LAH1954

um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto

quarta-feira, 30 de abril de 2014

O TEACHER

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Dr. ANTÓNIO CLEMENTE MELO DE CARVALHO

 
 
THE
TEACHER
 
 
Apresentou-se-nos no ano lectivo de 1949-1950, estavamos no 3º ano e primeiro de inglês, onze anos após ter concluído, em Lisboa, o seu Curso de Ciências Pedagógicas - Pedagogia e Didática, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica, com a classificação de Bom com distinção - 16 valores e de ter visto seu nome relevado na elencagem pelos Anais da Faculdade no Quadro de Alunos Distintos, entre os demais de todos os cursos daquela Escola naquele ano lectivo.
 
Alto. Magro. Puxava atrás, com o dedo indicador, o canto lateral do olho esquerdo quando buscava apropriada acuidade visual para olhar o fundo da sala.
 
Pessoa de altíssima qualidade pedagógica. Assombrava a penetrância com que incutia a apropriada pronúncia, em accent de Oxford, e o gosto com que proporcionava o conhecimento das frases idiomáticas. Shine please, por exemplo, passou ao linguajar do dia a dia da malta quando se queria lixar alguém que se mostrasse mais aproximativo de um professor.
 
O seu profundo envolvimento no bem transmitir, levou-o, em colaboração com o Dr. Armando Morais (... isso mesmo... o dos dicionários) a montar um laboratório mínimo, de línguas (ao tempo, na prática, só para o inglês) de que fazia parte um excelente rádio Philips com que se ouviam durante a aula os programas de ensino do inglês, da onda curta da BBC. O rádio tinha um olho verde luminoso, lindo!
 
Organizava muito bem a utilização desta ferramenta, através de folhas de apoio, poli copiadas e da distribuição de uma pequena publicação (quinzenal?) que a BBC enviava regularmente pelo correio. A malha horária das sessões da BBC era utilizada em função do horário das nossas aulas. Tudo isto implicava para o Dr. Melo de Carvalho um grande investimento do seu tempo extra escolar o que incansavelmente fazia propulcionado pelo entusiasmo que punha na preparação e na realização das suas aulas. Dito de outro modo, era, portanto, homem de partilha. E quem partilha é bom. Portanto homem bom.
 
Devo-lhe todo o inglês com que, depois, me governei na vida profissional (e de recreio) ao longo de anos. Falado, lido e escrito.
 
Inspirava, a gente do bom senso, grande admiração pela altíssima qualidade com que impregnava o ensino que fazia.
 
Julgo era pessoa muito sensível. Mais julgo sofria.
 
E sofreu fundamente quando inconsiderados rapazotes o magoaram embora sem disso terem uma real consciência e, sobretudo, sem propósito. Burrice de estouvados comportamentos. Silly gajos...
 
 
Rui Abrunhosa
 
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