LAH1954

um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto

quinta-feira, 7 de maio de 2015

PERDEMOS UM AMIGO



O DR. ANTÓNIO AUGUSTO LOPES NÃO VEM MAIS ALMOÇAR CONNOSCO




Não vem mais almoçar mas permanecerá sempre nos nossos corações.






Sónia Kovalensky grande matemática e notável escritora dizia: «Não é possível ser bom matemático se não se for ao mesmo tempo um tanto poeta».

António Augusto Lopes era um bom - muito bom - matemático e, ao mesmo tempo, uma alma de poeta.

Demonstra-se ser tal a sua personalidade relembrando a qualidade da sua actividade pedagógica no ensino secundário e no ensino superior; relembrando a sua intervenção anos - muitos - na difusão para todo o país do conhecimento da matemática através da televisão, mais relembrando, pela sua presença em universidades privadas, a influência que nelas teve na qualificação não só do ensino, mas, entre muito mais, na qualidade de orientador de muitos mestrandos e doutorandos, alguns vindos de longe, nomeadamente de Lisboa, para se acolherem na sombra do seu conselho enquanto trabalhavam as suas actividades de investigação e de elaboração das suas teses de mestrado ou de doutoramento, relembrando a sua obra escrita, de que avultam livros de intenção pedagógica junto dos alunos do ensino secundário, relembrando o brilhante docente que foi, em vários liceus, e, ao longo de três anos - 1º,6º e 7º - como  nosso professor no Licev de Alexandre Herculano, relembrando a revolução que fez na organização das nossas actividades circum-escolares com a consequência, por exemplo, de termos sido campeões distritais em desporto escolar de voleibol, andebol e hoquei em patins, no nosso último ano lectivo, o de 53-54, ao mesmo tempo que extinguia o modelo fascista da "mocidade portuguesa" ( ?,so called).

Poeta?... sim! poeta e filosofo. Ou não eram magníficas poesias as sedutoras peças de filosofia que sobre a Matemática e o pensamento matemático destilava, nas suas meditações, durante os longos silêncios da sua longa viuvez e que, depois, connosco partilhou, ano após ano, durante as nossas reuniões anuais de Outubro?

Mandou dizer por seus filhos que já não vinha mais almoçar connosco. Porém com a recomendação de que esse anúncio urbi et orbi apenas ocorreria aquando do convite, que também pediu se fizesse, para celebração da missa do trigésimo dia.

Por nossa parte, e por um conjunto conjugado de circunstâncias em que nos vimos bloqueados, não só a notícia nos chegou muito tarde como ainda nos vimos impossibilitados de aqui se registar o testemunho da nossa admiração, consideração e amizade. A força desta amizade a todos nos deixa um sentimento de falta. E isto chama-se saudade.


Rui Abrunhosa
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