LAH1954

um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Porque não evocar as "VITÓRIAS"?

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Lembram todos, certamente. Rebuçados – dos mais reles que já mais algum miúdo alguma vez chupou ! No miserável papel, meio opalescente, fino e embolatado de açúcar que os embrulhavam, estampavam-se bichezas de desenho em traço quase contínuo e muitíssimo naíf.
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Só pela imaginação se acrescentava o indispensável para conferir verdade ante a legenda .
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E o número. Cada papelinho com desenho, que embrulhava o raquítico rebuçadinho, tinha o nome e o número do bonequinho. A colecção completa tinha 200 animaloides .Depois de colados, um a um, na caderneta, dava direito a prémio grande. Não tenho a certeza se era uma bola de futebol em couro, não muito genuinamente esférica.
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Receio estar a confundir a bola com o prémio da colecção que veio a seguir e era de Jogadores. Tinha o Patalino do Lusitano de Évora, o Cabrita do Olhanense …e “piafora”. Então: 200 !... “O mais difícil” (sic) era o bacalhau – nº 42. Depois o cabrito, com o nº.199. Em terceiro lugar vinha a cobaia. Não consigo recordar o respectivo número.
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Só vi o bacalhau 2 vezes e nunca tive um.
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Alguém anda por aí que ainda conserve uma caderneta de Vitórias? ! Se há, convido-o a digitalizar a cobaia, o cabrito e o bacalhau, pelo menos, e a trazer o nº da Cobaia . Ficará bem guardada, aqui, no blog, uma assim tão importante documentação : «Vitórias»


Rui Abrunhosa

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Caro Rui:
Creio que a cobaia era ... o 147! Podes matar saudades na página:
Até reencontras uma caderneta! Ah, este nosso mundo é um espanto! Quem não se admirará com os progressos deste século? como dizia o Jacinto (o do conto!).

ZM

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Pergunta sólida: Terá sido o Infante D. Henrique sinistro?

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O Infante D.Henrique explica
o que considerou ter sido um
abuso do seu Urologista

Sinistro no apropriado sentido de ter sido portador das consequências de uma lateralisação para a esquerda durante o seu processo de desenvolvimento neurológico, ou seja, em termos simples, esquerdino. Canhoto !

Hipótese seminal! Se demonstrada poderá fazer jorrar luz sobre aspeitos muitos ( à Camilo, o da nossa Avenida) da saga e, sobretudo da suga dos “Descobrimentos”, até das suas metodologias. Repare-se só num pequeníssimo detalhe, a título de exemplo: os bocados melhores das viagens ordenadas pelo homem, foram sempre quando mandava virar à esquerda… São tantas e tais estas viragens à esquerda que não parece plausível terem sido fruto de acaso. Antes parecem ser tique de canhoto!

Mas como depreender peças de evidência que substanciem a demonstração?

Talvez começar pelas mais simples e fáceis. Pinturas a óleo, desenhos, retratos, enfim, bonecada do tempo e do modo.

Ora aí está! Observemos com reflexiva atenção o documento que junto. De autor não identificável, de momento. Mostra o Infante D. Henrique explicando o que considerou ter sido um abuso do seu Urologista.

Apresentei no IBE (Instituto para Buscas Esquipáticas – não tem boys, só girls) projecto de investigação sobre esta preplexão. Fui muito bem recebido pelo Ministro que me acolheu a ideia com tanto entusiasmo que até pensei “entre mim” (Camilo da nossa Avenida ) : quem fala assim não é gago!!!


Rui Abrunhosa

Pequenina Evocação do Amadeu da Cunha Lima

Versos do Moreira ao Amadeu da Cunha Lima
no Livro dos Novos Grelados da Faculdade de
Medicina do Porto - Maio de 1958
(clicar à esqª uma vez na imagem, para a ver ampliada)

Lembrais que a 16 de Dezembro de 2006 o Zé Miguel publicou, neste nosso blog, a participação do falecimento do Lima, ocorrida no dia anterior. Digitalizou-a do J:N.

A quando do nosso Almoço a 25 de Novembro, o Moreira deu-nos notícia dele, contando da delicadíssima condição de saúde em que vivia. Hoje apeteceu-me fazer esta pequenina pronúncia de estima e saudade. Para o efeito digitalizei, do “livrinho dos grelados”, de 1958, na Faculdade de Medicina do Porto, os versos com que o nosso Moreira brindou o Grelado Amadeu.

Enfatizo que o Amadeu da Cunha Lima foi meu condiscípulo desde a nossa entrada no Liceu Alexandre Herculano –6 de Outubro de 1947- até à nossa licenciatura, em medicina, em finais de Outubro de 1961. Na época, esta licenciatura levava 7 anos e terminava com a defesa de uma dissertação a que a malta chamava, inapropriadamente, “tese”. Não havia Bolonha. O Lima entrou comigo no Internato Geral do Hospital Geral de Santo António. Ambos ganhamos uma de entre 12 vagas, em concurso público, a que concorreram cerca de 120 médicos, na sua esmagadora maioria licenciados há mais 2 ou mais três anos do que nós. Cruzamo-nos na Guerra de Angola. Vim trazer-lhe a Lisboa um soldado da sua Companhia, o Germano, portador de Leucemia Aguda, de evolução relâmpago, com um baço que lhe chegava ao espaço pélvico. Entreguei-o no Hospital da Estrela, às 7 da manhã, depois de 22 horas de vôo Luanda-Lisboa, num DC 6, sem climatização. Pelas 7 da tarde desse dia o Germano morreu após rotura do baço. Regressado a Luanda contei ao Lima o desfecho do caso. Vi-lhe então os olhos buliçosos marejarem-se-lhe de lágrimas e fixarem-se longe , num muito longe não sei onde.

Voltei a ver-lhe lágrimas, tremendo de suspendidas, quando o vi, há já alguns anos, pela última vez. Na Barbearia Invicta, no Porto, onde, nessa manhã de Sábado, faz por agora anos, .fomos ambos cortar o cabelo e,eu, também a barba.Abraçamo-nos, em silêncio. Perpassou no salão, por entre barbeiros e clientes, o frémito que silencia, por brevíssimo instante, o bruá no cenário. Muitos olhos, pousados reflexivamente nos nossos rostos molhados, se terão entre si indagado: «Porquê ?. Como é bonita a Amizade! …»

Porquê?!... Porque o *Alexandre Herculano* construía a Amizade entre os Homens de Boa Vontade.




Rui Abrunhosa

sábado, 12 de maio de 2007

D.Domingos de Pinho Brandão - Estátua em Arouca

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Foi nosso professor de Moral até ao 6º ano. Aturámo-nos bastante. Estátua em Arouca (era natural de Rossas, Arouca), na Alameda que também tem o seu nome.
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postado por ZM

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Proposta de Organização de Concurso

(ou "O Rui Abrunhosa ataca novamente"!)

Zé Miguel: bota-me isto no nosso blog – ficarei contente se aprovares. Eu disse aprovares, não disse provares… Vamos convidar o Eduardo Lourenço a escrever um ensaio sobre “Da importancia do *a* “ e, para o entusiasmar, manda-se-lhe a foto.

Como dizem a minha Neta, alguns notáveis notórios deste país e uma certa nata do nosso nada: - então é assim :

Proposta de Organização de **Concurso**

Vem sendo nossa provecta experiência de vida o facto de um *concurso* ser sempre modo excelente de cativar gente, apoiantes, audiências, colaboradores, valores a revelar, clientes, enfim: tuti quanti..


Lembrem-se, por exemplo, da Cornélia, embora eu também concorde que nesta fase do campeonato não é preciso exagerar cornèlicices


Parece então apropriado promover um concurso ( porém, sem as complicações do da Ota, nem os amplexos reservados consuetudinariamente anteriores às reorganizações municipais das beirinhas rurais ) que concite o génio (engarrafado?!...) dos desejáveis futuros partícipes do LAH-1954 a meter no blog o pèsinho, ou a mãosinha, ou qualquer outra *petite chose (ai o Rabelais!... teremos que o celebrar! - e a “Donema”?!... ainda me dói o estalo que no 2º ano de francês deu no Alexandre Vidal Pinheiro – o 2 - seu sobrinho - que lhe deixou marcado, na região malar, o camafeu que lhe montava o dedo) Parece, dizia, poder vir a ser interessante atrair a Malta ao blog interessando-a num concurso. Poderiam depois seguir-se outros… quiçá (sempre disse que gosto muito de “ meter o quiçá”) quiçá, dizia, ( assim meto-o duas vezes seguidas) mais imaginativos.


A minha proposta é simples: Conceber uma legenda para a Foto que anexo. e mete-la,à legenda, naturalmente, no blog. Ganhará a mais elegante, astuta e simples. Se quiserdes fazer regras… “muda aos seis e acaba aos doze”.

Rui Abrunhosa


terça-feira, 8 de maio de 2007

O PÓpi a Vanessa Fernandes – Campeoníssima de Triatlo – e Perosinho.

Uma nova e excelente postagem do Rui Abrunhosa

Assim mesmo. Tudo no mesmo saco! Como a Vanessa é magrinha o PÒpi cabe.

Há 2 ou 3 semanas almocei em Perosinho, num sábado solarizado, mas friamente ventoso, com um grupo de amigos dos tempos da minha jóvem adultez. Fazemo-lo por meados de Abril desde há 46 anos. Desta vez calhou em Perosinho . Para os que se perderam pela rota da seda lembro que é uma freguesia importante no sudeste do Concelho de V.N.de Gaia. Nela residiu o PÒpi . Saía de lá de madrugada – anos a fio, por gelos ou caloraças – numa camionete “dos Carvalhos” a desfazer-se de podre e cheirava a gasoil, sováco, frangos e chulé que tresandava (ainda andei nelas, pelos idos de sessenta e estavam na mesma – eram pretas e vermelhas escuras). Chegado à Batalha enfiava a pé, até ao Liceu Alexandre Herculano. Dava uma porradaria de horas de aula, almoçava na Cantina, com a Maralha (mais tarde também com um seu Filho que se licenciou depois em Matemáticas), dirigia “o ciclo” ora o primeiro, ora o segundo, esclarecia bem *a popiedade pimeia das popoçôes* - “esqueva!..., mas esqueva!!...” e regressava a pé, até à Batalha, com um pequeno cortejo de ganapada que também usava as “Camionetas dos Carvalhos”, ou outras, para reentrar em casa pelas ( cerca das) 7 da tarde!!! – Um Herói! Um Homem Bom! Então não é que quando pergunto ao meu amigo, autoctono, pelo PÒpi, ele me diz que estávamos a poucas centenas de metros do local onde era sua moradia! Pedi-lhe que me levasse lá. Pude deste modo fotografar o sítio onde esse Homem Grandiosamente Humilde e Generoso e sua Esposa Criaram 9 Filhos !

Só uma Filha não prosseguiu estudos profissionalizantes, para ficar em casa a ajudar seus Pais. A maioria licenciou-se .Nomeadamente em Matemáticas. A Casa já não existe e em seu lugar observa-se um prédio urbano de apartamentos. Mas permanece a Horta e o Jardim, tudo num conjunto ainda protegido pelo muro que já ali estava há longas décadas, (quiçá existe há séculos), protegendo o Dr. Pedrosa Afonso e sua Giga-Família. É o que mostra a Foto-do-telefone que junto. E a Vanessa Fernandes?!... Pois os telejornais de hoje abriram com o relato de mais uma campioníssima vitória no Triatlo, depois de limpar o Sebo a umas Figuronas “lá de fora”. Nascida e criada a não muitas centenas de metros da casa do PÒpi é, depois das gloriosas tenacidades vitoriosas do PÒpi a grande glória (na tenacidade), de *Peusinho*

Aqui vos deixo as minhas saudades pelo PÒpi, nesta minha singelíssima lembrança, de homenagem a um Gigante.

Rui Abrunhosa

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Visita ao Delfim Moura – vulgo “O Bombas”, um texto do Rui Abrunhosa.

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Fazendo-o coincidir com o Alexandrino jantar de 26 de Abril, vieram do Porto, a 25, o Moreira, o Januário e o Rui Abrunhosa com o propósito de passarem a tarde de 26 com o Delfim. O encontro foi num café na rua onde mora, praticamente ao “deslado” do Intendente. Tarde muito emotiva e, por isso mesmo, muito gozosa! Para todos! Todos ficamos mais ricos e ainda mais Amigos. O Delfim começou sorrindo, com simplicidade, e tímida gentileza, acabou rindo com gosto e até gargalhou 2 ou 3 vezes.

Aproveito o ensejo para nos incitarmos a todos a que fabriquemos uma horita de liberdade e libertação e telefonicamente com ele organizemos encontros ad hoc, no dito café que lhe fica quase à porta do prédio em que reside. “Sejemos lestos” e cuidadosos, que a solidão da “grande cidade”, especialmente se pequena e “empequenante”, como Lisboa, é tremendamente corrosiva! Quer o Zé Miguel (966389475) quer o David (964063088) poderão dar-vos o número de telefone do Delfim e as indicações complementares necessárias para estabelecer esse contacto.

Em consideração pela condição muito restritiva que atravessa, deixo também a indicação de que o período ideal e para ele mais fácil é o das 15 às 17 horas.

Juntei a este texto 4 documentos fotográficos do evento: Dois recolhidos pelo meu telefone – os retratos do Delfim, um digital e outro em “aguarela” – e os outros 2 com a máquina do Moreira pela mão simpática do dono do “Café”, de que um deles é um “close up” do grupo para mostrar a Mão Amiga do David. Avisa-me o Zé Miguel que desses quatro dois estão já postados no blogue e nele podem ser vistos pelo que 4-2 = 2…i.e. só dois seguirão esta notícia!

Poderia também juntar-se um roteiro das ruas da zona onde vive o Delfim, há tempos facultado pelo Fernando Sena Esteves, quando, em frustradas tentativas anteriores, também ele se quis integrar na Luzida e Manuelina viagem ao Papa. Ele era o Rinoceronte. Esse mapa poderia ajudar aos menos “versados e conversados” (remember Malpique) em, ou na, Intendente Zone – mas as indicações dos dois supra referidos colegas poderão dar adequado aviso à navegação e suprir a sua falta.

Junto por fim uma caricatura que fiz, do Delfim, por cerca de Maio de 1954! … faz agora 53 anos !... O “Bombas” que me perdoe a criancice do boneco! Atrevo-me porém a mostrá-lo, publicamente, como gesto simples de homenagem pelo muito que lhe devo de solidariedade amiga.

Delfim: Sê Tu! … Sê Forte!, Sê Tu! … Abraço-te, com Carinho.

Rui



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A caricatura feita pelo Rui Abrunhosa em 1954
"O Bombas" - O nº 1 - O chefe de turma...
... em suma o Delfim Moura!
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quinta-feira, 3 de maio de 2007

Dois aspectos da margem sul do Douro, entre Pocinho e Barca de Alva


A máquina será tão fraca quanto o fotógrafo, mas a verdade é que ambos tentaram o seu melhor...

2007-05-03

Ciprestes (2/2)
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O passeio das freiras
(margem esquerda do Douro, entre o Pocinho e Barca de Alva; 29/4/2007)
posted by LdS @ 01:06 0 comments

2007-05-02

Ciprestes (1/2)
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Três irmãs
(margem esquerda do Douro, entre o Pocinho e Barca de Alva; 29/4/2007)
posted by LdS @ 12:33 0 comments

(postado por LdS tb. no blog "sai-te daqui")

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Da notável recepção com que o Hernani e D.Fernanda Verdelho nos acolheram na Quinta do Carrenho, em Numão, no dia do nosso regresso (30/4/2007)

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Os documentos falam por si!

I. O programa das celebrações:
... e tudo bem deglutido com o D. Berta branco ou tinto e, a fechar, um Vinho do Porto como os que já não existem!
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II. O Colega Hernani Verdelho, na sua vinha, dando uma lição à atentíssima "malta":



III. Os seminaristas em pleno prândio (instantâneo muito parcial):



IV. Durante o agradecimento e despedida (aspecto da mesa que dirigiu o encerramento dos trabalhos):


A fechar: Durante toda a viagem foi notório o sucesso do regime contratual que o colega Florindo conseguiu estabelecer com S.Pedro. De facto só pouco antes do encerramento dos trabalhos do seminário (e porque estes se arrastaram um pouco mais que o previsto no tempo) começou manifestamente a chover, obrigando que a cerimónia de fecho decorresse sob telha! Mas, até aí, se choveu foi de noite pois, quanto a nós, nem uma gota. Só "pinga", mas da outra!

Das postagens no "sai-te daqui" relativas ao passeio

1º de Maio

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Parece oportuno retomar aqui este excerto sobre o trabalho no Douro histórico, mas não muito longínquo, como exposto na Casa-Museu de Freixo de Numão:

"(...) O Doiro risonho e alegre que o senhor Meneses aguarelava como qualquer propagandista oficial, ocultava por debaixo do sorriso turístico um calvário de lágrimas e fome. A descrição colorida do palco de xisto escamoteava o martírio dos actores. O trato reles, as jornas miseráveis, a promisquidade eram explicadas de todas as maneiras: crises sucessivas, pragas terríveis, concorrências desleais e criminosas do sul, anos de colheitas más. Simplesmente, tudo isso não justificava uma escravidão de que não havia paralelo em todo o país. (...)"
Miguel Torga, in "Vindima"
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2007-04-30

Duas Santas Bárbaras: uma evidente e uma encoberta

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Não poderia deixar de, nesta visita ao ALto Douro, tentar localizar representações de Santa Bárbara, sabendo como arreigado foi o seu culto no interior norte. Foi uma prospecção meramente casuística, nos locais de referência que se haviam seleccionado. No entanto foi produtiva!
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A primeira imagem vista foi no mosteiro de Salzedas, em Tarouca. Evidente nos seus atributos, não dá lugar a qualquer dúvida:

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Já mais controversa - e certamente justificando uma futura troca de correspondência - é a situação encontrada na igreja de Castelo Rodrigo e de que não colhi imagem por duas razões: a primeira é porque, sendo já dia avançado e algo cinzentão e dado ainda o aspecto escurecido da própria tábua, os melhores recursos da minha limitada máquina fotográfica não iriam levar a mais que uma mancha escura em que seria difícil discernir um qualquer objectivo; a segunda razão é porque um bem visível cartaz, à entrada da igreja, notificava da proibição de colher fotografias. Pois bem: logo à esquerda de quem entra na igreja há um altar que apresenta lateralmente quatro tábuas. Logo a tábua superior esquerda é anunciada como representando Santa Luzia, uma outra respeitável e milagreira mártir. Perguntando à cicerone porquê Santa Luzia, esta respondeu "porque lhe faltam os olhos". Mas, vistas bem as coisas, os olhos estão lá mesmo e o que falta é a apresentação destes num prato, ou sob qualquer outra forma "solta" que identifique o martírio por vazamento, como é comum atributo desta Santa. Mais ainda: ao fundo da tábua, num plano posterior à figura pintada, identifica-se e bem o postigo de uma torre, o que imediatamente dá uma identificação como Santa Bárbara e não como Santa Luzia. Matéria a debater com o Turismo local (e certamente o Abade). Veremos pois...
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2007-04-29

O "cadavre exquis" adiado; sugestão do "déjeuner exquis"

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I
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Para a deslocação ao Alto-Douro eu tinha preparado uma proposta de "cadavre exquis", construção favorita dos surrealistas que alguns teimam em traduzir por "cadaver esquisito" mas a que eu preferiria chamar "cadáver requintado" [1]. O nome é tétrico, convenhamos, para um processo de grupo [1a] que de facto se mostra requintado e criativo e de que seriam de esperar resultados surpreendentemente ricos num grupo de 33 pessoas dos mais variados trajectos, como era o nosso. Mas nem o fiz sair da casca, ou seja, por me parecer não existir "mercado", nem fiz consulta do "querem ou não querem", nem distribuí sequer a proposta. A primeira razão foram os dois "derbies" futeboleiros, ontem e hoje - geradores de intranquilidade em dragões (estes com razão), panteras, águias e leões (estes dois também, aliviando a escamação dos preocupados anteriores). Outro compreensível causa foi a magnificência esmagadora da paisagem no ir-Rio-Douro-acima, da Régua a Barca de Alva, que implica uma admiração intensa - ainda que entrecortada de almoço - e que não deixa tempo para outros devaneios.
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Douro, já a caminho de Barca de Alva (hoje, 2007.04.29)
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Amanhã teremos o regresso e certamente o "Maria, donde vens? Venho da festa!" tão diferente do "Maria, para onde vais? Vou para a festa!", pelo que melhor será arrecadar o texto i.e. "meter a viola no saco", reservando-a para mais oportunas vivências de grupo.
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II
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Mas como seria pena perder o trabalho feito, a ideia aí vai, as regras também (e até oferecendo duas modalidades mais) e, para terminar, a descrição de uma alternativa criativa, aliás já experimentada.
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O princípio: O princípio do "cadáver requintado" baseia-se na continuação estritamente pessoal de um trajecto colectivo em que cada um dos participantes, ignorando o exercício feito pelos intervenientes anteriores, recebe do que imediatamente o antecede apenas os elementos de ligação de entrada para poder construir em segredo o seu próprio exercício e, findo este, só entrega ao participante que se lhe segue os elementos de ligação de saída que resultam do seu próprio exercício. E assim sucessivamente... até que, no fim [2], se apresenta publicamente e com grande gáudio dos intervenientes o resultado global!Nada mais simples: poderão existir "cadavres exquis" em desenhos, em palavras e até em música! Dá-se seguidamente o exemplo de um "cadavre exquis" gráfico, obtido por colagem em 1928 e onde se encontram contributos atribuídos a André Breton, Max Morise, Pierre Naville, Benjamin Péret, Jacques Prévert e Jeannette e Yves Tanguy.
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As regras do caso concreto que eu pretendia levar ao grupo: Trata-se da construção de um "cadáver requintado" por palavras (ou conceitos) com o maior grau de liberdade. Alternativas mais e menos livres são dadas nas notas finais [3 & 5] , mas talvez não seja mau de todo - para grupos não iniciados - começar pela que se segue que é de carácter mediano.
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"CADAVRE EXQUIS: REGRAS
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Trata-se de cada um escrever anonima e secretamente uma frase motivada por uma palavra que o parceiro transmite sem conhecer as frases anteriores e prosseguir assim até ao último do grupo. O conjunto no fim é lido em voz alta e todos escutam! [4] .
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COMO FAZER:

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1. O parceiro do lado passa-te um papel enrolado ou dobrado onde estão as frases deixadas pelos parceiros anteriores (NÃO AS PODES LER!) e diz-se EM SEGREDO a PALAVRA que é a última da frase que ele escreveu (e que tu. é claro, NÃO LÊS!).

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2.Fixando-te nessa palavra que recebes, passas a inventar uma FRASE que essa palavra de ligação te inspire. Não é necessário que nessa frase repitas a palavra [5] mas a tua frase deve POR QUALQUER FORMA inspirar-se nela: p.ex. se o teu parceiro te disse SAPATO, na tua frase a palavra SAPATO pode estar ou não presente [5] mas deve exprimir o que SAPATO te trouxe à ideia, seja FERRADURA, CHINELA, PÉ, PATO ou qualquer outra coisa que em forma de associação ou mesmo de oposição te brote expontaneamente dos neurónios em relação ao que te disseram. Gramaticamente a frase também é livre, bem como em extensão (embora não seja aceitável escrever longos testamentos pois que no máximo um alexandrino chega) [5a]. Entendido?

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3.Escreves então a tua frase em segredo e em segredo a deixas até à leitura final, enrolas ou dobras o papel para que ninguém ta leia e passas ao teu vizinho a seguir a quem anuncias também em segredo qual foi a última palavra da tua frase.
4. Ele fará o mesmo e assim sucessivamente até se completar a volta (ou as voltas) e todos escreverem frases. Segue-se a leitura! O resultado final é frequentemente hilariante e, por vezes, surpreendente. Esperemos que sim, também neste caso!".

III

Uma versão muito cómica e embaraçadora deste processo criativo, noutros cenários, é o "déjeuner exquis" "almoço estranho" (aí já não lhe chamarei requintado pois esta acepção, num almoço, liga-se mais à qualidade das coisas como se anuncia no programa do que amanhã nos espera e já nos faz salivar!). Há que também avisar o local onde se realiza para não serem os convivas escorraçados por doidos varridos à medida que o processo se desenvolve. Para um almoço com aperitivo, sopa, dois pratos (carne e peixe, mesmo que já se não use!), sobremesa (doce e fruta) e café faz-se assim: cada conviva, em "papelinhos" A7 de papel de uma côr que escolhe (e a que chamaremos os "votos") escreve exactamente as palavras "aperitivo", "sopa", "carne", "peixe", "doce", "fruta" e "café" [6] e enrola os papelinhos cuidadosamente, por forma a que se não veja o escrito, e coloca-os num vaso aberto que permita visualizar a cor. Mistura-se tudo bem. Para iniciar o almoço, faz-se a primeira tiragem de votos e cada um come o que lhe sair: A pode iniciar com a sopa, B com a fruta, C com o café, etc. etc. Segue-se a segunda votação e assim sucessivamente até ao fim do almoço.
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Se num grupo de amigos o jogo já é pândego, em "tête à tête" amoroso ou quase e em simulacro de "cabinet particulier" (coisa que também já não existe, mas que teve a sua época!) o processo, mesmo que se mantendo prandial, pode permitir outros toques de criatividade, claro.

O "Déjeuner sur l'herbe" de Claude Monet [7]
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[1] O assunto merece ser tratado seriamente! Veja-se
ou, para os não francófonos,
onde se poderão construir "cadavres exquis" assaz divertidos em colaboração internacional segundo as regras referidas em [5a]. Aliás o nome do processo nasce em 1925 da primeira frase obtida deste modo: "Le cadavre exquis boira le vin nouveau" (o cadáver requintado beberá o vinho novo).
[1a] A designação de "jogo surrealista" ou de "um dos jogos dos surrealistas" (porque há mais) é relativamente comum; já a designação de "jogo de salão" levará qualquer surrealista a torcer o nariz.
[2] Este aviso prévio é útil para evitar que qualquer dos participantes possa enveredar por contribuições javardas em ambientes em que esse "grau de liberdade" (que certamente muitos surrealistas genuinos reclamariam) possa parecer deslocado. É uma cedência aos costumes, uma restrição à liberdade do processo, mas é prudente o aviso!
[2a] Cortesia a

[3]Já se deixou expressa a liberdade que pode existir neste processo. Uma modalidade mais livre será transmitir conceitos em vez de palavras, mesmo que as palavras que traduzam esses conceitos possam (mas não necessariamente) ser precindidas. Dir-se-á assim ao parceiro a quem se passa: "guerra" para significar o conceito usado no verso que se criou foi esse mesmo que a palavra "guerra" possa lá figurar ou não (ou, em alternativa, que é mesmo obrigatório que lá esteja, desde que isso se tenha convencionado).
[4] Um bom "cadavre exquis" começa a ser obtido à volta de 10-15 pessoas. Pode fazer-se com menos (ver nota [5a]) e pode obter-se o número desejado de frases, ou "versos" dando várias voltas à mesa. Aqui, também, é uma questão de escolha.

[5] Uma modalidade mais rígida obriga o parceiro a voltar a usar a palavra que lhe é transmitida embora a palavra que passa ao seguinte possa já ser diferente. Há, de facto, multiplas variantes - mas as regras devem sempre ser combinadas antes para não dar "salada".

[5a] Pode também acordar-se que cada frase tenha a extensão silábica de um dado verso, criando homogeneidade métrica na composição. A fonte de referência mencionada em [1a] descreve da seguinte forma o processo de génese do primeiro "cadavre ezquis" histórico:
"Cinco parceiros à volta de uma mesa. Cada um escreve, em segredo e até dissimulando a escrita, um substantivo que deverá ser o sujeiro de uma frase. Passa-se essa folha dobrada ao vizinho da direita e recebe-se a folha dobrada do vizinho da esquerda, que a elaborou da mesma forma. Passa-se então ao adjectivo: cada um, na folha que tem à sua frente e sem saber o substantivo que lá está, escreve um adjectivo. Tudo em segredo, claro. Nova passagem de folha dobrada, entre parceiros. Vem então o verbo, que deverá ser transitivo, para que, após nova passagem, se escreva outro substantivo (o complemento directo do meu tempo...) e, após a passagem final, o adjectivo que qualificará esse substantivo. Segue-se a leitura das cinco frases obtidas!".
[6] Claro que se pode também usar em refeições mais aligeiradas. P.ex. fazer este jogo num "MacDonalds" oferece uma sequência incrivelmente restrita. Mas tudo é possível!
[7] Para quem esperava a homónima obra de Manet (ou de Picasso apud Manet), fica para a próxima! Chao! Não queriam mai'nada?
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2007-04-28

Visita ao Alto Douro dos antigos alunos do LAH sediados em Lisboa

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Para mais detalhes ver www.lah-1954.blogspot.com. De qualquer forma aí vai a Torre da Ucanha para adiantar conversa...
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... e, também de qualquer forma, não pagamos portagem para atravessar a ponte!
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posted by LdS @ 00:47 0 comments

terça-feira, 1 de maio de 2007

Da viagem ao Alto-Douro dos "alexandrinos" de Lisboa

Correu tudo mais que bem. Quer os participantes quer, sobretudo o organizador - o Florindo Morais - merecem os maiores encómios pela forma como foi realizada! Divertimo-nos muito, vimos muito, fotografamos muito (tanto que até houve alguém que fotografou sem rolo - e em máquina não digital), aprendemos muito e, sobretudo, prosseguimos - os 33+2 presentes, incluindo alguns familiares e convidados [1] - aquela relação de camaradagem e amizade que é característica dos que conviveram na instituição marcante da Avenida Camilo do Porto, que é o "nosso LAH". O programa já o conhecem - e, no essencial, foi cumprido. As poucas alterações que surgiram (refere-se principalmente a necessidade de sustar a visita ao Museu de Lamego) resultaram da impossibilidade de compatibilizar o horário daquele museu com o desenvolvimento inesperado e surpreendente da visita a S.João de Tarouca, em que encontramos um notável cicerone - precisamente quem, em circunstâncias assaz complicadas, em que todo o apoio exterior manifestamente parece falho, tem a seu cargo o difícil cuidar das preciosidades que no local ainda restam. Impressionante visita, aquela.
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Do restante, existirão reportagens e contributos diversos. Peço aos estimados colegas que os enviem para postagem através do e-mail indicado no blog. Vamos procurar juntar essas mais-valias. Do meu lado tenho 201 fotografias já em CD algumas delas evidentemente más, pois o equipamento não é do melhor e a perícia do operador em nada ajuda, mas que estão certamente à disposição dos colegas.
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Por mim irei ainda reproduzindo as postagens que, a propósito, coloquei no meu próprio blog. Com este processo de "dois em um" contarei o mesmo, sem obrigar os estimados colegas e amigos a joeirar os assuntos que à visita podem interessar entre outras pepineiras aí lançadas e que não lhes interessam (se é que podem interessar a alguém além do próprio bloguista).

E com esta me vou... por agora.

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[1] O +2 refere-se a 2 netos, também presentes i.e. à representação do futuro através da geração +2!
postado por ZM

O jantar do dia 26/4 e a visita anterior

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Apesar de ter caído entre feriados e fins de semana (e nas vésperas da excursão ao Alto Douro), o jantar do dia 26 decorreu com muita afluência e a habitual vivacidade. Como estava previsto, uma delegação de finalistas-1954 constituída pelo Abrunhosa, Januário e Moreira veio do Porto para visitar o Delfim "Bombas" e para estar no jantar. O Sena Esteves e o Soares de Sousa não puderam vir e o próprio Januário, que esteve na visita, não pode prosseguir para o jantar. O mesmo (não estar na visita) me sucedeu, "habitando" eu mais perto. A fotografia seguinte mostra visitantes e visitado, com o sempre presente e sempre activíssimo David também junto ao grupo:
Da E para a D e de pé: Moreira, Abrunhosa e David
Sentados: Januário e Delfim
(foto enviada pelo Moreira)

Como se pode ver, todos (ainda) jovens! Bem hajam!

Concluindo a visita e o jantar, o Rui Abrunhosa mandou-me um agradecimento de que, na verdade, não sou merecedor, com a sugestão de postagem do mesmo Delfim, durante a visita, sorrindo ao telemóvel. Escolhi esta fotografia, apesar de um pouco desfocada (o que lhe dá quiçá uma certa graça) porque... não só tem o Delfim com ar bem disposto como, possivelmente, do outro lado das ondas hertzianas poderei estar eu!
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