LAH1954

um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto

domingo, 24 de maio de 2009

NOS ALMOÇOS DE ANIVERSÁRIO - 1

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ACÁCIO EDUARDO SILVA CARVALHAIS

Com i...

"Otherwise" "o gajo" ( desculpa Acácio... "o Senhor Gajo"...) ... retruca logo - rápido como língua de sapo - acáce-o não!... segure-o!...

Brilhante jogador de "hoquei sobre rodas". Depois de ser campeão distrital, no desporto escolar, envergando a camisola do Liceu Alexandre Herculano, continuou a "carreira" no Académico, onde praticou esta modalidade durante muitos anos. Com muito sucesso, brilho e desportivismo.

Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, especializou-se em Ortopedia. Foi Chefe de Clínica do Hospital de S. João, no Porto.

Calado, por temperamento e por ética , saíu-lhe na vida a Fortuna Grande: a Leontina, sua Mulher!... radiosa , radiante e de alegria permanentemente gargalhada!... tive o privilégio de dela ser condiscípulo na Faculdade - um espectáculo!.

Um beijo para ela e um abraço para ti!

Rui Abrunhosa

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domingo, 17 de maio de 2009

NOS JANTARES DA MESSE - 1

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ÁLVARO JOSÉ MALAFAYA BAPTISTA

Todas as «Segundas Quintas Feiras », de cada mês, exceptuados os das "férias grandes"- Julho Agosto e Setembro - se reúnem Antigos Alunos do Liceu Alexandre Herculano no Restaurante da Messe de Oficiais, na praça da Batalha, no Porto.

Aparecem Pessoas de todos os tempos... Já ali encontrei "um Colega" com 1oo anos de idade, engenheiro aeronautico no Brasil onde sempre viveu e continua a viver. O grosso das tropas mastigadoras é constituido pelos elegantissimos e muitissimo bem dispostos «Tenentes-Marechais» que foram finalistas em 1954, e seus coetanos.

Ambiente excelente, elevação de modos e maneiras. Pitança inexcedivel... E «a Cultura começa quando as Pessoas se encontram»... já lá dizia o Miguel Torga!...

Muito boa organização , com a contumácia, entre mais, do Fernando Gonçalves Pereira e do "gajo do retrato"

Licenciado pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, o Álvaro é Pessoa de muita sensibilidade e grande ternura pelos mais frágeis. Solidário. Sempre me comoveu a sua suave postura de Amor para com sua Irmã Beatriz, na inimaginavel Dor de Mãe que lhe atravessou a vida...

Por alturas de Carnaval, assistiamos a uma aula já não lembro de quê nem por quem... Era 5º Ano. O "Menino Álvaro" faltou. Numa de crise desexistencial. E eis senão quando rebenta um petardo, colocado por fora, no postigo de ventilação que ficava junto do roda-pé da sala do 5ºA. Uma certa sagesa com que sempre se conduzia a disciplina - nessa época - troxe aprofundadas conversas com o Director de Cíclo ( acho que era o PÓpi) e o Papá Chico ( na sua subida qualidade de Reitor). E "o rapazinho" lá cresceu mais um pedacito... sem ninguém dar por isso, nem ser à custa de elevatórios puxões de orelha.

Era "um criativo". Foi ele que que enriqueceu a Língua Pátria com o substantivo novo do «Quilhones» que vestiu como uma luva ao Saudoso Amadeu Lima. É tambem dele a "patente" do brado «ÓquimKóçamos!...»

Cultivou sempre o desporto. Era exímio no "handball. Julgo não errar se disser que ainda hoje joga ténis.

Dirigiu a Farmacia nos Clérigos do Senhor seu Pai - o Professor Catedrático da Universidade do Porto , Doutor Alberto Malafaya. Mais tarde teve Farmácia própria, algures a sul do Porto.

"In Short": Um Gajo Porreiro!!! Toda a gente gosta de ti - Álvaro!!!...

Rui Abrunhosa



terça-feira, 12 de maio de 2009

LABIRINTOS DA SAUDADE - 3

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NOÉMIO NANETTE CURADO

Segurava um ponto no espaço!...

...sedutoramente preendido entre um polegar energicamente firme e um indicador com a subtil sensibilidade do fino espirito de um Homem da Pintura e da Escultura.

Com lingugem corporal de inexcedivel riqueza comunicacional, muitas vezes de barba por fazer, escondendo sua pobreza material num sobretudo que foi o de sempre - e para sempre- cinzento, de abas muito largas, de muito longo curso, como que para tapar sapatos cambados, em passo gingão.

Tinha o génio pedagógico de fazer "ver no espaço" criações da imaginação, plenas de volume, traduzidas por linhas e pontos que poderiam bem, um dia, vir a representar catedrais, pontes, barragens, máquinas..., tudo!!!... Tudo o que seus alunos, um dia, se quizessem, poderiam vir a criar... e, muitos, assim o vieram a fazer!

Um génio pedagógico!...

Simples, humílimo, em si metido, em dias e dias de silêncio...
Porque lhe não compraram quadros?... Porque lhe não encomendaram esculturas?... Porque não o deixaram comprar um sobretudo novo?...
Quem sabe dele? Onde está? Onde ficou?...
O brado vem no Antigo Testamento: Ai do Só!!!...

Afinal...um País, uma Sociedade - depois de tudo - cada vez mais de Sós...
Ai do Só!!!...
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Rui Abrunhosa

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Livros que nos fizeram - 2


"CORPOS E ALMAS", de Maxence Van der Meersch

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Interrompo o meu silêncio para fazer uma breve postagem. Neste blogue do meu Curso do Liceu Alexandre Herculano, no Porto, o incansável Rui Abrunhosa - que tomou o timão durante a minha forçada, confusa e bem complicada ausência, que talvez ainda se vá prolongar (é mau fazer "jogging" com gente moça: deitamos os bofes pela boca, ficamos para trás e nem sabemos - o que é o caso - se chegaremos ao fim!), lançou uma nova série que se reporta aos livros que nos fizeram crescer. Apresenta, como número 1, o "Livro da Segunda Classe" e, dele, aquele poema que celebrava a casa através do ninho e que era duplamente educativo, mesmo para os que hoje têm de viver não em ninhos mas em casulos de vespas, de paredes de papel cimentado, ouvindo todas as sonoridades ventosadas ou não do compincha do lado - e estes são ainda os que têm sorte de ter qualquer coisa chamada de seu e que, feitas as contas, pagaram em triplicado ao banco que avançou com a massa (massa e não maça) para cobrir ao betoneiro fazedor de casulos a oportunidade de despachar aquilo e ir encasular para outras bandas,. Torna-se assim um vítimo-pelintra "proprietário" da necessidade artificiosamente criada duma cópula danada de banca e caliça, com o poder no meio delas, em nome de um mistificador "capitalismo popular" que cinicamente aniquilou o mercado do arrendamento e, sobretudo, vai franzindo o nariz ao esforço cooperativo, mantendo apenas a fachada constitucionalmente correcta (mas num minimozinho discreto, 'tá bem?). Bom! Não era por aí que eu queria ir hoje...

Queria ir por outro lado: (cor)responder ao Rui e lembrar um dos livros que realmente formou "a minha/nossa turma". Circulou pela prateleira subjacente à superfície de trabalho das carteiras no 6º e 7º anos e penso ser justo ao dizer que deve, consciente ou subconscientemente, ter ajudado a que Medicina fosse um dos cursos de preferência dos meus ilustres Colegas que ingressaram na U. Eu li-o então e, se não me convenceu a ir para Medicina , foi porque, já no momento, conhecido como "Zé dos Calhaus", lapa chateante do Professor Balacó e mesmo do Senhor Abrunhosa (o outro, o careca, o que levava os cigarros ao exagero mínimo quase a queimar os bigodes e "vivia" na sala de mineralogia e geologia, entre caixinhas etiquetadas por "Les Fils d'Émile Deyrolle" - A FIRMA AINDA EXISTE, MEUS CAROS! - e eu pergunto-me se permanecerá lá a magnífica colecção, inclusiva dos artísticos graptolitos desenhados a canivete numa folha de xisto, que o dito Senhor Abrunhosa pôs logo em dúvida?) - eu almejava uma vida de engenheiro, talvez numa mina. Cheguei mesmo a ter uma boa colecção de minerais, com uma certa irritação materna pela confusão que aquilo criava no meu quarto (havia de o ver agora!) - sobretudo quando alguns concessionários, que eu visitava, me mimoseavam com exemplares de 20 quilos, como o bloco de magnetite que o Dr. Ângelo César, que eu descaradamente tinha visitado no seu escritório, no edifício da "Nacional", para "cravar" tal oferta, me trouxe das minas do Marão e que me obrigou a ir de taxi para casa, gastando algumas daquelas moedinhas de prata e caravela que eram as famosas cinco c'roas. Tal peso era o das rochas e fósseis que eu cedi essas secções (R e S) , incómodas e pouco brilhantes, aos Lopes Cardoso (que depois seguiram brilhantemente a advocacia), mantendo no entanto, e com cagança, a secção M (dos minerais) e, desejavelmente, o controlo de tudo - enquanto fazia versos à Célinha. Um problema pulmonar (bicicleta a mais para visitar minas e colher calhaus em Gondomar e na Vila da Feira) fez com que o médico da família, o Dr. Pedrosa Júnior, uma figura gaiense sempre a recordar, me desaconselhasse as minas. Passado tempo perguntou-me se eu tinha já escolhido uma alternativa mais saudável. E eu, que só tinha feito a mudança para a porta do lado do mesmo andar, respondi: Já, escolhi a Engenharia Química! Mas isso ainda é pior, disse o bom do Dr. Pedrosa com o seu sorriso franco e sempre bem disposto. Pois é, respondi eu, mas agora já não mudo mais. E não mudei. Santa Bárbara que, lá em cima e antes de a Igreja a ter posto em "lay-off", ouvia estas coisas todas decidiu ajudar-me sobremodo e disse ao Chefe dos chefes (não é isto a comunicação dos Santos?) que me pusesse em Química com algumas coisas de Minas à mistura - e apontou para os blocos de pirite que do Alentejo subiam em caminho de ferro (antes era mesmo em barco...) para o Barreiro. Assim andei eu e ando - e dá-me imenso gozo estar a mexer naquilo que era o meu primeiro caminho, em terra conhecida, com histórias conhecidas mas em que muito haverá ainda a contar - como me dá angústia a imposição de prazos que ditarão, pior que o "não fazer", um fazer que seja aos meus próprios olhos insuficiente e mesmo assim se eu chegar lá.

Todo este arrazoado recorda-me o "Monólogo do Tabaco" de Tchecov (hoje grafo assim porque me apetece) ou a ida ao supermercado buscar uma exacta coisa e vir com cinco menos aquela, numa figura esbanjante do consumo que ainda é possível, enquanto é. Mas voltemos aos "Corpos e Almas". Maxence Van der Meersch, escritor católico francês de nome flamengo, produziu uma obra realista sobre uma família burguesa, os Doutreval, e um clínico algo inovador no meio médico duma cidade muito curiosa e importante, Angers, com aquele "toque francês" que nos diz ainda qualquer coisa e que nos fazia sonhar com uma outra Europa do além Pirinéus, onde hoje estamos e continuaremos - ainda que de sonho esbatido. "Nada há melhor que o brinquedo que está na montra" - posição dogmática que se diria ter inspirado o Manuel de Oliveira na concepção do "Aniki-Bóbó" tão portucalense como o "Douro - Faina Fluvial" que, porra das porras! (em homenagem à sueva expressão vernacular), não há meio de encontrar em DVD ou forma quejandra. Mas lá estou a fazer agulha!

Bem, tão impressionado fiquei com aquele Van der Meersch, edição da Minerva como a que se mostra (manchada de café) na gravura supra, que quando me apanhei anos mais tarde a estagiar nas Astúrias comprei algumas traduções de outras obras em castelhano (o escritor era católico, donde mais abundantemente traduzido na Espanha da época que entre nós !) que algo me desiludiram - como por exemplo "A Casa da Duna", que o cinema adaptou em 1988 mas que, na sua Pasqualina, achei demasiadamente doce para o meu gosto de potencial "aprendiz de diabético" ou "diabético amador" que é como sou agora classificado, tendo o cuidado de nunca passar os 110 na estrada da vida! A minha posição de admiração quanto ao Autor, que tanto me impressionara com o "Corpos e Almas" e que - estou convencido disso - mandou tantos desses meus Colegas para sacerdotes do templo de Esculápio (visitem a Miróbriga, pois, e se possível com algumas vestais escolhidas a dedo e esquecidas dos respectivos votos!), foi recuperada ao ler um outro romance, "Invasion 14", que mandei vir pelo meu "fornecedor"francês da "Poche" (é "bouquiniste", tem tudo e não cobra loucuras pelos portes) que relata a vida numa cidade do Norte da França ocupada pelos "boches" (de capacete bicudo, ideias curtas e "Got mit uns" no fecho do cinturão!) na I GG.

Não vou aqui entrar numa de erudito à moderna e transcrever como se fosse minha, com pequenos toques, "cocktails de fontes" e erros de tradução, a biografia e a bibliografia do tal Maxence(1907-1951), desencaminhador no bom sentido que é o de encaminhador. Poderão e deverão encontrá-lo em
e digo que vale bem a pena ler pois explica muito do Autor.

Porque é considerado um dos "escritores hoje esquecidos", sinto-me bem por ter interrompido muita coisa urgente e imperiosa e vir trazer aqui - e colocar também no www.sai-tedaqui.blogspot.com, com pequenas variantes (desculpem, mas o "dois em um" ainda está na moda ) - este tributo a um Autor de um dos livros que nos formou e que correu praticamente toda a turma. Só já não sei quem o trouxe. Pena que, para dizer só isto, tenha caído no pecado solipsista de falar tanto de mim, mas se eu não falo de mim e não conto a tempo aquilo que recordo, quem o recordará depois? Ciao a todos!

É tão bom "fazer gazeta"!!! (e muito em especial hoje!)
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Zé Miguel

terça-feira, 5 de maio de 2009

Livros que nos fizeram - 1


O LIVRO DA SEGUNDA CLASSE



Foi em 1944... "no Mato"... Quibaxe... nos Dembos... em Angola. Era cidadão de segunda... está na minha cedula de nascimento, que conservo, guardada num cofre. Também eram cidadãos de segunda todos os meus condicípulos. Quinze ou dessaseis da Banza de Quibaxe e cinco ou seis da povoação de comerciantes. Por 1942 os nossos Pais tinham-se reunido no que hoje se chamaria uma "Associação de Pais". Construiram sòzinhos a nossa «Escola Primária de Quibaxe» e pagaram, durante o primeiro ano lectivo (1943-44), o salário de uma Professora Primária a quem deram também, porque vinda de Luanda, habitação construida para o efeito. As Pessoas da região dos Dembos eram então muito pobres. Entre Pobres a Solidariedade foi sempre fácil e simples. Foram os Pobres de Quibaxe que me deram uma Escola e era muito Boa. Fui nela muito feliz. Os meus primeiros Amigos foram os Meninos da Banza de Quibaxe. A D. Ana, com sangue africano e europeu no seu Coração foi ali a minha Professora dos 3 últimos anos e uma das mais qualificadas educadoras que jamais uma escola a falar portugues terá tido em qualquer parte do mundo. Foi com ela que me deparei com «O Livro da Segunda Classe»

Li-o, reli-o, copiei-o, para interminaveis cadernos de "dupla linha", li-o, alto, de pé, no estrado, pousadamente aberto nas minhas reunidas palmas das mãos, ... li-o mormuradamente baixinho, ... no princípio soletrava mais do que lia, no fim já lia e só de quando em quando dava uma soletradela... comecei por apontar palavra por palavra com a ponta do dedo indicador... que deslisava, mais lesto ou mais lento, quanto mais elaborado, ou mais solto, era o soletranço... ràpidamente tive de perceber que apontar com aquele deslisante indicador não era constitucional e apontar com o terceiro dedo, enclavinhando o 2º e o 4º era ainda mais grave... nunca percebi porquê...e a insistência trazia consequências... suaves, amoráveis diria mesmo, porém consequências... que de pequenino se torce o pepino...


Recapitulemos a página 10...



.... oh Menino!!!.... tira a o dedo da linha!!!!...


Rui Abrunhosa

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Ha praí quem tenha "livros que nos fizeram"?... Digitaliza e pranta aqui...