LAH1954
um blog de antigos alunos do Liceu de Alexandre Herculano, do Porto
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Reunião LAH 2007 - 3: Uma outra fotografia da "malta"
"Jornal de Nisa" em http://jornaldenisa.blogspot.com, como
- mensagem de 25 de Setembro de 2007, sob o título "Manuel Alegre e Cruz Malpique", com referência á acção docente do prof, uma foto do prof. com a "malta" (i.e. connosco), o "en-tête" do "Prelúdio" e o poema dedicado ao prof. que o Manuel Alegre publicou no 1º número do nosso jornal
domingo, 21 de outubro de 2007
Reunião LAH 2007 - 2: A Reforma Tecnológica da Capela Sistina, uma postagem (sem direito a qualquer limitação) do Rui Abrunhosa
A REFORMA TECNOLÓGICA DA CAPELA SISTINA
O Almoço da Malta do LAH-1954 realizou-se ontem. Excelente organização do “Trio Maravilha” Januário, Moreira e Soares de Sousa. Aqui reforço o abraço de gratidão que à saída já lhes deixei. Com belo sol e céu azul fez-se a recepção no Jardim do Novohotel em Blanova de Gaia. O Carlos Soares de Sousa, refastelado em Cadeira Episcopal, entregou as tradicionais Placas Comemorativas.
Uma primeira consequência deste Encontro Jubiloso foi, logo no seu início, a Reforma Tecnológica da Capela Sistina, com se documenta na foto junto, com o Zé Miguel a dar a sua colaboraçãosinha digital…
Rui Abrunhosa
sábado, 20 de outubro de 2007
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Uma pausa...Um ano...
e-gramas para: lah1954@gmail.com"
Aqui se fez uma pausa para retirar as postagens anteriores em vista ao CD que comemorará o encontro da "malta" exactamente depois de amanhã!
"Um blogue é um diário pessoal. Uma tribuna diária. Um espaço interactivo. Um local para discussões políticas. Um canal com as últimas notícias. Um conjunto de hiperligações. As suas próprias reflexões. Mensagens para o mundo.
O seu blogue é aquilo que quer que ele seja. Existem milhões de blogues, de todas as formas e tamanhos, e não há regras efectivas.
Em termos simples, um blogue é um Web site, onde escreve coisas regularmente. As informações novas são apresentadas no início, para que os visitantes fiquem a saber o que há de novo. Depois, podem fazer comentários, aceder às informações ou enviar-lhe uma mensagem. Ou não.
Desde que o Blogger foi lançado em 1999, os blogues transformaram a Web, influenciaram a política, agitaram o jornalismo e permitiram que milhões de pessoas se pudessem exprimir e estar em contacto com outras pessoas.
E temos a certeza de tudo isto ainda está só a começar."
Isto que está acima é o que diz a "blogger.com" e, dentro desse objectivo de comunicação ampla, passado que foi um ano, tendo mesmo constatado o sucesso do nosso blogue em pessoas que não foram alunos do LAH e que nos têm visitado e connosco contactado, eu faço desde já o apelo com que tenciono "chatear-vos" brevemente: escrevam, lembrem-se de coisas nossas, lembrem-se de coisas vossas. Recuperem os papeis, onde quer que estejam e publiquem-nos aqui. E, sobretudo mantenham a memória, a memória daquilo que é nosso, a memória que nós construímos com aqueles que connosco a fizeram - mantendo assim uma porta aberta à história do LAH.Saibamos continuar a fazer barulho no contar da experiência que vivemos. Nem que seja informático!
.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Mais de meio século sem ver o Fernando Basto
Olhem só!...: está igual ! Vejam, aqui em baixo.
Se bem lembrais era contido, óclões de aro grosso, muito bem educado, não dizia “foda-se”, nem nada que se lhe parecesse. Vestia bem e gostava de fatos com “casaco de trespasse” e calça de vinco bem vivo, de preferência de fazendas escurinhas, com riscas ( longitudinais,…claro… então haviam de ser transversais, não?) Tinha paixão pelo exercício físico programado. Que mantém… não é que ainda agora vai diariamente ao ginásio !.... No L.A.H era exímio em várias matérias: 100 metros pista ! rapidíssimo, mesmo com a branca e baça sapatilha do chinês. Salto de trampolim ! , Voleibol! (fomos os dois campeões escolares distritais por Maio de 1954 – era um rematador temível ) , Ginástica!, nomeadamente com aparelhos! Enfim! : era e é, uma Força da Natureza.
Entrou depois no Banco Português do Atlântico. Nele fez a sua Carreira. Até se retirar. Depois de se libertar, perdido e achado é no Brasil. Gandavida!...A Esposa, não o larga – vive todos os minutinhos para ele!.. Um encanto !
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Seomara da Costa Primo
Seomara da Costa Primo não foi directamente nossa professora, i.e. professora do nosso Liceu. No entanto, todos certamente recordam os livros de Ciências (Botânica, em especial) em que os seus textos e gravuras nos acompanharam e nos fazem recordar o seu nome. No momento era só isso; hoje, com os meios de informação de que dispomos, o seu papel e a sua luta pelo ensino e a evolução num meio especialmente difícil como era o de então merecer-nos-ão certamente uma atenção especial e apelarão para aspectos distintos da sua actividade, que naturalmente então desconhecíamos.
Patrono da Escola Secundária da Amadora que leva o seu nome (anterior Escola Secundária da Venteira), a sua biografia patente no portal da referida escola e subscrita por Guida Aguiar de Carvalho, é seguidamente reproduzida, com a devida vénia [1]:

Filha de Maria Luísa Buttuller e de Manuel da Costa Primo, nasceu em Lisboa, na freguesia do Socorro, no dia 10 de Novembro de 1895 e veio a falecer na Amadora, onde viveu cerca de meio século, no dia 2 de Abril de 1986.
Frequentou como aluna o liceu Passos Manuel, enquanto vivia com seu pai na Rua de S. João da Praça. Nesse liceu, terminou o Curso Complementar de Ciências em 1913, entrando de seguida na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa onde concluíu o Curso de Ciências Histórico-Naturais em 1919.
No decurso do ano lectivo de 1917-18 frequentou na Faculdade de Medicina as cadeiras de Histologia e Embriologia. Em 1942 defendeu a Tese de Doutoramento, tendo sido a primeira mulher a doutorar-se em Ciências, o que lhe valeu a divulgação do ocorrido na Imprensa quotidiana bem como o acesso à cátedra de Botânica na Faculdade de Ciências de Lisboa em 1943.
Foi como professora do Ensino Liceal - cargo que viria a acumular com a docência Universitária entre 1921 e 1942 - que desenvolveu intensa actividade tanto no campo científico e pedagógico como no associativo.
Tendo frequentado o Curso do Magistério Liceal, diplomou-se pela Escola Normal Superior e concluíu o Exame de Estado no ano de 1922. Leccionou no antigo Liceu Almeida Garrett e no seu sucessor, Maria Amália Vaz de Carvalho, tendo deixado nas suas alunas uma forte impressão abonatória, que ainda hoje é vivamente recordada.
Foi autora de diversos compêndios para o Ensino Liceal, de Botânica, de Biologia e de Zoologia -profusamente ilustrados com aguarelas e carvões executados por si- que acompanharam gerações de alunos do Ensino Liceal, entre os anos trinta e setenta. O seu gosto pelo desenho e pela pintura permite encontrar no seu espólio um número muito significativo de aguarelas, representando plantas e animais.
O nome de Seomara da Costa Primo surge também associado à Federação das Associações dos Professores dos Liceus Portugueses (cujos Estatutos foram aprovados em Maio de 1926), não só pelo facto de desde 1927, ter feito parte dos seus corpos gerentes, mas igualmente por ter apresentado diversas comunicações nos Congressos realizados pela associação.
Foi pela mão da Professora Seomara que o cinema educativo se estreou no Liceu Maria Amália, no dia 24 de Junho de 1929, com o filme "Chang", de que o suplemento de "O Século" (o "Cinéfilo") faz eco, ao publicar um extenso artigo de Seomara intitulado "«Chang», Uma lição no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho", onde, para além de uma história breve do Cinema, são salientadas as vantagens do cinema educativo como forma de aproximar os alunos da realidade.
No suplemento de "O Século", o "Modas & Bordados", dirigido por Maria Lamas, é revelado o interesse de Seomara relativamente à Cruz Vermelha Infantil, organização ligada à Sociedade das Nações, ao proferir, em Lisboa, no dia 25 de Junho de 1930, uma conferência sob o título "A educação e a cruz vermelha da mocidade".
Quanto à educação, Seomara pensava que: "A educação não consiste já na acumulação de noções por vezes demasiada, numa exagerada fase intelectual -conjunto de noções mal fixadas umas, mal interpretadas outras, por vezes mal usadas todas- consiste antes na preparação do indivíduo para a vida, visando aquela selecção e cultura das qualidades da raça, tornando-o apto a agir e a vencer no meio a que é destinado" (Primo, 1939). Mas, para além desta visão global da educação, também se pronuncia relativamente à necessidade de adopção de novos métodos de ensino - o que, aliás, o discurso curricular oficial irá propor, sem no entanto realizar - e tomando uma posição crítica relativamente aos programas do ensino liceal : "...transformação dos métodos de ensino em métodos activos, que tendem a favorecer a actividade pessoal da criança, procurando rodeá-la das mesmas condições que encontrará na vida, levando-a a resolver problemas em que é colocada, dentro das suas forças e da sua mentalidade, o que é certo é que também nos nossos programas muito pouco se cuida dos problemas da vida." (Primo, 1930).
Também a especificidade feminina foi objecto de referência, no que concerne ao papel da mulher na sociedade e à educação das raparigas: "Quanto mais esclarecida (...) for [a mulher], tanto mais elevará a sua missão de mãe. A cultura nunca fará mal às raparigas. Poderá resultar melhor até, porque é a mulher, de facto, quem exerce mais influência no espírito dos filhos. Fomentar, pois, a sua cultura, elevar a sua mentalidade, é pedra de toque de um país verdadeiramente civilizado" (Primo, 1943).
Seomara foi autora de inúmeros artigos de índole científica, publicados na imprensa da especialidade, bem como em órgãos de divulgação, tendo sido citada na imprensa estrangeira. Efectuou diversas viagens de estudo de âmbito científico e pedagógico, à França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Suiça.
Apesar de ter lutado pela dignificação da profissão docente e pelo estatuto da mulher na sociedade portuguesa e de ter veiculado esses princípios junto das pessoas que com ela conviveram, os seus últimos anos de vida foram passados com grandes dificuldades de subsistência.
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segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Aviso à navegação
Criado por antigos alunos do LAH como registo e preservação da memória e dirigido àqueles que por essa audiência passada, docente ou discente, se possam interessar, o presente blogue poderá admitir a crítica, mas não o insulto, e exclui certamente qualquer publicidade que em nada tenha a ver com o seu âmbito - sendo liminarmente removidos, como já foram, comentários que promovam qualquer dessas configurações.
Também não é orientação do "blogue", através de comentários anónimos ou sob pseudónimo, que se digam provir de actuais alunos ou de terceiros ou que insinuem interesses comerciais, imiscuir-se em aspectos concretos do actual funcionamento interno da comunidade lectiva ou ou do foro pessoal de qualquer dos seus membros.
Acolhem-se com o maior interesse todas as achegas, contributos e correcções que possam contribuir para a aclaração e enriquecimento da mesma memória que o presente "blogue" pretende celebrar.
Para qualquer dúvida ou comunicação "extra-postagem" sobre o "blogue" ou seu conteúdo, aconselhamos o uso do endereço electrónico a que está associado e que é, recordamos, o lah1954@gmail.com.
domingo, 14 de outubro de 2007
Cruz Malpique - 2
... pois é verdade! Vamos continuar.
Mensagem recebida, datada de 25 de Setembro p.p.:
O Dr. Manuel da Cruz Malpique, nasceu nesta vila (Nisa) em Setembro de 1902 e faleceu na cidade do Porto em Setembro de 1992, assinalando-se neste mês, 105 anos do seu nascimento e 15 anos do seu falecimento.
O Dr. Cruz Malpique é uma pessoa que me é querida, não apenas por ser (ter sido) meu conterrâneo. Por ocasião do centenário do seu nascimento (2002) editei, no jornal que dirijo (Jornal de Nisa) um Suplemento de 8 páginas inteiramente dedicado a este professor, pedagogo, escritor e cidadão de corpo inteiro, que deu pelo nome de Manuel da Cruz, como ele gostava de dizer.
Na net, por acaso, dei com o vosso blog e, abusivamente - reconheço e peço me perdoem - retirei alguns textos para publicação no blog do Jornal de Nisa. Sei que, tal como eu, e enquanto alunos do Prof. Cruz Malpique, a sua lembrança continua a cintilar, forte, nos vossos corações.
O que vos venho pedir é que colaborem, com textos, lembranças, memórias, o que quiserem, para mantermos viva a memória de Cruz Malpique. Por mim, prometo a publicação nos blogs que "alimento" e no Jornal de Nisa (edição em papel).
Fico à vossa inteira disposição, agradecendo desde já toda a colaboração que puderem dispensar-me.
Um abraço,
Mário Mendes
Sugiro uma visita a: http://jornaldenisa.blogspot
Caro Sr. Mário Mendes,
Peço desculpa da demora da resposta, que só a mim - e não ao conjunto dos detentores do blogue - deve ser imputada. Facto é que tive problemas de ordem informática e, no caso vertente, até um pouco ridículos: tendo de reformular a palavra-passe, inadvertidamente coloquei maiúsculas onde não devia e depois, como pode avaliar, não conseguia aceder ao correio. Ambos os assuntos, de conexão e de palavra-passe, estão solucionados.
Vamos pois ao assunto:
Havíamos já detectado a referência feita no seu blogue e só não foi publicada no nosso pelas referidas tais dificuldades. Sê-lo-á agora e certamente não verá inconveniente que seja acompanhada pela reprodução desta nossa correspondência electrónica. É que, como vamos ter proximamente (dia 20, em V.N. de Gaia), o nosso almoço de encontro, é uma oportunidade excelente para (a) transmitir a sua mensagem e solicitação à qual, estou certo, todos darão o que puderem e tiverem (Cruz Malpique bem o merece); (b) demonstrar a tal utilidade e valor que o "blogue" pode ter e favorecer assim mais intervenções e potenciais diálogos. Quanto ao facto de ter acedido a elementos por nós publicitados, nada temos a desculpar.
Certo pois de que, quanto ao apelo feito, vai ser dada a devida publicidade - quer no blogue quer por aprsentação em em lugar próprio - juntar uma breve informação, de conteudo que por certo já conhece mas que, por via das dúvidas ("quod abundat non nocet"), me permito referir:
Razões diversas e distintas têm-me levado a explorar de forma sistemática a imprensa periódica local de Arouca. Arouca é um concelho muito curioso, aparentemente próximo do Porto mas que, de há longos anos, se poderia considerar isolado entre montanhas - e a luta dos arouquenses por vias eficazes de comunicação assim o prova. É também a sede de um convento milenar e o berço de diversas personalidades influentes na vida política e religiosa deste País ao longo da sua história. Posso dizê-lo à vontade, até porque não sou de Arouca. Algumas dessas personalidades estiveram ligados ao ensino e, curiosamente, ao Liceu de Alexandre Herculano. No que a este particularmnete diz respeito (porque no ensino em geral teríamos pano para mangas) cito, em tempos recentes e sem desprimor de outros que me possam ter escapado, o Professor Alberto de Brito, que terá começado no LAH em data a investigar e que acabou os seu percurso académico como Professor Catedrático de Química na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (Química), e o D. Domingos de Pinho Brandão, eminente prelado, pensador, arqueólogo, historiador e tratadista de arte, que - como pode constatar do nosso blogue - foi nosso Professor ao tempo do Dr. Cruz Malpique. Talvez por convite próprio, talvez por referência deste (também colaborador e interessado na valorização cultural do mesmo periódico) o Dr. Cruz Malpique foi assíduo colunista do jornal de referência local, o "Defesa de Arouca" - jornal que ainda hoje se publica.
Sem poder precisar conteúdos e datas finais de cada série, até porque a matéria que pesquisava e pesquiso era objectivamente bem diferente e o aparecimento dos artigos do Dr. Cruz Malpique num semanário de Arouca foi, neste quadro, um inesperado achamento, informo que até à data do limite actual da minha pesquisa (fim de 1988) existiram três séries de artigos e comentários sempre certeiros e muito ao estilo do nosso saudoso professor (a última das quais mais limitada): "Chávenas de café quase amargo", iniciada no jornal de 12 de Março de 1960, "Arabescos em água corrente", iniciada (com fotografia do Autor) no jornal de 8 de Fevereiro de 1975, e "Quando a barlavento? Quando a sotavento?", no Jornal de 22 de Fevereiro de 1980). Existe a colecção completa deste jornal na Hemeroteca Municipal de Lisboa.
Ficando-me pois por agora e por este ponto e sempre ao dispor
a) LdS
a) no blogue "Jornal de Nisa" em http://jornaldenisa.blogspot
- mensagem de 25 de Setembro de 2007, sob o título "Manuel Alegre e Cruz Malpique", com referência á acção docente do prof, uma foto do prof. com a "malta" (i.e. connosco), o "en-tête" do "Prelúdio" e o poema dedicado ao prof. que o Manuel Alegre publicou no 1º número do nosso jornal
- mensagem de 28 de Agosto de 1997, sob o título "105 anos do Nascimento de Cruz Malpique", com uma nota sobre a efeméride, incluindo o texto publicado, quando da sua morte, pelo director de um dos muitos jornais locais com que colaborou, e duas fotos: uma delas um excelente e descontraído retrato com "panamá" e a outra quando da homenagem que lhe foi prestada por ex-alunos do Liceu Salvador Correia de Sá, de Luanda.
- mensagem de 30 de Maio de 2007, sob o título "A verdadeira arte de Malpiquizar (Biografia)" com biografia, bibliografia, fotos e notícia da aprovação, pela Câmara Municipal do Porto, em Novembro de 1992, da atribuição do nome de Cruz Malpique a uma rua na freguesia de Ramalde;
- Mensagem de 13 de Junho de 2007, sob o título "Nos signos da Leitura", com um texto do Professor e uma referência bibliogáfica (Paulo Samuel);
- Mensagem de 1 de Setembro de 2007, sob o título "Evocação de Cruz Malpique", com uma preciosa foto do professor com dois colegas, em 1919, todos vestidos a rigor, de capa e batina.
sábado, 13 de outubro de 2007
Cruz Malpique - 1
E ele aí vai, "blogue" no "blogue":
"2007-10-11
"A tecelã", poema de Mauro Mota [1]
.
A tecelã
Toca a sereia na fábrica,
e o apito como um chicote
bate na manhã nascente
e bate na tua cama
no sono da madrugada.
Ternuras da áspera lona
pelo corpo adolescente.
É o trabalho que te chama.
Às pressas tomas o banho,
tomas teu café com pão,
tomas teu lugar no bote
no cais do Capibaribe.
Deixas chorando na esteira
teu filho de mãe solteira.
Levas ao lado a marmita,
Contendo a mesma ração
Do meio de todo o dia,
a carne-seca e o feijão.
De tudo quanto ele pede
Dás só bom-dia ao patrão,
e recomeças a luta
na engrenagem da fiação.
Ai, tecelã sem memória,
de onde veio esse algodão?
Lembras o avô semeador,
com as sementes na mão,
e os cultivadores pais?
Perdidos na plantação
Ficaram teus ancestrais.
Plantaram muito. O algodão
nasceu também na cabeça,
cresceu no peito e na cara.
Dispersiva tecelã,
esse algodão quem colheu?
Tuas pequenas irmãs.
Deixando a infância colhida
e o suor infantil e o tempo
na roda da bolandeira
para fazer-te fiandeira.
Ai, tecelã perdulária,
esse algodão quem colheu?
Muito embora nada tenhas,
estás tecendo o que é teu.
Teces tecendo a ti mesma
na imensa maquinaria,
como se entrasses inteira
na boca do tear e desses
a cor do rosto e dos olhos
e teu sangue à estamparia.
Os fios dos teus cabelos
entrelaças nesses fios
e outros fios dolorosos
dos nervos de fibra longa.
Ó tecelã perdulária,
enroscas-te em tanta gente
com os ademanes ofídicos
da serpente multifária.
A multidão dos tecidos
exige-te esse tributo.
Para ti, nem sobra ao menos
Um pano preto de luto.
Vestes as moças da tua
idade e dos teus anseios,
mas livres da maldição
do teu salário mensal,
com o desconto compulsório,
com os infalíveis cortes
de uma teórica assistência,
que não chega na doença,
nem chega na tua morte.
Com essa policromia
de fazendas, todo dia,
iluminas os passeios,
brilhas nos corpos alheios.
E essas moças desconhecem
o teu sofrimento têxtil,
teu desespero fabril.
Teces os vestidos, teces
agasalhos e camisas,
os lenços especialmente
para adeus, choro e coriza.
Teces toalhas de mesa
e a tua mesa vazia.
Toca a sereia da fábrica,
e o apito como um chicote
bate neste fim de tarde,
bate no rosto da lua.
Vais de novo para o bote.
Navegam fome e cansaço
nas águas negras do rio.
Há muita gente na rua
parada no meio fio.
Nem liga importância à tua
Blusa rota de operária.
Vestes o Recife, e voltas
para casa, quase nua.
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[3] Devo o conhecimento deste poeta, através deste poema, ao meu saudoso professor no Liceu de Alexandre Herculano, do Porto, Dr. Cruz Malpique, por referência colhida num dos muitos escritos com que colaborou nos anos 60 e 70 no jornal "Defesa de Arouca". Por esse facto colocarei também esta mensagem no blogue LAH-1954.
Mas há mais...
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Encontrei-me com o Padre António Vieira na Rua de Santa Catarina !..., por Rui Abrunhosa
Trata-se este da recolha a partir da “Edição de Obras Escolhidas” ( Vols. X, XI, XII dos “Sermões” e VII da “História do Futuro”, na “Colecção de Clássicos Sá da Costa”, recolha dizia e cito o colector , de “algumas das passagens mais emblemáticas dos escritos de Vieira” e mais o cito quando afirma que “de facto, encontram-se nos sermões (de Vieira) “todas as grandes inquietações do Homem moderno, porque são inquietações do Homem de sempre”. Sermões que o próprio Vieira , “deseja - postula” (diz o Colector, Padre Correia Fernandes para citar o pregador) devam ser “ trovão do Céu que assombra e faça tremer o Mundo” e “um Raio para os Corações”.
Após jubilosos cumprimentos de estima e admiração (mútuas…), de quem já se não via há muito tempo, Vieira dá-me um pequenino e conivente cotovelão no meu braço e, piscando-me o olho, alagado de sorriso matreiro, aponta o dedo à contra capa e diz-me baixinho: Ora lê !… só este bocadinho!…
Fig 2 - Contra Capa de “Antologia e Aforismos”…
Li. Reli. Levantei os olhos, percorrendo-lhe a barba, até lhe pousarem nos dele, lá bem dentro, transportando um muito ténue sorriso, muito triste…
…Que abriu um silêncio, logo por ele interrompido: “não te vou maçar nem demorar agora, mas lê ainda, aqui comigo, estas quatro páginazinhas, da 37 à 40
Figs 3, 4, 5 e 6 – Sermão de Santo António, IV.
Li – devagarinho, para não perder pitada…
“Depois lês o resto, em casa”. Puxou-me pelo braço, para a rua. Já “escondidos na multidão” mostrou-me fotografias tiradas com telefone… ( o Vieira é, “na Verdade”, um Homem visceralmente actual ! … e actualizado! …) e, a certo passo ofereceu: “ olha mete estas 4 no vosso Blog . A malta do LHA sempre soube, muito bem, do que estamos a falar…
Fig.7 - Oito da manhã, Praça da Figueira, na Capital do Desimpério: 4 coisos emoldurados
27.04.2007
Fig. 8 - Oito e meia da manhã: Coiso encolhido num recanto
entre dois Grandiosos Bancos na Rua Julio Dinis, na Capital do Desimpério
Fig. 9 - Dez e meia da manhã: coiso fotofóbico
à entrada de Luxuoso Centro Comercial
no Bom Sucesso, na Invicta Cidade do Porto /Setembro 2007
Fig. 10 - Onze da manhã: pedaço de coiso nos degraus
da Força Aérea (Ministério da Defesa) - na Praça Velásquez,
também no Porto
Rui Abrunhosa
terça-feira, 2 de outubro de 2007
VISITEI PADRE ALEXANDRINO BROCHADO, por Rui Abrunhosa
Nessa tarde aconteceu-me uma fresta com vista para a Liberdade. Pisguei-me logo.
Fui à Capela das Almas (fig1) onde é Capelão, há mais de 50 anos. Ali vive também.
Fig. 1
Cinco minutos depois de me anunciar sou recebido no 1º andar, onde Pde. Brochado me espera, de pé, com a confiança reforçada numa bengala, dentro de uma sala, ampla, forrada de livros, com um recanto para acolher com conforto (fig2) e uma outra área para trabalhar (Fig.3).
Fig. 2
Fig. 3
Recordamos Pessoas, vivências, experiências, crescimentos, que o “Nosso LICEV” a todos proporcionou. E a ele, também, confessa, durante os 24 anos que ali laborou. Lembra tudo, lembra-se de tudo. Contou como e porquê saiu o Doutor Brandão e entrou o Padre Alexandrino Brochado. Haviam sido condiscípulos nos Seminários. Foram Ordenados lado a lado há 64 anos. Consultaram-se e partilharam, quase diariamente, (sic), ao longo da vida. Revelou - me estar a alguns quilómetros do Porto quando recebeu recado telefónico, urgente, de que o Senhor D. Domingos pressentira o termo da sua existência física e expressara o desejo de lhe falar imediatamente. Veio aflitamente esbaforido. Chegou, debruçou-se sobre o rosto de D. Domingos (quem sabe, imagino, pegando-lhe a mão) .Notou-lhe movimentos lentos nos lábios lentos, mas já não ouviu som…
Com os olhos longe – onde?! - o Padre Alexandrino disse-me que «todos os dias lembro D. Domingos e quase todos os dias me interrogo sobre o que me quereria dizer D. Domingos naquele último momento…!!...» (sic). Ficamos algum tempo num silêncio que só num lance de grandeza se sabe escutar. Conserva desde então, junto de si, modulando-lhe a atmosfera deste seu sítio de estar e trabalhar, a fotografia que D. Domingos lhe ofereceu autografada, feita, se não erro, a quando da sua Sagração. Pode ser discernida, ao lado do candeeiro, na Fig.2.
Perguntei-lhe depois, mais adiante se me autorizava a tudo isto contar neste blog. Que sim! Que «um blog pode ser sempre algo muito bom enquanto ocasião de partilha enriquecedora uns dos outros» - acrescentou.
Recapitulados aspectos outros, as suas décadas de trabalho na Caritas ( 57 anos), os azulejos em geral e os da Capela das Almas em particular (tem publicações onde explana o erudito conhecimento que tem destas matérias) ,a sua relação de muita estima, mútua, com o Dr. Malpique, por quem tinha profunda admiração…; levantou-se, entretanto, com esforço e, enquanto se dirigia para a sua mesa de trabalho, disse-me muito gostaria de me oferecer os seus dois últimos livros, um a sair agora - «Pontos de Vista» (que se lhe vê na mão na fig.2) e outro publicado há três anos - «Sintomas». Já sentado (fig. - 3) autografou-os. Não resisto e, pedindo ( “in pecto” ) ao Senhor Padre Brochado – com vénia – licença para o fazer, reproduzo a seguir, por digitalização, o «Ponto de Vista» nas páginas 88 e 89 (figs.- 5 e 6) .
Figs. 5 e 6
Enfim ! Gostei muito ! Padre Alexandrino Brochado : a singeleza, a simplicidade, a cultura, a doação, a humildade, a sabedoria, o caloroso carinho no Amor aos mais frágeis. “Lui meme”, no seu môlho. O “Bolachinha” (fig 4)
Saído da Capela das Almas subi um pouquinho a Rua de Santa Catarina e …! deparo – me, ali, no passeio, com o Padre António Vieira!!! ….., Eu depois conto…