LAH1954

um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A axiomática de Peano

Giuseppe Peano

No tempo em que no curso dos liceus se fazia o estudo da designada "Aritmética Racional" havia, como um dos possíveis pontos de partida, um conjunto de enunciados que sempre me fascinou e que era a chamada "axiomática de Peano" [1]. Eram, se bem me recordo, os seguintes:

1. Zero integra-se no conjunto dos números naturais (por vezes enunciado como "Zero é um número natural").
2. O sucessor de um número natural é outro número natural.
3. Nenhum número natural têm zero como sucessor.
4. Se dois números naturais são diferentes, então os respectivos sucessores também serão diferentes (o que por vezes se enuncia como: "Se dois números naturais têm o mesmo sucessor, então são iguais")
5. Se uma propriedade for verificada para Zero e se, assumindo que é verificada para um número natural N, se puder demonstrar que também se mantém válida para o sucessor de N (ou seja, N'=N+1), então essa propriedade é válida para todos os números naturais.

O enunciador desta axiomática, Giuseppe Peano (1858 - 1932), foi um notável e prolífico matemático italiano que se salientou nos campos da lógica matemática e que deixou uma marcante obra de conteúdo lógico e filosófico. A procura da exactidão e de uma formulação eminentemente lógica levou-o ao desenvolvimento da lógica simbólica, com criação e proposta de uma notação própria, e a debruçar-se sobre a necessidade de uma língua universal (Interlíngua ou Latino sine flexione), diferente do Esperanto, que servisse para melhorar a comunicação em ciência. Outro aspecto dessa sua preocupação encontra-se na questão e debate do que possa ser uma definição correcta em matemática, questão que abordou em 1900 numa sua comunicação sob o expressivo (e socrático) título de "Como definir uma definição?"

Os axiomas acima referidos, juntamente com outros sobre a igualdade, foram expostos numa obra de 1889, "Arithmetices Principia Nova Methodo Exposita" - constituindo o 5º e último supra enunciado a base do processo demonstrativo designado como indução matemática. Como judiciosamente nota um dos artigos que sobre o assunto podem ser consultados [2] " observe-se que o aqui chamado de "Zero" não é necessariamente o que normalmente consideramos como número zero. Um modelo para os axiomas de Peano é o que conhecemos por conjunto dos números naturais {0,1,2,3,4,5,...} com a operação de sucessão definida como N' = N + 1, mas a definição acima é genérica e pode ser aplicada a outros conjuntos (por exemplo, o conjunto das potências de 10 {1, 10, 100, ...} com "0" = 1 e o sucessor N' = 10 N)".

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[1] Postagem feita com preito de admiração ao Dr. António Augusto Lopes, Professor de Matemática no 6º e 7º Ano (respectivamente 1952-1953 e 1953-1954) do Liceu Alexandre Herculano no Porto e que, quando os excelentes Professores constituiam a regra, magistralmente nos apresentou a Aritmética Racional... e, com essa apresentação, precisamente desenvolveu a "axiomática de Peano" e o "método indutivo" como "pedras-bases" para esse ramo da Matemática. Esta postagem foi igualmente colocada nesta data e no blogue pessoal do seu autor, em www.sai-tedaqui.blogspot.com. Simboliza também o jantar mensal dos "alexandrinos" que estão em Lisboa, hoje realizado.
[2] Vide, entre outros, http://www.ime.usp.br/~leo/imatica/historia/peano.html. Quanto a uma detalhada biografia de Giuseppe Peano, desde a sua origem modesta até ao papel relevante que, já professor da Universidade de Turim, viria ter no diálogo matemático do seu tempo, vide, também entre outros, o desenvolvido artigo http://en.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Peano.

Postado por ZM

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Recapitulando – 3


e digo 3 porque lá para traz já recapitulei o Mário Barros (Pigoso) (por despenteação mental minha não ficou guardado como “Recapitulando -1”) e o Fernando Basto ( que deveria ter sido arquivado em “Recapitulando - 2 “ . Pois bem (?), então,

Portanto...

Recapitulando - 3

Mário Jorge – Antes e Depois

Descendo a rampinha da traseira do Centro Comercial Brasília, no Porto, ouço, com uma casquinada gargalhada, a exclamação: “Oh Pá!… guarda o teu dinheiro e fala à gente!...” A tentação foi a de tomar o brado como não sendo para mim, já que é público e notório não ter eu dinheiro para guardar. Porém a voz é inconfundível e tem substanciado intermináveis sessões de enxurradas de anedotas, ao longo de décadas, em almoçaradas e jantaradas que se não contam senão por música! Estava perante o mais fabuloso “entretainer” português e o mais espectacular contador de anedotas da “Europa dos 27”. Metralha anedotas simples e inocentes á velocidade de perdigotos, horas a fio, num estilo único, inconfundível, que deixa dolorosos os “ouvintes abdomens”, durante dias, vitimados por gargalhadas intermináveis.

Pois bem: falo do Mário Jorge Santos Silva. Finalista 54, entrou para o Liceu Alexandre Herculano, para frequentar o 6ºA. Licenciou-se em Medicina na Universidade do Porto em 1961. Especializou-se em Fisioterapia, trabalhou em França onde fez também investigação cientifica, e foi docente da Faculdade de Ciências da Motricidade da Universidade do Porto, onde se jubilou por Maio de 2007.Tem um “Coração de Pomba” e “o que é de ouro não se pica” , diz o Povo e digo eu que tenho o privilégio de o conhecer muito bem. Um “gajo porreiro” !... – desculpa lá Mário, mas as verdades são *prasedezerem*, né?!...

E já agora, porque «não há almoços grátis» , assim dizem, na sua moral, os políticos e os gestores, (e quando acumulam é uma pôrra!), aproveito o ensejo para te lixar, Mário, de fininho, pedindo-te meia dúzia de minutos, para introduzires, neste teu blog, umas colaboradelas, com o que muito o valorizarias.

Mário Jorge – antes e depois. È só olhar aí para baixo.

Antes: o “Senhor Doutor”, Iluminado ! …acabado de Cartolar, na cerimónia da “Imposição das Insígnias” na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto durante a Queima das Fitas de Maio 1960.Solene! Soleníssimo!...

Cartolado Mario Jorge 1 Na Fac. Med. U.P- Queima das Fitas - Maio 1960

Depois: Telefonografado na traseira do Brasília. «Muito se engana quem cuida». Ainda lhe perguntei se tinha sido ele a tomar notas na parede. Que não, que estava só a projectar no caderninho o que depois ia passar a limpo para a parede.

Mário Jorge na entrada trazeira da "Brasília" - Setembro 07

Ri-me à brava durante 10 minutos e só tive pena de estar com horas marcadas e desse modo não ter podido desfrutar mais alongadamente do seu sentido crítico embrulhado na sua acutilância humorística.

Rui Abrunhosa

A tempo : teste à capacidade de observação do leitor: Foi notado o anel de pedra amarela? Achou-o feio e pires? Ah!!!.... o leitor é português cuscuvelheiro e invejoso. Não reparou no anel do Mário? , pois! o leitor foi muito bem educado, no nosso LICEV. Só se interessa e exulta, com o que as pessoas têm nelas, por dentro, de elevado e bom.

Rui Abrunhosa

[o exausto postador de serviço considera que
enfrentou um agudo caso de postageorreia!!
Mas isto é que enriquece o blogue "da malta"!
Parabens, Rui! ZM]

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Almoço dos finalistas do Licev Alexandre Herculano de há 53 anos - Uma reincidência postativa de Rui Abrunhosa

José Miguel - destilando um raciocínio ao sol -
A Geniosa Fulgurância dum Sobredotado Ultra Culto,
ou seja, em Portugal, um cidadão de terceira. Aguarela azul turquesa


Naquela tarde choveu prata, ouro, platina incenso e mirra. O único mirrado, pelo menos de neurónios, nos sítios mais importantes, era eu!...


O ZéMiguel estava mentalmente cintilante, esfusiante, no seu invulgar e muito elaborado sentido de humor. Vejam-no, aí ao lado, destilando um raciocínio ao Sol, com a Geniosa Fulgurância de um Sobredotado, Ultra Culto, ou seja, em Portugal, um cidadão de terceira.

Rui Abrunhosa


[o postador por encomenda reclama que nada tem a ver com o que o postante dele diz no texto.ZM]


Recapitulando - 4 - Fernando Melo – Antes e Depois - uma postagem de Rui Abrunhosa

Fernando Melo Cartolado na Fac.Med.Porto - Queima das Fitas - Maio 1960

Fernando Melo - 52º Aniversário saída Lic Alex Herc Nov 2006

Como se pode ver nas imagens, trata-se apenas de pequenos toques e retoques de “restyling”.

A preto e branco observa-se o “Senhor Doutor”, acabado de “cartolar”, sentado na borda de um palco, improvisadamente montado para o efeito
...

... no Grande Átrio em Mármore de Cagaga, (como diria, com a sua disartriazinha setubalense, o nosso José Bárbara Branco, hoje brilhante ortopedista, já jubilado), no grande átrio, dizia, a que acedem as rampas em U do então chamado Hospital Escolar de São João.

Celebrava-se ali a primeira “Imposição de
Insígnias” realizada nas novas instalações da Faculdade de Medicina do Porto, na Queima das Fitas, de Maio de 1960. De notar os “olhos lânguidos” dum pós-prândio apropriadamente programado, com virtuosa almoçarada, «boa, abundante, bem confecionada» (frase calina dos “oficiais de dia” na tropa da época) e, sobre tudo, muito bem hidratada com soluções múltiplas, bem concentradas, de funções “OL” salpicadas de subtis radicais aldeídicos ( xissa! ... no que deram os radicais! …)

Na Cor (Fig 2) surge a elevação sereníssima do Ponderado, por isso Respeitado, Presidente da Câmara Municipal de Valongo, à mesa do almoço de 25 de Novembro de 2006 na celebração ( oh!, oh!… não, não! …pois claro que não!...) do 52º aniversário da finalização do curso no Liceu Alexandre Herculano. Na elegância com que, pelos orbiculares dos lábios, se desenha a Alma, perpassa a pequenina indecisão com que se constroem as grandes De Cisões… Exactamente! : também ”o Olho” tem, mantem, o mesmíssimo brilho, emanado da finérrima, prescutante, sempre leal, matreirice académica! E - já agora - «numa daquelas sínteses que varrem tudo» , diria o Ega do Eça – a matreirice académica, mas leal, de quem goza, por adeantado, o gozo miudinho que muita coisinha miudinha, de coisinhos miudinhos, lhe vai dar, não tardará, miudinhamente, muito...

Rui Abrunhosa

[e eu, por encomenda, vou postando... ZM]

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

ALMOÇO DOS FINALISTAS DE HÁ 53 ANOS DO LICEV ALEXANDRE HERCULANO – 1 - Uma postagem de Rui Abrunhosa

Foi no dia 20 de Outubro. Manhã de sol cristalino e céu azul profundo.

Almoçamos com o Dr. António Augusto Lopes.

Momentos de júbilo, bem estar , alegria, paz, saudade, esperança!...

Porque será?!...

Recebidos, com ternura, pelo Januário, Moreira e Carlos de Sousa que, como habitualmente, se incumbem de organizar estes Encontros.

Vieram muitos, mesmo de longe, alguns com suas Esposas e dois com Netos.

O Dr. António Augusto Lopes apresentou interessantíssimas e muito profundas reflexões. Quer pelos que lá estiveram quer pelos que o não ouviram, vale a pena lê-las. O Moreira digitalizou e distribui – logo antes do Natal – o manuscrito de tão original criação filosófica por um Matemático. E que o seu Autor - como em anos anteriores – teve a gentileza de nos dar . Exactamente!.... DAR . Foi o que estes Homens e Mulheres daqueles tempos sempre fizeram : DAR. Sempre lhes ouvimos dizer “vou DAR uma aula” , “estive a DAR uma aula” … DAVAM e DAVAM-SE. Chove no Coração de Portugal… agora, com alta frequência vendem-se, vendem aulas - baratuchas …- curvo-me respeitoso perante os que enquanto educadores se deram e deram , sem nunca pedir nada em troca, como também me curvo ante os que, enquanto minorias, hoje, também hoje, ainda hoje, têm a coragem de o fazer, mesmo quando, diariamente, lhes escarram na cara!! Coitadito do Portugalito …

Aproveito o ensejo para sugerir ao Dr. António Lopes, a título de singelo cumprimento, que releiamos, a seguir, a

POESIA MATEMÁTICA

De

MILLÔR FERNANDES

Às folhas tantas

Do livro matemático

Um Quociente apaixonou-se,

Um dia,

Doidamente,

Por uma Incógnita.

Olhou-a com o seu olhar inumerável…

E viu-a, do Ápice à Base.

Uma figura Ímpar;

Olhos rombóides, boca trapezóide,

Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua

Uma vida

Paralela à dela.

Até que se encontraram

No infinito.

“Quem és tu?” indagou ele

Com ânsia radical.

“Sou a soma dos quadrados dos catetos.

Mas pode chamar-me de Hipotenusa.”

E de falarem descobriram que eram

- O que, em aritmética, corresponde

A almas irmãs –

Primos-entre-si.

E assim se amaram

Ao quadrado da velocidade da luz

Numa sexta potenciação;

Traçando

Ao sabor do momento

E da paixão

Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas

E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.

E, enfim! resolveram casar-se.

Construíram um lar.

Mais do que um lar,

Uma perpendicular.

Convidaram para padrinhos

O Poliedro e a Bissectriz.

E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro,

Sonhando com uma felicidade

Integral

E diferencial.

E casaram e tiveram uma secante e três cones

Muito engraçadinhos

E foram felizes

Até àquele dia

Em que tudo, afinal,

Vira monotonia.

Foi então que surgiu

O Máximo Divisor Comum

Frequentador de Círculos Concêntricos.

Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,

Uma Grandeza Absoluta,

E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu

Que com ela não formava mais Um Todo,

Uma Unidade. Era o Triângulo,

Tanto chamado amoroso.

Desse problema ela era a fracção

Mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a relatividade

E tudo o que era espúrio passou a ser

Moralidade

Como, aliás, em qualquer

Sociedade.”

Millôr Fernandes

E mais diz o Rui Abrunhosa…

Recolhi de : “«Jornal de Poesia» - Millor”

http://www.revista.agulha.nom.br/millor.html

Rui Abrunhosa

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Nota do transcritor:

Boa malha, Rui! Esta – por muito ordinário que seja o apossamento (o que está na origem da velhíssima expressão do “possuído e mal remunerado”) – vai também para ao meu blogue! Aliás recorda-me uma “poesia química” de um autor francês de SF, cujo nome (e a correcta e não, como agora, duvidosamente relembrada poesia) procuro localizar de há muito… sem a encontrar e que, salvo erro grosseiro, dizia qualquer coisa como isto::

“O jovem C2H2

Enamorou-se da jovem H2

E depois de meses de amor ardente

Nasceu C2H4”

Postado por ZM
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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O jantar de 31 de Janeiro... o passeio ao Canadá... e vindimas no Douro.

Uma visão do "été indien"... mas chega a haver árvores azuis!
(imagem com vénia a http://www.routard.com/images_contenu/communaute/photos/publi/011/pt10468.jpg)

Na última 5ª feira, 31 de Janeiro, realizou-se na "Granja Velha" (ver postagens anteriores) o habitual jantar dos alexandrinos de Lisboa, com a presença de (entre alexandrinos e familiares) 25 pessoas. Comeu-se o excelente bacalhau e trocaram-se ideias para o novo ano - já que este foi o primeiro ágape de 2008.
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Um dos pontos fortes da refeição foi o amúncio de um passeio ao Canadá, em pleno outono para descobrir as cores do "été indien" (a paleta que as árvores oferecem em algo equivalente ao que nós chamamos "verão de S.Martinho", mas mais cedo, é verdadeiramente única e ficará para sempre na memória), as cataratas do Niagara e as grandes urbes de Toronto, Montreal, Ottawa e Quebec num percurso que ocupará uma semana, de 6 a 15/16 Outubro, em condições muito interessantes). A organização desta digressão foi proposta na sequência do sucesso que foi o passeio ao Alto Douro em 2007. Foi também deliberado colocar este anúncio no "blogue" para informação aos colegas do Porto ou de outros locais que ao passeio se queiram juntar. Quem coloca esta mensagem [1] pede aos interessados que o contactem por telefone ou pelo e-mail adstrito ao blog (lah1954@gmail.com) para poder dar as restantes informações e contactos que, obviamente, não cabe divulgar aqui. [2]
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Pelo simpático casal Hernâni e D.Fernanda Verdelho foi renovado igualmente o convite para uma deslocação à sua propriedade no Douro (Quinta do Carrenho, em Numão, vd. postagem de 2 de Maio de 2007) durante o período das vindimas, com possível participação (devida e previamente instruída, claro!) nesta importante tarefa.

Postado por ZM
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[1] Infelizmente, por cair exactamente nas datas de uma realização em que quem fez esta postagem participa, este lamenta não poder ir - e escreve este desabafo para que sirva como crédito de sacrifício e dedicação à causa, no estilo "noblesse oblige".
[2] Cabe aos interessados certificarem-se de que a sua mensagem foi recebida, confirmando através de contacto "person-to-person" a obtenção das desejadas informações.