que o sistema cá está integrado. Estão a gozar comigo , ou quê?!...Não inventei, recolhi factos...recolho factos há muitos anos...

Tive o privilégio de estudar, in loco, o Sistema Educativo da Suécia, a convite do Instituto Sueco, uma entidade governamental, com estadia em três grandes regiões do país, uma com ambiente intensivamente urbano, o da capital, Estocolmo, outro intensivamente rural e votado à agricultura e um terceiro centrado na industria, nomeadamente de construção naval - Malmo.

A Suécia está dividida em oito regiões , com autonomia total, mas interagindo numa fortíssima consistência interna, cimentada entre elas com um cimento que só o Espírito de Nação, o respeito mutuo e a funda solidariedade entre todas cimenta. E claro, também  no âmbito da Educação.

Estas três regiões foram-me apresentadas, e nisso fui cuidadosamente monitorizado, a tempo inteiro, pelo responsável máximo - Doutor Ingvar Sandling - de uma das oito acima referidas regiões, no que respeitava à educação integrada e á autonomisação  de educandos portadores de deficites cognitivos, inclusivamente de condição o mais inimaginavelmente  profunda. Na Suécia não há  um único cidadão, miúdo ou graúdo,  deste grupo, a viver numa cama ou preso, imutavelmente  numa cadeira de rodas. Todos têm - cada qual - uma resposta moldada para a sua originalidade irrepetivel, a que cada qual é..

O facto de, para minha observação, terem sido escolhidas aquelas três tão diferentes regiões, visou puder eu contemplar a condução dos processos adaptada por cada região às suas próprias especificidades. De adaptação em adaptação, para grupos cada vez mais restritos de educandos, assim se termina com originalidade, na solução para o educando de originalidade irrepetível. Toda esta construção do Sistema - sim, agora sim, isto é um "SISTEMA"- está submetida a um dogma: ninguém é mais Pessoa. A Dignidade da Pessoa é infinita e rigorosamente igual para qualquer Pessoa. Pessoa por Pessoa, cada uma, tem o Direito de receber o e do Sistema o que lhe é especificamente seu. É do que assim recebe porque apropriadamente desenhado para si, que desabrocha o sucesso que lhe é o apropriado para si.

Aqui chegados leia-se o que mais, na antes referida notícia, em salientador encaixilhamentento,escreveu o JN .





Tinha que ser, não é? 

Não tendo nunca sido implementada a Lei de Bases do Sistema Educativo, legislada pelo Parlamento, já há décadas, e que estava, desde logo, sujeita a prazo de dois anos para a respectiva implementação, não tendo sido implementada tal lei, dizia, com lisura de processos, sem escatlógicos requintes, até também de malvadez, que admira que se partam agora lâmpadas de tecto na sala onde corre a aula jogando-se a bola, e onde, sendo proibido o uso do telefone , se peça, por TM, licença ao papá, para assaltar o professor, com o intuito de, a soco e a pontapé se lhe tirar a confiscada bola e, já na direcção de turma se atire com o Professor de catrambas com um pontapé nos testículos, e mais, não tendo desaguado aquela lei de bases num límpido, cristalino, Sistema Educativo Para Todos e Para Cada Um, que admira que a Senhora Professora tenha sido agredida a soco  do que demos notícia há semanas, que admira quando centenas de docentes são agredidos todos os anos, que admira todo o inenarravel sofrimento  esventrado pela investigação sociológica que o JN relata e aqui logo acima se reproduz, que admira a tragédia dos centos de milhares de portugueses abandonados nas valetas dos caminhos da educação e, portanto da realização de vida a que nasceram com direito. Inaceitável numa Sociedade Sã. Cidadãos de 3ª?, não, de 5ª!. Portugal? Democrático?... Que boa piada... (de muito mau gosto)....

No Sistema Educativo Para Todos e Para Cada Um, a ou o infeliz professora ou professor não estão sozinhos na sala de aula. Não, são Felizes porque estão sustentados pela intervenção em grupo, de reflexão quinzenal, caso a caso, para cada discente, grupo este constituido por especialistas em pedagogia, psicologia comportamentalista, psiquiatria, pedopsíquiatria, medicina generalista, oftalmologia, otorrinolaringologia, sociólogia (este a quem cabe, entre mais, fazer organizar o estender de programa educativo e  de  realinhamento comportanental ao agregado familiar ou outros alvos em causa). Não é fantasia! eu vi! , e até assisti a uma dessas reuniões, que, por gentileza foi discorrida em inglês, já que eu não conheço a língua dos suecos).

Detalhe, só para exprimir o exaustivo da trabalheira que isto lhes dá: não é o papá ou a mamã que diz o que o ou a artista vai ser. É um longo e altississimamente responsável e pensado processo, multi factorial, que termina com a conclusão de qual é a vocação e o caminho a seguir para plena realização na vida.. Não é o cirurgião que vai usar "bué"de cunhas, telefonemas, cochichos com os das reuniões à noite às escondidas, ou com os do partido, do clube da bola ou o dos auto-proclamados "finos", quem vai fazer uma vítima fazendo-a um borrabotas e falhado cirurgioto, infeliz, toda a vida, precisamente porque caiu na ratoeira da arrogância e do orgulho do papá que sem olhos na cara lhe ofereceu afinal uma vida falhada, e, por arrastamento, quiçá, logo depois, a vida falhada de uma família, alcool, tabaco duro, psicofarmacos, conflitos com toda a gente que sei eu... que sei eu? sei ... a ética médica obriga-me a morrer com o que sei... Sim, fiz retrato robot, não posso rachar a ética..., mas eu vi, continuo a ver... País descarnado, na miséria dos comportamentos. Eu vi, na escandinávia, numa sala anfiteatro para 200 alunos, todos encostados uns aos outros , ombro com ombro, um professor distribuir os pontos e papel para respostas escritas, e, chegado ao termo da excursão pelas coxias, perguntar : toda a gente recebeu? tada a gente tem caneta? ... têm 2 horas para responder. Não esqueçam pôr o vosso nome no cabeçalho. Depois - apontando para uma das alunas da primeira fila - entreguem a respostas aqui à Ingegerd.  Tenham muito boa tarde. Até amanhã.

 Aos 18 anos de idade,  era o caso, quem é que se autoriza a si próprio a olhar para o lado!!!...

Pois bem: voltando *a vaca fria ... é o Sistema que descobre vocações e as encaminnha. O Sistema cuida, com a precisão de uma equipa que encaminha e faz pousar na Lua as pessoas que andam por lá a dar umas passeatas e as trazem de novo de volta, felizes, para todo um resto de vida. Todos ,  os que foram e os que ficaram a garantir o sucesso. 

E aquilo com que se compram os melões? Pois, todo. Todo o investimento para que o Sistema funcione impecavelmente e, com justeza seja pago quem sabe o que anda a fazer e a fazer fazer.

Mais, a quem não teria modo de pagar o que vai receber, - pois - never mind - o serviço é prestado gratuitamente. Porquê? porque na Suécia os senhores deputados andam de bicicleta, e os de longe de Estocolmo não vêm a casa de avião de borla, todos os fins de semana. Têm garantido um T0, este sim de borla, cuidam deste, lavam a camisinha e a cuéquinha e fazem o jantarinho eles próprios. O estado sueco auto administra-se sem gastar quase metade do seu orçamento em vinho... porque o holandez estava certo e foi corajoso quando o disse. Por cá, quem relincha, relinchou coisas horríveis sobre a desfaçatez  do Senhor alto magro loiro de fato azul e que se farta de se rir... de nós.

Concluindo: o miúdo de 12 anos que socou e pontapeou os testículos do seu Professor não é réu. É doente (talvez ?), e, se sim, sem assistência médica. Dele temos  uma certeza absoluta:é fruto de circunstância de vida absolutamente inaceitável, numa sociedade que estrebucha, dizendo-se democrática, no século XXI, na Europa dos 28. Não, não é democrática uma sociedade  assim, castradora e descerebradora. Não, não é democrática. Um  miúdo de 12 anos ímpregnado toda a vida de tudo  o que nunca devia ter visto, ouvido e vivido não é réu. Um miúdo que vai passar a vida até à velhice a fazer crimes horríveis, não, não é réu. É vítima. Foi estrelhaçado por TODOS NÓS até dele conseguirmos fazer um criminoso metido numa cadeia durante 25 anos. Lindo Serviço!!!. Foi-lhe alguma vez outorgada a cidadania portuguesa? ou meramente ninguém se esqueceu de o atirar para o balde do lixo?!!!

Não é réu, é vítima. 

Não há rapazes maus!, conclamou uma vida inteira de Sacerdócio o Pdre Américo! Recebeu miúdos destes, na Obra da Rua, aos centos, aqui e em África. Fez deles Homens, vertebrados éticos, morais, válidos para a Sociedade, até profissionalizados e mesmo licenciados. Foram acolhidos e - truque bem lembrado - Amados.


Temos todos , mas todos, que lhes pedir desculpa , aos meninos  de 12 anos que no país polulam, aos Senhores seus Professores e às Senhoras suas Professoras, que entre mais, até com cerca de sessenta anos, continuam, heróicamente, a dar-Se para que Outros, que lhe são confiados, cresçam. Digo todos porque todos temos culpa própria no estado a que isto chegou.

Quem tem lycopersica in su situ para meter esta skatos nos eixos?...


Rui Abrunhosa
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terça-feira, 12 de março de 2019

CASA DE CULTURA E ACULTURAÇÂO






LICEV ALEXANDRE HERCULANO
  
   CASA

DE CULTURA E DE ACULTURAÇÃO


Instruir é uma coisa, 
aculturar é outra.




E bem diferente. Mas com nacos de justaposição, e até de fusão, dos diversos planos por que se desenvolvem e crescem. 

De resto, repita-se o que há poucos meses, numa                            e-mucandadiziamos  a propósito do  local mais baixo, do sítio mais alto. (Esta saiu, em  discurso oficial, do Cabeça de Vitela,   falando da Cova da Beira, quando visitava esta cidade na Serra da  Estrela). Repita-se, dizíamos, com nossa mui farta e doctta ignorância: Instruir é proporcionar conhecimento, aculturar,  é moldar comportamentos.

Quem, pulas carteiras daquele Licev  desgastou e rompeu fundilhos, se não lembrará das aulas de um Doutor Brandão (Doutor pela Universidade Pontifícia de Roma, depois Reitor do Seminário Maior do Porto e, finalmente, Bispo de Leiria , depois,  Auxiliar do Porto, e que jogava futebol com os alunos mais velhos), abordando temas como os da compreensão dos significados e significâncias, de aspectos crípticos de narrativas do Antigo Testamento, ou do fabuloso, fantástico curso, que fez, com dissertações absolutamente magnéticas, durante um inteiro ano lectivo, sobre a Sexualidade?(0)

A quem lhe terá sido possível não se deixar embeber pelos contos de acontecências da História, divagadas pelo Dr. Malpique, a partir de historietas da historinha portugaleira, em plástico nacionalista, do Portugalito da época?.

Historinhas portugaleiras? em plástico nacionalista? ora leia-se, por exemplo,  o ensaio de Vitorino Nemésio sobre o Infante, o Camaradão, o Alto Nobre, pois claro, Henry the Navigator.  Nunca  pôs uma extremidade podálica num único barco, mas, só numa encomenda, abarbatou 400 escravos retirados  às suas Famílias do hoje Senegal. Distribuiu-os depois pelas vastíssimas propriedades que por cá detinha por todo o lado. 

Ou  quem não  impregnou a memória  com História de outros poisos da humanidade, de outras terras, de outras gentes? 

Como, setenta anos depois, me lembro  das maravilhas contadas por Malpique, sobre o Egipto! com um rio que pula e dança e avança , como uma criança...parafraseando Gedeão, mas, depois, se agacha e deixa no lodo a matéria orgânica dos bifes com salada a haver..., a civilização egípsia, a arte, a ciência, a agricultura  dos egípsios! Cinquenta e seis anos depois de descobrir Cleopetra, pela mão de Malpique, e como foi requintado dizendo de sua beleza, comovi-me contemplando longamente, silenciosamente, numa vasta e muito alta parede, a  elegantissima e gigantesca figura desta  senhora, em Denderah, cerca de 120 Kms a norte de Tebas, para Malpique, Luxor para a Agência Abreu. Enorme, levíssima, bela, epípsia. Comovi-me, quase em lágrimas, numa gota que ameaça cair, mas não cai, de meus olhos, subitamente com os apenas 12 anos do menino do 3ºA nª16 , hipnotizado, então e de súbito, agora de novo. Aculturação, desenhada, riscada a diamante na memória para toda uma vida. Numa Casa de Cultura.

 Que nem todos eram tão egípsios assim, como por exemplo, os sacanas dos Sumérios. Davam porrada,  em fosse quem fosse que lhes aparecesse pela frente...ah!, mas já sabiam escrever em "suporte"de barro. Como me atordoei vendo tantas dessas placas de 6 ou 7 por 5, no museu de Ancara, cobertas de caracteres em feitio de mini cunhas.  Não sabiam fazer a barba. Punham-nas  numa cesta para a dita cuja...e eu só tinha 12 anos quando com o Malpique descobri os sumérios ...

E como, 70, 69, 68, 67, e 66 anos depois, todos nos lembramos das formas de dizer, deste pedagogo, de alma calma, límpida e, por isso, transparente!...«Eu não faço mais do que malpiquizar o que outros já disseram ou escreveram...» dizia de si mesmo. Falou para as nossas ambas e duas  bem arrebitadas orelhas, durante 3 anos sobre História, 1 ano sobre Psicologia e 1 ano sobre Filosofia. Deu para (assim se cacareja hoje), aculturar e muito. Leiam-lhe a obra «Uma filosofia da Cultura» ( Edição da Livraria Ofir, lá pelos anos sessenta - não tenho ao pé da mão onde ir ver) e já se entenderá melhor o que para dizer tátá me não chega a língua.

E lembranças das manhãs de Julho, das camonianas frescas e ledas madrugadas, desfrutadas debaixo das tílias, em tempo de provas orais, com gargalhantes ninhos de salalé, plurietária , encriptando o Dr. Filinto, lá no fundo do caroço do molho de cabeçorras, onde  seu corpinho hipoestaturado, cambaleante, de cigarro de mortalha lambida, colada no canto do lábio inferior, com capilaridades trazendo saliva nicotinizada daquele para o papel, com voz grossa e velada, emborrachada de tabaco, irradiando simpatia e a sedução pelo novo, pelo mundo, pelo psiquismo escorrido do riquíssimo humor, do rir à gargalhada, ou de rir para dentro o resto do dia, ou para o resto da vida. 

Lembranças consoladoras, mais tarde, nas horas tristes da vida. 

Sim, lembranças, quem as não tem? quando se desembrulha a noitinha, de vagarinho, com um piquinho de frealdade a penetrar recantos intimos.

 Do mesmo modo, quem não lembra do Padre Albano, do Colégio João de Deus, em seu fatinho cinzento negro, de finíssima tecidura, com calça caíndo de magazin parisiano, falando do mundo maravilhoso e rico, do diferente e do novo também,  do Bartali e do Fausto Coppi, os Ronaldos do ciclismo italiano, e mundial, que limpavam Voltas às Franças e Araganças, da época, umas atrás das outras, anos a fio?

A grande linha mestra de tudo isto afinal: a sedução pelo novo a curiosidade em contemplar o novo!. O NUMEROSO  LEITOR DUVIDA AINDA? ORA CONTINUE A LER.

E os aviões feitos em intermináveis e pacientíssimas construções de aeromodelismo? E voavam. Lembro que o primeiro caiu e se esborrachou no campo de futebol, subido que estava a12 metros depois de 100 de percurso. Um êxito! só igual ao do sputenique com a cadela mártir (não havia PAN, coitada, que a defendesse de uma tal crueldade) . Mas havia a maralha toda em redor, com o Dias Gordo a segurar a segurança, pois claro...

E os treinos para aprender a  ganhar ou perder, em xadrez, ping-pong, volley ball, basket ball, hockey em patins, sameiras e tutti quanti? 

E o coleccionismo, do herbário, dos calhausinhos em gavetas de caixas de fósforos - ai as pirites as calcopirites as turmalinas!...sei lá...  que belas, que belas, que... - e das vitórias e dos jogadores, com o bacalhau e o Patalino, do Lusitano de Évora, sucessor do Peyroteu
(1) na Selecção, a darem direito ao almijado prémio da bola de couro, depois de fechada a cardeneta?

o clube de Cinema?  Muito forte no "realismo", o de Sica esteve, mas não só, fino humor também... Quem se não ri, ainda hoje, com o Jaques Tati, entre muitos mais, num genial carteiro, de bicicleta, carimbando a correspondência do dia na horizontalizada tampa da traseira de uma carrinha caixa aberta e calça arregaçada, de pneus mucissos, não mais grossos do que alheiras, tudo num formato plus, constituído pelo histórico  desarrincanço do Senhor Projeccionista o qual, ou por pérfido gozo, ou por destrambelhada incompetência, resolveu passar primeiro a segunda bobina e só após o intervalo, a primeira.? Just guess!... 

E as festas do fim  de ano, do mais límpido humorismo, intermingled com o saber dizer a mais bela poesia, quiça dos próprios alunos da casa, e o fazer cantar, polifonicamente, o Orfeão do Liceu Alexandre Herculano? Com solenidade agarotada, o Reitor Sena Esteves, (de fina, elegantíssima batuta - só faltava ser de prata ) regia o concerto, com tímido sorriso e pequenos sacões da cabeça durante a ovação da assistência, como quem diz , lixei-vos! vocês julgavam que eu me ia enganar!...e estavam mesmo à esperinha disso.

Ora veja o Numeroso Leitor, ou, melhor burilado, à Fernando Pessoa, sinta, na via láctea, de que o Numeroso Leitor é popietário (ouvir  Poppi ), como já está a vir comer à minha mão!!!

Pois está claro, claro como água, da Fontelonga. 
Tudo isto e muito mais, é ACULTURAÇÃO, intra-muralis!.

Homens fantásticos, Homens muito cultos. Formigando CULTURA na CASA, esta, por isso DE CULTURA. Oferecendo os caminhos da aculturação. Instruíam? Sim e muito, muito bem. Todavia aculturavam, num processo de construção por que se sentiam profundamente responsáveis.

Mas também a houve e da melhor, aculturação extra-muralis

Exemplos? 

Como se fora há dias, me lembro de o Reitor Sena Esteves se ter comigo cruzado no corredor e, detendo-me, informar: «calha bem ver-te aqui...  prá semana vai começar na biblioteca de S. Lázaro um curso sobre a Filosofia de Marx. Olha, vai lá pedir informações e, se te agradar e interessar, sugiro o faças. Se ainda houver vagas». Fui, agradou, interessou, tinham, fiz. Aos 17 anos.

Já que acabo de referir a Biblioteca Municipal, virada para o jardim de São Lázaro, na vizinhança do Liceu, com desempenho major na cultura da cidade, relembrem-se as centenas e centenas de horas ocupadas pelos alunos do Alexandre Herculano em leitura nesta biblioteca pública. Mas não só, porque muitos usavam o sistema de leitura ao domicílio que permitia levarem-se os livros para casa. Cá o escriba, abaixo assinado. aos 13 anos, era já leitor ao domicílio de obras desta biblioteca. Que riqueza! Que quilómetros de linhas ele assim leu...Verne, Ortigão, Eça, J´Acuse de Zola, um tratado de achados pré históricos, na Europa, com respectiva interpretação, ensaios de Alexandre Herculano, que mais?... muitos e sedutores... ah!...na hemeroteca, por exemplo, o Primeiro de Janeiro, o Século, o Comercio do Porto,  todos do tempo da carqueja, para cuscuvelhar o antigamente, a Bola, O Norte Desportivo e O Porto, do F.C.P. , estes dois fundados então, o Século Ilustrado e a Flama, sobretudo anos  antigos, a Brotéria, enfim: quartas e sábados, à tarde, de luxo.

Pois, eram Professores quem nos incutia o gosto por estas descobertas..., porque eram cultos...e nos queriam  em aculturação.

Mais?

Com 15 anos ouvíamos a BBC nas aulas de Inglês do Dr. Melo de Carvalho. Ouvíamos muita coisa sobre cultura inglesa contada com inglês de Oxford. À medida da Idade...porque o Dr. Melo de Carvalho era um notável pedagogo. Com 16 e 17 anos havia quem frequentasse as bibliotecas dos Institutos Francês e Inglês, com revistas muitas e muito belas.


Mais?

E a frequência semanal de um Curso de Arte Sacra no Seminário Maior do Porto, em seu, acabado de ser fundado, Museu de Arte Sacra?

Mais?

Para terminar, assim não chateando mais, coloquemos rutilante cereja dentro do sobrescrito desta postagem, lambamos a doçura da cola do envelope, passando a língua, como quem não quer a coisa, mas querendo, na ex-ante cereja, e (em academiquez, outra vez) prontus: A reitoria procurava identificar quem tivesse o bom gosto da, ou mostrasse curiosidade por dar uma espreitadela à música clássica. Convidava os movidos por essa curiosidade  a assistirem a pequenos concertos, por alunas do Conservatório de Música do Porto, nas tardes livres das quartas feiras e, não lembro, se  também aos sábados. Estes convites eram  para alunos do terceiro ciclo , mas sem exclusão dos demandantes de outras idades. Maravilha! Palacete de belas instalações. Subtis toques de ouro em tectos  e paredes, de finos estuques, rebrilhantes pavimentos, não sei  se envernizados se encerados, magnífico jardim, muito cosy. 
Pianos, violoncelos e violinos respirando e transpirando a alta qualidade e a beleza.
Ah!!!... o fru fru das sedas, em geral negras, das interpretes . Ce nest pas peu dire!

Besides, A reitoria providenciava também borlas para a plateia do Cine-Teatro Rivoli, para audições da Orquestra Sinfónica do Porto. Assim, ouvi, pela primeira vez, a 5ª a 6ª a7ªe a 9ª Sinfonias de Bethoven, por exemplo.
Não é de nenhum destes concertos, enquanto discente de 16 e 17 anos, no Licev, mas  de um dos concertos da saison do ano em que fui caloiro de Medicina, a digitalização do Programa de um dos concertos de Maio de 1955. Já estava apanhado. Por isso o nosso Fernando Sena Esteves, também apanhado, pedia a Senhor seu Pai as borlas para nós os dois. O Pai, atirava-se ao ar, dizia logo que não, que não podia dar do que era para o grupo do Licev, mas acrescentava ao virar costas: estão em cima do aparador...um pontinho por cada borla e outro para nos rirmos... 

Reparem que na face deste exemplar do porgama, (assim diria, mais tarde, o Presidente Cavaco Silva,  da Alta Cultura do Canto X) se lêem as assinaturas do Maestro  Ino Savini (director e maestro da Orquestra), e de Henry Mouton primeiro violinista. Pois,  recebiam-nos com gosto e alegria estes homens de Alta Arte Musical. Eu, com 16 anos, cheguei mesmo a ser convidado por Ino Savini a ir assistir aos ensaios da Orquestra. Curiosidade: era primeiro violoncelista o Professor Celso de Carvalho,  professor de música no nosso Licev. Aparecia com frequência na primeira fila das fotografias do primeiro plano da Orquestra.  Lugar  ocupado por   direito, na sua qualidade de 1º violoncelista.

O comportamento destes alunos nas celebrações de um e outro caso era irrepreensível, já embebido na aculturação do saber estar.

Aqui chegados, aguardo, picado pela esperança, que o que ides ler em seguida, seja rapidamente vomitado, para o lixo.  

Há alguns meses, Professora de um Agrupamento de Escolas do Porto, dentro da Sala de Aula, em plena aula, foi agredida por um aluno, com um tal murro, que ainda hoje continua de Baixa, por ter sido lesionada, gravemente, na face e no seu psiquismo, baixa, de resto, posteriormente validada por junta médica. O agressor mantém-se a flanar, quiçá a puxar duas, nos espaços de dispensa de trabalho escolar nessa escola.

Há hoje, e disso se não descaem na comunicação social,  nem   com uma única linha, ou, pelo menos, um brouhaha, quiçá um simples cochicho(!), há hoje, dizia, muitas centenas de professoras e professores em regime de baixa, por todo o País, 
vitimados por brutais agressões físicas e ou psíquicas por seus alunos (?), como também milhares a trabalhar em condições desumanas, de vivido e vívido sofrimento psíquico. Não vão todos os dias para a escola. Vão para as galés.

É esta a   ambiência, sem a serena e formigante construção de Pessoas, instruídas, aculturadas e educadas, que queremos oferecer aos nossos Professores e Alunos? e que pagamos com os nossos impostos. É para isto que os pagamos? Os sindicatos e todas as demais entidades - muitas - responsáveis pela boa marcha da Grande Casa do Ensino da Aculturação e da Educação , é para isto que estoiram  milhões e milhões para nada, ou quando muito para dedilhar obcessivo - compulsivamente teclas de telemoveis? E dormem sonos de justos?

Caveant consules! (ne quid detrimenti respublica capiat, caveant consules) (2) .

Professores em regimen de vida e de trabalho presidido pela acanalhada cultura do BULLING? DA PORRADA?, DO FODASSE OH MEU???:::ou OH MINHA???...DO OH PSSORA VOUTJÀ PRÒ TROMBIL!!!- KÉISSO? (3).

Qual the day after, vem depois a mãe da grande e pesporrente "vítima"(?!)(4 ) , coitadinha, OFERECER MAIS PORRADA, E, ATÉ, DA- LA!.

Ninguém tem vergonha?!

 Ninguém tem lycopersica in su situ ???!!!...(4) para transformar numa grande casa da instrução, da educação e da cultura, a maior, a mais cara e a mais inútil grande casa de um Portugal em estretor, porque  cirurgicamente jugulado por quem todos os dias mete areia na máquina da Democracia?.  

Artérias para a irrigação da instrução  da educação e   da cultura ?Exangues !.  

Ao contrario, milhares de vítimas, da sandice, da estupidez e da vilania dos que sistematicamente constroem, calmamente, o quanto pior melhor, quanto mais vazio de encéfalo, quanto mais bem esterilizado, Ahh!, melhor, ...amansados, controleirados, inúteis para chatear... assim sim! bingo! Triste né?

 Mais de quarenta anos após um brado Calmo, Civilizado, Exemplar, de Esperança, ..... não, não foi para meus Filhos, nem  Netos, nem, por este andar, vai ser para a minha Bisneta . TRISTE NÉ? 

Troca-se e retroca-se de guardiões do templo e ninguém se limpa...ou limpa o templo...pior???!, só, enquanto criança, o terem-me obrigado a marchar, às quartas e sábados, de gabardine e chusso dependurado do braço!, comandados por um Chefe de Quina, 2 anos mais velho, fardado pela Mocidade Portuguesa, a quem mandávamos à merda, em altos brados, a partir da formatura...!...que porreiro!... o gajo era um tantinho gago e respontava: o... o...olha que eu li... li...lixo-vos, marco-vos - nervoso - farta por castigo...(sic).

Ex toto corde,
Rui Abrunhosa

E seguem-se os encore:

(0) - Sexualidade é sexualidade, em toda a abrangência de conceitos e vivências, de resplendurosa beleza ou triste sofrimento. Outra, sem extremidades podálicas nem extremidade cefálica é "sexo"!... Que grande caraças ! ao que chegamos !... por tudo do o que é canto ou esquina se fala, designando,  em "fazer sexo !... Desde intelectuais da murrinhanha até energumenos da mais baixa extracção, escrevem, falam, sua espessa, docta ignorância, com o ar mais pespurrante do sábio de um quarto de tigela, ou  do galfarro, do boi de cobrição. Com menos do que um banho por ano. Aulas ou apresentações científicas(?), televisões, rádios, jornais, demais meios de tu cá tu lá , chamados de comunicação social.... tudo é sexo e fazer sexo.
Muito apropriadamente convirá sugerir se compulse o dicionariosito, de biologia se possível , para se compreender que coisa é sexo!!!

(1) - Peyroteu foi uma das melhores Glórias do futebol nacional. Por nós, miúdos, fosse qual fosse a cor de cada um era idolatrado.não obstante jogar no Spuorting  Era avançado centro (assim se chamava ao actual ponta de lança), no Spuorting Clube de Portugal. Jogou dezenas de jogos pela Selecção. Era angolano, muitíssimo estimado e popular em Luanda, onde, toda agente, se lhe referia como Pessoa de grande civilidade e nobreza de carácter. Morreu quando eu estava em Luanda a cumprir a minha "comissão para o reforço da defesa de Angola" (sic). Sofreu longa doença de que resultou a amputação de ambos os membros inferiores.


(2) - Traduzindo do latim : «Acautele-se os Cônsules! para que a república não sofra danos, acautele-se os Cônsules..


(3) e (4) Ninguém na Grande Casa da Educação se apercebeu ainda que nos países com os sistemas educativos mais avançados, corajosamente avançados, a educação é mesmo para todos e para cada um, ou seja é dispensada por sistema organizado até às últimas consequências no sentido de se garantir que cada aluno receba de modo individualizado, feito por medida, o programa com que se vai conseguir o seu desenvolvimento original ?!l. Aos alunos que têm o direito e o dever de o serem, que poderiam vir a ser candidatos a brutalizados agressores de docentes não interessa a ponta de um corno os polinómios do 7º ano de escolaridade são são resolvidos, mas são para si fundamentais intervenções elaboradas em conjunção e acção com e de, emtre mais, psicólogos comportamentalistas, altamente preparados e finamente especializados, para lograrem mudanças de comportamento sem as quais NADA pode acontecer senão brutalidade .Que se não ponha Portugal a assobiar para o lado, abandonando estes miúdos, como lixo, à espera de que passe o camião para o mesmo. ELES SÂO VÍTIMAS E NÃO SERÃO IMPUTÁVEIS DOS CRIMES QUE VÃO COMETER: A culpada desses crimes é a Grande Casa falsificada. E na Grande Casa cabe também, para não ser falsificada, a recomportamentalização daqueles a que pertence..


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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

UM PONTO DE SITUAÇÃO






«O ONTEM E O HOJE DE UM LICEU CENTENÁRIO»







Assim titulou, anteontem, Manuel Lima, o actual director do Agrupamento Alexandre Herculano, na página nobre do Semanário EXPRESSO, nº2416 de 16/02/2019,  interessantíssimo texto,  fotografando o momento hoje no nosso liceu.

Começa, e muitíssimo bem, por puxar dos seus galões, afirmando ter sido aluno do Liceu Alexandre Herculano durante os anos 70.

Lembra depois, fruto de um certo capacitar, soprado sobre  famílias portuguesas, no caso em conselhos no norte do país, lembra, dizia. o Liceu que, no nosso tempo (1947-1954) era frequentado por 600 a 700 alunos e chegou depois a acolher 3000 bicos ! (Caramba, é     obra !)

Porém, frisa, conseguiam manter-se  níveis de exigência com que se catapultavam grande número de estudantes para o ensino superior.

Relembra,  entretanto, Manuel Lima, estar o edifício sede do agrupamento - o nosso Alexandre Herculano -  classificado como monumento de interesse público e, escreve, «ocupa lugar de destaque  na história do ensino liceal» (sic), acrescentando que não só enquanto peça brotada do génio de Marques da Silva, como ainda pela alta consistência, social, científica e pedagógica que foi adquirindo desde 1921, ano em que iniciou a preparação lectiva  das milhares de pessoas ali desabrochadas para vidas plenas de realização. Impressiona - diz - o número de vultos da vida portuguesa, de todos os portugueses bem conhecidos, no âmbito da ciência, do topo da vida de governo e da administração pública, da vida política nacional, como ainda, por exemplo, na arte, na literatura, no desporto, nas forças armadas, na economia, e ...... " pia fora" , diria um transmontano de gema !

Queda-se depois em reflexão.  Resumamos.

Recentemente, os novos circunstancialismos determinam a reinvenção do fazer SER.

A decrepitude do meio físico para a arte  da leccionação, a decrepitude do acervo de material pedagógico, nomeadamente para explicitação prática da substância lectiva, a decrepitude dos ambientes familiares de seus estudantes, traduzida na extrema debilidade económica, financeira e social, onde abundam  famílias monoparentais e famílias que apenas dispõem do chamado Rendimento Social de Inserção, são causas esterilizantes do sucesso de um qualquer objectivo. 

Muitos alunos são acolhidos em instituições em regime de semi internato e a maioria beneficia da intervenção (como vai podendo e conseguindo) da "Acção Social Escolar".

Circunstancialismos, portanto, com pesadíssima repercussão sobre a vida escolar dos discentes. E dos docentes.

É de transparente compreensão o facto de que contextos familiares tão dramaticamente incapacitados, seja  explicação etiológica para  não conseguimento da construção do subtilíssimo edifício dos valores e padrões de comportamento que lhes permitam o moldarem-se à escola, «ao reconhecimento da autoridade dos professores e dos funcionários» (sic), aqueles afinal que movimentam a escola em seu desiderato.
Deste modo é , portanto, abissal, o trambolhão impossibilitante da qualificação e do sucesso.

Ante uma tal tragédia - diz agora o escriba que aí para baixo se vai sub escrever  - claro que surge, como mais uma acha para alimentar as clamorosas chamas do Ridículo Nacional, a palhaçada dos "rankings" . Isto não pode ser infantiloidemente confundido com campionatices da  liga com faca, devidamente aldrabada por quem do torto vive. Kéláisso?!...Ou a gente não sabe como são obtidas  médias abundantes e bem confecionadas ( assim escreviam "oficiais de dia" , da tropa , em hospitais militares e outras "unidades")

Importante sim, fundamentalmente importante, sim, é saber-se  quem deixou de SER e quem passou a SER para se perceber que há quem possa e quem não possa vir a SER, e porquê, não sendo de si, de resto, nem o demérito nem o mérito de não vir ou vir a SER.

Ruminar sim, profundamente e com eles  in su situ, para terminar de vez com esta calamidade que espelha a impostura da nossa impostora democracia. Isto não é democracia. Pecebestens ò Késquesplique...

 Admiro a coragem dos Manuel Limas, e ou dos Docentes que chegam a serviços hospitalares de urgência, com a cara feita num bolo, a sangrar, após  agressões por alunos, e, pior, por pais de alunos. Só falta a cereja no topo do bolo, substanciada em telejornais suculentamente salivando o  assassinato de um Docente jnerme ( e sem seguro de cobertura pelo Estado da sua arriscadissima actividade profissional) assassinato dizia, dentro da sua própria sala de aula !!!... Docentes que sentem o terror de se apresentarem nas aulas, que se arrastam por psiquiatras, perseguidos pelas guilhotinas oficiais para arrazar e razurar baixas médicas, decretadas por Clínicos altamente responsáveis e competentes, no seu douto laborar profissional, guilhotinas que funcionam como uma verdadeira polícia política para lavar as estatísticas a enviar para Bruxelas, tudo em desmazelado desrespeito por Mulheres e Homens que investem . refiro-me aos que investem, naturalmente, . tudo de todas as suas debilitadas forças para aguentar os dificílimos lemes das fragilíssimas barcas que governam. São Heróis em seu modo de estar. Fragilissimos heróis de fragilissimos lemes , mas, porém, «de "El Rei D. João II» (recapitulemos a Mensagem de Pessoa - encaixa?).
.Está-se-lhes dando valor?... Acorda D. João, tu, o Segundo. Reafirma-lhes o teu nobilissimo principio, de que «a Ninguém se pode tolher o direito de fazer por mais Valer!!!» ÁHH João, mas, e também, impõe-lhes tua férrea disciplina, porém Democrática, não te excedas no entusiasmo. Encontra modo de solver este trágico labirinto . Pois !, pelo Amor ! ... Padre Américo conclamou : Não há rapazes maus!... Não foi Rousseau não, como estrebucham espertinhos de um quarto de tigela. Este Rousseau meteu 5 filhos na Roda. Não Amava. A via, pois claro, é a do Amor. É uma seca o que estou dizendo? então vai à merda, porque lá é que está molhadinho,... e quentinho...



Tudo quanto relata Manuel Lima sobre um Hoje que continua a apavorar, significa continuarmos na mesma. Com eles fora da escola, como antigamente, ou com eles entre quatro paredes . enquanto se não piram. Portugal continua a deitar Génio ao lixo, às toneladas.

Refrigério para tão funda ferida?, conta também Manuel Lima e também duma Renovada Grandeza para nosso Alexandre Herculano. Leiam o que vem de seguida. 

O Liceu Alexandre Herculano - vamos continuar a assim chamar-lhe, tem outra pimponisse - é, escreve Manuel  Lima, escola de referência para educação bilingue e de alunos surdos, reproduzo, «com estes alunos somos, actualmente uma Escola embaixadora do Parlamento Europeu. Também integramos acções do programa Erasmos, representamos Portugal na última edição do Prémio de Direitos Humanos (Educação) da Organização de Estados Ibero-Americanos, estabelecemos parcerias com instituições dos diversos graus de ensino de âmbito Nacional e Internacional, obtivemos o Selo de Escola Intercultural, somos Escola parceira da UNESCO e integramos o projecto Rota dos Livros em parceria com o Laboratório do Erro, a Junta de Freguesia do Bonfim e a Biblioteca Municipal Almeida Garret.»

E continua: «Foi através deste projecto que enviamos cerca de 2600 livros para a Biblioteca da Escola Secundária da Ilha da Boa Vista, em Cabo Verde. No próximo mês de Abril, alguns dos nossos alunos vão viajar até lá, para dinamizar secções de animação de promoção de leitura.»

Quase a terminar  Manuel Lima afirma: «vivemos uma fase de enorme esperança e confiança no futuro, graças ao acordo alcançado entre o Ministério da Educação e a Câmara Municipal do Porto para, muito em breve, requalificar o edifício ( noutro ponto do seu texto, afirma mesmo que as obras deverão arrancar este ano). 
«Estou convicto,- termina -  de que esta intervenção irá consolidar no século XXI a missão deste agrupamento de escolas melhorando a eficácia na prestação de um serviço público de educação, em benefício dos nossos alunos».   Exacto, EDUCAÇÃO, só ensino é muito curto , é tão ridículo como ir para a escola o "menino" do décimo segundo vestido com o fatinho de quando andava no quinto...

Tudo somado: 

BOAS FALAS! BOA MALHA ! MARCA Lá 3  PONTOS PRÒ MUSCAVIDE !!! (diria, com palmas, Cruz Malpique, como tantas vezes nos bradou no decurso de aulas em que acertavamos com o dardo no 20) ,

Rui Abrunhosa

A imagem acima publicada, retrato do Director  do Agrupamento Escolar de Alexandre Herculano Dr. Manuel Lima  é reproduzida da edição do Semanário EXPRESSO acima referenciada. Curvamo-nos agradecidos e na esperança de perdão para o abuso da reprodução sem prévia solicitação de permissão para a cópia.
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domingo, 6 de janeiro de 2019

SONETO COM CARINHOSA AMIZADE







RETRATO DO MAGALHÃES



Olhar  de lorpa, carcaça aparolada,
Narinas fartas, orelhas tal e qual,
E sobretudo um focinho de chacal
Com dentuça já negra e descarnada.

Carnes magras, melena desgrenhada,
Um poucochinho de massa cerebral;
Instintos duma besta irracional,
Estúpida, servil e atrasada.

Mas caro Magalhães, tu estás um traço!
Corre asinha ao espelho a remirar-te!
Aí verás se o meu engenho e arte,

Merece ou não palmadas no cachaço...
E se acaso o retrato está mal feito
Desculpa: não pus a cauda por respeito!

                                           José M. Leals-----

Ponto 1: é assim que do manuscrito, se retira ou expressa a assinatura de sua Exa. o autor deste retrato. «Qui sêrá ,,, sêraaa... sêraaaa....» já lá se cantava no filme coqueluche da nossa jóvem adultez. Tá claro que o escuro e não obscuro, by no meanes! , autor foi, era, é, o Zé Miguel! só genios eramos dois. 
Ponto 2: se é retrato retratado está e, por isso, se dispensa a habitual foto com a careta do retratados.
Ponto 3: dizia lá para cima retrato com o carinho da amizade, e assim se escreveu realmente. Brincadeira entre amigos de carteiras vizinhas ou quase (pois, das de madeira, na sala de aula). Não lembro se foi estardalhaço durante a aula, ou no intervalo, ou algures depois de terminado o dia de trabalho. Foi escrito em 2 de Maio de 1952, ou seja, tinha o reputado escritor apenasmente 15 anos de idade real e não mais do que 11 ou 12 de idade e pinha aparentes (assim observam e logo escrevem os esculápios, quando iniciam o tempo da consulta médica, mas não das de quarto de hora quisso não existe em lado nenhum - só no Melhor Serviço Nacional de Saúde do Mundo - possa se Marquinhas)
Portantos: uma elegante garotice de amigo para amigo, com risota de todos os amigos e, sobretudo, do retratado.

Publico isto, repassado pela sombra de uma nuvem cinzenta, bem escura. O Magalhães era o 26 e eu o 27, portanto, lado a lado, passamos centenas de horas de concentrado (...o caraças!...) trabalho escolar, repartido com o copiemos,...que se faz tarde e há jogo da bola nas Salésias. Da Bola era o Magalhães um precursor do amador CR7. Brilhava na «finta à inglesa» (oh Zé Miguel!... aprofunda detalhes) e no KéKeKeres?!!! foi penalty!... O Magalhães era simples e afável. Vi-o pela última vez, poucas semanas antes de falecer, quando nos cruzamos no atravessamento do Centro Comercial Brasília. Como sempre, de fatinho azul escuro, camisa branca, gravata vermelha. Dirigia-se a um cliente a quem estava a vender mobílias metálicas para escritório, mas receoso de que lhas não pagasse. Estava triste e de olhar vago. Confessou-me como era difícil ir ganhando a vida sem se perder o aprumo da dignidade. O Magalhães, de tanto fintar, apresentava uma discreta curcova, mas sempre o aprumo de uma estrema dignidade, decus in labore, ...de fond en comble


ex toto corde,

Rui Abrunhosa  
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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

DA SAÍDA IMINENTE DO EMINENTE PRELÚDIO






PELOS ARDINAS E OUTROS




Sim, havia-os, os Ardinas. Meio miúdos, ou meio graúdos. Tudo acaba. Tudo o tempo come . E tudo fica menos belo. Têm agora uma comovente escultura na Praça da Liberdade, à esquina "dos Congregados" (leia-se Igreja dos Congregados e leiam, no Tripeiro, e outros textos, o porquê do nome de uma das igrejas mais frequentadas em Portugal.

Reparem lá, no cerejal, com cornucópica colheita. O gajo puxa um pé (da cereja, pois tá claro) e, atrás do pé da cereja (da cereja, pois com cetesa), brilhando meio meio, tons de um avermelhado amarelado, vem todo o cerejal arrastado!...

O melhor é parar e ir strait forward  ao que vamos recordar, tanto quanto, re-cordis  é igual, em meio meio, latinório, gregório, a circulação do sangue, de volta a voltar a passar pelo coração.

Boa malha.

Porém, pôssa-se-Marquinhas! (diriam na Beira Alta), o gajo nunca mais vai-ao-que-vem. (Mais grave seria, nos tempos que correm, em Las Vegas, não ir ao que se vinha ! - já descarrilaste...)

Sim, vai: portantos (portantos? Porquê? O quê?, portantos, diz-se em intelectualez escolar), trata-se de recordar as chamadas de atenção para o impending, sacro-santo (só quem passa por elas...) momento - Oh home?! - da saída de mais um númaro dio PRELÚDIO. Me mente ò óme.?!.. masemzisto trazmá indeia cais quera coisa pesada e triste... caraças...)

Punha-se vasto Cartaz, coisa para um palmo x mão travessa, capaz de magnéticamente prender a atenção dos pirantes, pirados, que se preparavam para pirar, depois do QueDias ter induzido um estrebucho epileptoide à ultra sonora, abençoada, campainha, assinalando o piraindevos!
Estas obras de arte, précurssoras de os marktings modernos, apareciam, presas por enferrujadas pioneses , nos largamente envidraçados plakardeses dos átrioses da Senhora Aninhas e, do deste simétrico, para a circulação da caloirada.

E porquê atrasar mais... olhem e vejam aí em baixo um exemplo, exemplarmente demonstrativo ...não me chateiem dizendo-me, ou mandando dizer, que o texto ficou cheio de golpadas de génio!...




Rui Abrunhosa,
na sua elevada condição
de ter pertencido ao bando dos 4,
que priancaso eram só 3,
ao contrário dos tais 3 que furacaso  eram 4, e
pra não serem confundidos com os tais 4 da China ,(aqueles...)...
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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

DA CARIDADE






UMA CHÁVENA DE CAFÉ QUASE AMARGO

SERVIDA     POR



CRUZ MALPIQUE








Espessíssima é a ossatura cerebral dos que, do alto da sua baixíssima intelectualidade, em ejaculações de arrogância, com viscosa soberba, tudo a boiar na escatologia da ignorância, se metem a ter concepções próprias sobre o que é caridade. E, pior, se metem a impingi-las "à pôva". Comportam-se como se seus concidadãos sejam, para eles, a "pôva". Donos das "bábulas" das máquinas de dizer e de mandar dizer, fecham ou mandam fechar os canos por onde passa luz, da de quem a tem.

Proclamam, com trejeitos para rebaixar e repugnadamente rejeitar, que caridade é, lá de cima, botar com dedos fugidíos, numa região palmar, com dedos enclavinhados, uma moedita de dez, quiça de 5 reles céntimos, sem sequer olharem para aqueles olhos, dependurados na febrícula da doença com que tossem um escarrozito mais parecendo  requeijão, babado de sangue vermelho negro, ou dependurados no vício, ou dependurados nas dependências, ou dependurados no frio,  ou dependurados na fome. Olhos brancos, por fora, tristes, por dentro. Ou, por outro exemplo, "botar esmolas" na caixa das ditas para (pensam lá no mais íntimo fermentado  de um seu divertículo intestinal de estimação) engordar os "gatos pretos" da "Seita Negra"...

Fugidíos dedos, cheirando a Channel 5, elas,  a Rabani, eles, ou a divertículo intestinal fermentado, ambos..

Arregaçam a cara ante cheiros a bicho, a esterco. Insultam, quase sempre para dentro e, muitas vezes para fora: vai trabalhar filho (ou filha ...) da puta ... já não sentem,não notam, que chanelsisses e rabanisses vêm de salários por pagar, de vestidinhos a banho de ouro, das filhinhas noivinhas que ficam para todo o sempre por pagar, de limusines chuladas a alguém, de calotes que todos nós pagamos, de esgruviadas fugas. De quem?!… dos impostos (contas ontem contadas pelo Ministério das Finanças, em telejornais, em 2017 foram três mil e várias centenas de milhões), dos descontos para a solidariedade na segurança social, das mensalidades atrasadamente por cumprir na forca do consumismo. Fogem de  deveres e obrigações. Só querem esmifrar direitos e até os que não têm. Comem de borla nas cantinas escolares com cartões que garantem ser pobresinhos, mas onde se apresentam a conduzir "jipes" de altissimo preço. Trocam de residencia fiscal para reconstruir pardieiros a cair de velhos, com papeis falseados por uma pequenina corrupção, e assim receberem das "massas" que a solidariedade nacional ofereceu às  vítimas dos incendios... 

Porque desviaram os olhos para não ver?: para não serem agredidos pelo que iam ver. «Que massada!!!…logo  agora que o chulé dos merdelim da santola  e do refinado queijo Roquefort me estavam a saber tão bem….»
Não notam, não querem notar, recusam-se a notar, o rostosinho gelado e esfomeado, do Abandonadosinho, literariamente tão bem descrito pela esculturasinha  de Soares dos Reis, ainda escorrendo o silencioso génio do Escultor.
Não notam, não querem notar, recusam-se a notar, o sofrimento inenarrável dos desterrados pelas forças da miséria, pelas forças que os rejeitaram, os escorraçam, deitando-lhes génio, investimentos e capacidades para o balde do lixo, desterrando-os, não já, felizmente, por pensarem diferente, mas por pensarem Novo. Leiam só o  parágrafo seguinte do Soares dos Reis : O Desterrado... .
Não notam, não querem notar, recusam-se a notar, os baixíssimos salários que pagam a quem lhes gera a riqueza, ou, melhor, a quem gera a riqueza do país e se vê defraudado pela evaporação de tal riqueza, levada, depois,  pelos malignos ventos dos torvelinhos de ilusionistas de meia  tigela ( porém gigantesca).
Não - a si - se notam, não se querem notar, recusam-se a notar-se , nas baixíssimas rentabilidades com que, esticando a "passa", todo o dia, permanentemente ausentados para mijar, passam a semana de trabalho laboriosamente cansados de beberricar  "penalti" atrás de "penalti",  comentando e discutindo o penalti de ontem, o jogo de amanhã, a fruta, a saraivada de mails sobre árbitros e não só, sobre as mamas e a coxa mais ou menos disponíveis de não sei quem e não sei de  onde. Cansadissimos de receberem solidariedades atrás de solidariedades, à custa do erário público...
Não notam , não querem notar, recusam-se a notar que em seu redor cheira mal. Cheira a esturro.Nos cozinhados da vida deixaram esturricar : as contas no spa, o computador, o utente, o cliente, o doente, o médico, o gerente, o director, o subalterno, o aluno, o professor, os passageiros, os tripulantes de cabine e os outros, a assistência técnica ao avião ao automóvel ao cavalo da Guarda, o pai o filho, o paroquiano, o paroco, o eleitor, a laboração na Assembleia da Republica, no Governo, no complexíssimo mundo da Justiça … e da injustiça, no partido, no clube,nas relações internacionais, deixaram esturricar o cumprimento das regras,  obrigações e deveres na condução de veículos na via pública, o cumprimento das leis que impendem sobre o peão, o cumprir do disciplinado dever de ser cidadão, de se respeitar a si próprio, e a todos, o dever de se não lucupetar com o que não é seu, nos bancos nas seguradoras, em tudo e em toda a parte, e, o que é dizer o mesmo, não viver da cunha do partido das organizações que ninguém sabe o que são, do clube, do copianço, do plagio, do roubo ao planeta e a tudo e todos no e do planeta, não emporcalhar o planeta, nem deitar bisgas pró ar ou pró chão ou na cara dos outros. Deixaram esturricar e empestar ambientes com o orgulho, a arrogância, a soberba, a luxúria, o espírito da apropriação do bezerro de ouro, só usam nacositos de encéfalos  de animais atafulhados sobre a gamela de refocilar, mordendo os do lado para não lhes  permitir partilha. Vivem  na e da xico-espertice, no e do conluiu, na e da filhice da putice,….pois pois, tudo aberrancias do homem sem capacidade de Caridade! Uma qualquer falta no âmbito do antes "apenasmente" exemplificado é sempre, mas sempre, produto puro da falta de Caridade. Ofende, porque é um vazio de Caridade.

Ufff….eu sei lá!  Juro que só bebo água.

São precisos gigas e gigas de bites para meter tudo lá dentro. Oculto no "tudo" está o bicho homem.

E então a síntese?

Como meter tudo isto e o infinito tudo na singeleza de três ou quatro palavras?!... singeleza é singeleza . Cinco palavras: ausência de caridade nos comportamentos.

CARIDADE.

No amago do alto Homem habita a Caridade. A capacidade de pelo Amor, Amar.

E aqui chegados vem o Dr. Malpique e diz, servindo-nos uma chaveninha de
 café quase amargo  (sic e de ponta a ponta) (1):

«CARIDADE - É o mel do perdão para as ofensas que nos fazem;
é a desculpa para defeitos que estão na estrutura do nosso próximo;
é a linguagem cortês, na apreciação do nosso semelhante;
é a fleuma bem educada, perante os que espumam cólera;
é a humildade, na grandeza;
é a cortesia, mesmo na ausência da pessoa a quem apreciamos;
é a esmola não simplesmente do supérfluo (o que não seria maravilha), mas até do que nos é necessário;
é o amor da humanidade, praticado na nossa própria rua;
é o esmagamento dos nossos alvoroços de gozo, por sabermos que o mundo regurgita de miséria.
O que aí fica é apenas uma face da caridade. Outra face existe. E caracteriza-se pela pugna sem tréguas , pugna em que não vai ódio, toda feita de amor, mas de amor activo, amor que não cala injustiças, porque cala-las seria consenti-las ».

Tudo bem pesadinho, na balancinha de ourives, acho que vou ter que me restruturar. Vou ter de restruturar as minhas vivências de caridade.
Peço perdão se  esturriquei alguém ou alguma coisa .
Estamos no tempo de restruturar tudo. Comecemos por nos restruturar a nós próprios. E pedir Perdão.

Rui Abrunhosa

(1) - esta chaveninha está no livro CHÁVENAS DE CAFÉ QUASE AMARGO  -  1ª série - Editora Educação Nacional.
Porto 1957. Pag.30, duas últimas linhas e pag. 31, primeiras  14 linhas.
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