LAH1954

um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto

sexta-feira, 18 de junho de 2010

MORREU HOJE SARAMAGO

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MORREU HOJE SARAMAGO


Tinha o nome da planta bela do magnificente adorno em bordos de água suave, azuladamente cristalina, silenciosa, silenciante, do Rio Tua.

Andei por lá a ensiná-las a meus Netos.

Se bem estou informado, está em risco de extinção. Quiz oferecê-las às suas Memórias Futuras, antes que as selvajarias edê-peidanas (ou edipianas?... coitada da Mãe Natureza... nas patas aduncas do portuguesallho das massas prósoffshores!!!), antes que, dizia, as destruissem naquela paradisíaca paisagem. Passamos uma manhã a fotografá-las.


Também quero de meus Netos, guardem, igualmente para sua Memória Futura, esta outra forma bela de estar com a força da Natureza Humana. O José Saramago.

Tive com ele discussões intermináveis - «in pectus» -... tantas coisas que lhe não pude aceitar!!...

Porém, ab imo pectore vos digo, quantas mais discussões com ele tive, - e nunca saí da minha - tanto mais cresceu a minha funda, fundada, profunda consideração e admiração pelo seu génio criativo, pela sua arte no pôr das coisas, pela imaginação do belo de que foi capaz, no modo seu, da sua originalidade irrepetível, de «Amar o Outro»

Quando falou ao mundo, em Estocolmo, depois de Rei Gustavo lhe depôr em mãos, o Prémio Nobel da Literatura, escutei-lhe uma das mais belas reflexões que até hoje ouvi sobre a dignidade infinita do Ser humano. Em directo, sozinho, num gabinete retirado do bulício das importâncias dos importantes.

Comovi-me...

Aconcheguei-me ao silêncio. Sem me dar conta, peguei distraidamente numa caneta de fina ponta preta e, à medida que ia repensando no que ouvira, fui, sem me dar conta, fazendo um retrato de Saramago, numa folha de papel para notas ,que me apareceu pousada em cima de fotografias de microscopia electrónica,que eu fizera tempos antes e esperavam pela minha leitura.

Saíu o que aqui deixo, com flores de saramago, para Saramago.

Vou ter saudades das discussões que tivemos...José! Como Vês agora, Êle Amou-te. E Ama-te. Infinitamente Muito .

Rui Abrunhosa

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domingo, 13 de junho de 2010

A TODOS


Meus caros:

Soube do falecimento do Carlos Soares de Sousa pelo David e pelo mail do Moreira. Fica-nos a saudade. Grande colega para todos certamente, e em especial para mim pois fomos colegas desde a primária!

Ao ler agora algumas das passagens do nosso Blogger, vem-me à lembrança uma catadupa de "vivências" dos tempos do Alexandre. Umas menos boas e outras bem gostosas de recordar. Como tudo o que compõe a Vida. Lá aparece um fim de tarde, numa 4ª feira, com todos nós, alunos do 3º ou 4º ano, metidos na sala do cinema do Liceu; diante de nós, o Reitor a instar-nos para tentar obter a "identificação" dos prevaricadores que tinham feito "arruaça" durante a sessão. E assim nos manteve a todos na sala até ao início da noite!

Mas, como contraponto a tão triste episódio, surgem as luminosas aulas do Cruz Malpique, falando-nos das Antiguidades Egípcia e Clássica ou, mais tarde, de matérias mais filosóficas... E as quase palestras do Padre Brandão (muito antes de sonharmos vê-lo bispo do Porto). E toda a bondade do Pe. Brochado. Mais as aulas de inglês do Prof. Melo (que o Tigre imitava tão bem com o seu "take your books, take your pencils and take your exercise books and write the following sentences..."), as aulas frutuosas de Matemática do Pedrosa Afonso e Augusto Lopes. E muitos outros. Que o rol é bem extenso.

Em Julho de 1954 foram os nossos últimos exames alexandrinos antes de partirmos para a Faculdade. E tudo isto faz agora 56 anos. Desses outros tempos valerá a pena sempre relembrar de acordo com as memórias de cada um.

Um abraço a todos,

Joaquim Machado da Silva

(em Lisboa, aos 10 de Junho de 1910)
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quinta-feira, 10 de junho de 2010

10 DE JUNHO

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"SÃO SIMPLESMENTE SOLDADOS PORTUGUESES"...

Assim clamou, hoje, o Prof Doutor António Barreto, de modo elevadissimo, profundamente respeitoso, com o maior brilhantismo, no seu dicurso, da melhor singeleza e da maior densidade, talvez o melhor que ouvi em toda a minha vida, hoje, em comemoração do Dia dos Portugueses - como lhe chamou, em felicísima recriação de conceitos, ao mesmo tempo que e pela primeira vez, se homenageavam todos os veteranos de todas as guerras em que
"foram simplesmente soldados portugueses"

Acudiram-me ao espírito os do LAH-54. E um dos seus Professores. Terá havido mais?... ajudem-me a recordá-los se os esqueço neste instante, ou deles não tenho conhecimento. E eles que me perdoem a incapacidade.


Por gentileza, outra, do nosso Fernando, aqui se depõe, em sentimento do mais nobre Respeito e e em Espirito de Singelíssima Homenagem, a reprodução fotográfica da Farda (a que no meu tempo de serviço militar se chamava a nº2) que foi usada, na Flandres e na Escócia pelo Dr Francisco Sena Esteves enquanto Oficial do Corpo Expedicionário Português à I Guerra Mundial. Estacionava na área em que e quando,ocorreu o Combate de 9 de Abril...
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Comovi-me quando, por privilégio de uma amizade de quase 63 anos, me foi dado a ler o postal que o Tenente Sena Esteves escreveu ao apertadíssimo Coração de sua Mãe, cerca de 15 dias depois daquela data e já de lugarejo resguardado... Li-o há meses. Dele guardei todo o seu tom geral, mas ficou-me riscada a Diamante, na memoria, a seguinte frase.. : " .. «Veja lá Mamã...o que são as coisas!...» ...

... e prosseguia, descrevendo ocorrências de fortuna, a protegerem muitos e muitos e também, a si próprio. Falava do seu bem estar. Mostrava por fim que as coisas já não lhe deviam merecer, a Ela, apreensão por causa do «Filho de Sua Mãe» nem dos, de todos os outros, "«Filhos de Suas Mães»". Esbatia-lhe assim, amoravelmente, as ansiedades de que só Mães sabem como com elas são também tecidos impérios ( porque era disso que se trava em 1917-1918 - ter assento na Conferencia de Paz para não deixar tresmalhar as tais »malhas» de que o Pessoa conta).
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O Professor Barreto lembrou depois o falecimento, em 2002 , do último sobrevivente do CEP, do Corpo Expedicionário Português à Primeira Guerra Mundial. Vivem hoje , felizmente e assim será por muito tempo , muitos veteranos de mais recentes guerras, bem visto tudo, sempre por causa de mais malhas, dos mesmos e de outros impérios,onde estiveram, como «simplesmente, soldados portugueses».

Foram todos eles, hoje, em Faro, digna, respeitosa e singelamente homenageados.
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Do LAH1954 recordei: Alberto Pereira Viana , José Pais, Amadeu da Cunha Lima, Carlos Soares de Sousa ( que estugaram mais o passo, deixaram a Companhia para trás - deixaram-nos) António Fernando Moreira, Freitas da Fonseca, Cadete Leite, Delfim Moura, Acácio Carvalhais, Álvaro Malafaya, Carlos Manuel Brandão, Fernando Tigre, José Bárbara Branco, José Queiroz, Anibal Justiniano ...Não lembro, quem mais me falta.?.. não sei de quem não sei!... , AH!!!... Chissa !!!..."já se me esquecia": - de mim"!...,
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Rui Abrunhosa
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