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Do Moreira, a 19 de Julho, recebi a seguinte mensagem:
Caríssimo Zé MiguelHá tempos vi no n/ blog a fotografia do busto do Dr.: Brandão que tiveste a feliz ideia de tirar e postar. Como considero que foi um dos melhores professores que tive e nessa foto não é possível vê-lo como nós o conhecemos, resolvi pôr os pés ao caminho e estou agora a enviar-te duas com a fisionomia que nós conhecemos e recordamos. Suponho que têm ambas muito interesse mas tu decidirás se queres postar alguma ou não para fazerem companhia à do busto.
Sem mais, um abraço do
Moreira
Respondendo: Pois eu entendo que sim, e os anexos enviados pelo Moreira (afinal 3 e não 2!) aí estão, embora estes sejam já mais do D.Domingos:



Vem agora uma explicação... e o tal apêndice que, chato como sou. eu vou juntar. A fotografia do busto do D.Domingos de Pinho Brandão, que está numa das artérias principais de Arouca, que aliás tem o seu nome, resultou de uma das minhas visitas àquela interessante terra, relacionadas com uma tese de mestrado que estou a magicar. A fotografia do busto está má, eu sei, má em iluminação, má em perspectiva, má em todos os ditames da mais elementar arte fotográfica - e portanto mereceu a correcção que o Moreira faz.
Mas o que por certo não sabeis é que, nesta altura, estou cuidadosamente a estudar os jornais de Arouca, tendo começado pelo "Defesa de Arouca", um semanário iniciado em 1 de Janeiro de 1926 (ainda estou em 1942...Singapura acaba de ser tomada pelos japoneses...a Alemanha reteve há alguns meses por razões de frio a ofensiva de inverno contra a URSS...aqui estamos preocupados com Timor, com a gasolina racionada, com os negócios do volfro, com as ameaças veladas às ilhas atlânticas, eu sei lá...) e..., embora esteja nele a buscar um conteúdo bastante profano, já por lá me encontrei, até ao momento, com 3 referências 3 ao "sr.Domingos de Pinho Brandão", da freguesia de Rôssas.
Não digo que não possam ter existido referências anteriores, pois o mencionado semanário fazia uma marcação cerrada aos estudantes locais, divulgando os seus êxitos académicos (devia ser complicado, naquele tempo, ser estudante em Arouca... e não merecer tais menções!) e, portanto, na "saison" dos apertos, trazia vastos elencos que eu não escrutinei. Refiro-me pois a menções "salientes", dedicadas com relevo ao referido "sr.", como era designado, e que viria a ser professor nosso!
A primeira menção consta do jornal nº 757, de 3 de Agosto de 1940 (está quase a fazer 67 anos!), página 3, secção "Correspondências" [das freguesias] e diz o seguinte:
Rôssas, 31-VIINas cerimónias que se vão realizar nesta freguesia, pelas 19 horas do dia 10 de Agosto próximo, por ocasião dos grandes festejos a Nossa Senhora do Campo, de homenagem e exaltação à Cruz, além do pregador da festa, falarão o sr. Domingos de Pinho Brandão, aluno do curso teológico que vem frequentando com grande distinção, e o menino Elísio de Almeida Azevedo. No acto do descerramento da lápide comemorativa, além dum dos oradores precedentes, discursará o menino Artur Garrido Brandão.Todas as cerimónias revestir-se-ão de grande brilho e solenidade. C. [correspondente]"
Esclareço que, em Arouca, "Brandão" é um patronímico muito corrente, pelo que o terceiro orador indicado, podendo sê-lo, não será necessariamente parente do primeiro... A segunda menção encontrada, está na secção "Exames" (a tal!) do "Defesa de Arouca" nº 806, de 19 de Julho de 1941, pag.2 e diz:
“Com a elevada classificação de 17 valores (1º distinto) transitou para o 3º ano do curso teológico o inteligente estudante sr. Domingos de Pinho Brandão, do Outeiro, de Rôssas.”
Finalmente a última descoberta, até ao momento, é a que consta do mesmo jornal, com bastante relevo, a pag 2 do nº 833, de 31 de Janeiro de 1942:
"Domingos de Pinho Brandão
De sua casa do Outeiro de Rôssas, onde veio passar alguns dias junto da sua família, seguiu para o Colégio Português em Roma, a fim de se doutorar em Teologia pela Universidade Gregoriana, o nosso amigo sr. Domingos de Pinho Brandão, mui distinto aluno do 2º ano de Teologia do Seminário da Sé, da cidade do Porto.
Desde já desejamos ao futuro doutor muitas felicidades."
Assinale-se a evidente incongruência entre o 2º e o 3º apontamento, quanto ao ano frequentado do curso de Teologia. Recordais-vos, certamente, do relato factual que por vezes nos fazia da sua estadia em Roma, em plena guerra, descrevendo nomeadamente os bombardeamentos aéreos de que a cidade tinha sido alvo e que tinha testemunhado. ZM